Ideias para investir no processo de reabertura da China

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Créditos: Li Yang (Unsplash)

Para muitos, o repentino fim das restrições COVID na China criou oportunidades interessantes de investimento. Os cidadãos chineses já não estão, desde o dia 8 de janeiro de 2023, sujeitos a limitações de mobilidade. Desta maneira, volta a ser possível viajar tanto dentro do país como para o estrangeiro. Ao mesmo tempo, o Governo chinês está a adotar numerosas medidas de apoio para garantir uma rápida recuperação da economia. Isto, juntamente com uma valorização absoluta e relativa historicamente baixa da bolsa chinesa (o mercado onshore e offshore tiveram rentabilidades de -27,3% e -23,6%, respetivamente, as piores numa década), leva algumas gestoras a pensar que a China se encontra numa boa posição de partida.

Mas, onde estão as melhores oportunidades de investimento? A Goldman Sachs AM acredita que os fatores de crescimento a longo prazo, incluindo a inovação doméstica, consolidação, assimetria na informação e diversificação, permanecem intactos e até mais atrativos dado a resiliência dos lucros e dos múltiplos de valorização em comparação com as suas medidas históricas. “Além disso, o fluxo de investimentos internacional no mercado de ações classe A, continua forte apesar dos desafios, com fluxos de 12.000 milhões de dólares em 2022 e de 256.000 cumulativos desde 2014, indicando interesse e alocação por parte dos investidores”, sublinham. 

Setores vinculados ao consumo

De acordo com Frank Schwarz, gestor da MainFirst, as oportunidades interessantes podem ser ações de operadores turísticos, hotéis, restaurantes, fornecedores de lojas livres de impostos e, a partir de uma perspetiva europeia, marcas de artigos de luxo como a LVMH, Richemont ou L’Òréal. “Além do forte aumento dos volumes do lado da procura, há escassez de oferta. Este fenómeno também foi observado na Europa, com preços recorde em voos, hotéis ou aluguer de automóveis”, sublinha.

Antes da COVID, 31% da despesa em artigos de luxo vinha de cidadãos chineses. Devido às restrições de viagem, este número diminuiu, atualmente, para 19%. No entanto, a situação patrimonial dos chineses continuou a melhorar. Agora espera-se ver algumas despesas diferidas em viagens e outros artigos de luxo. No passado, os chineses gastavam aproximadamente metade dos seus gastos de luxo em viagens ao estrangeiro e a outra metade em viagens nacionais.

“Por um lado, uma mala Louis Vuitton é 30% mais barata em Paris do que em casa. Por outro, a experiência de a comprar em Paris ou de comprar um fato em Milão não deve ser subestimada, especialmente entre a geração das redes sociais. Os analistas preveem que as vendas mundiais do setor de luxo aumentem 5% este ano. Com uma recuperação do gasto na China, este número pode ser de 11%. Se algumas das viagens ao estrangeiro voltarem, será possível até um crescimento médio de 15% para as empresas de luxo”, calcula o especialista.

Hardware, software y semicondutores

Nicholas Yeo, responsável de Ações da China da abrdn, destaca cinco temas de investimento que acredita que o Governo irá apoiar em linha com as suas prioridades de depender mais do consumo interno e ser autossuficiente em hardware, software e semicondutores para facilitar a competitividade numa era de rivalidade estratégica com os Estados Unidos.

“Ambição: o aumento da riqueza da classe média irá impulsionar a procura de bens e serviços de primeira qualidade. Digital: alinhado com a melhoria da produtividade e a redução de custos para impulsionar a inovação e o crescimento. Verde: a China domina a capacidade mundial de produção de energias renováveis e armazenamento. Saúde: é necessário tornar os cuidados de saúde acessíveis dado o rápido envelhecimento da sociedade chinesa. Gestão da riqueza: em linha com o objetivo de se tornar uma sociedade moderadamente próspera em 2035”, explica.