IGCP conclui ano com leilão bem sucedido

O IGCP realizou ontem o último leilão da dívida do ano, elevando para 22 mil milhões o total emitido em dívida de curto prazo em 2012, numa operação considerada bem sucedida e que esteve em linha com as condições recentes do mercado secundário.

“Portugal colocou a totalidade do montante da dívida que pretendia, o que é sempre uma boa notícia, embora não se esperasse um desfecho diferente”, referiu Filipe Silva, responsável pelo mercado de dívida no Banco Carregosa, numa nota sobre o resultado do leilão.

No total foram emitidas três linhas de bilhetes do Tesouro (BT), para um montante indicativo de 1,75 mil milhões e dois mil milhões de euros; a três meses o valor foi de 300 milhões de euros e a procura de 5,1 vezes, a seis meses o valor de 500 milhões de euros e procura de 4,5 vezes, e a 18 meses o valor foi de 1,2 mil milhões de euros e a procura superior em 1,9 vezes.

“A procura foi muito sólida, principalmente nos prazos mais curtos, considerando-se um leilão bem sucedido”, afirmou Marisa Cabrita, gestora de activos da Orey Financial, à Funds People Portugal.

Quantas às taxas exigidas pelos investidores houve um agravamento em todos os prazos, especialmente a três meses, em que passou de 1,366% para 1,936%; a seis meses a taxa foi de 2,169% (1,840% no último leilão comparável) e a 18 meses de 2,99%, um aumento marginal face à anterior de 2,97%.

Filipe Silva sublinhou que o agravamento das taxas “acabou por não ser totalmente uma surpresa”. A subida verificada sobretudo nos prazos mais curtos, e quando comparada com os leilões de Outubro, está em linha “com a evolução dos preços no mercado secundário verificada no último mês”, destacando Marisa Cabrita que a última semana constitui uma excepção, sendo que “as ‘yields’ têm vindo a aliviar, depois de conhecida a avaliação positiva da Troika”.

Analisando as taxas exigidas no conjunto das três emissões, Ricardo Arroja, economista do grupo financeiro Pedro Arroja, refere que o leilão “resultou numa taxa média ponderada de 2,583%, ou seja, um valor inferior à taxa mediana de 3,350% conseguida ao longo do ano”. E conclui que, “apesar da subida recente das ‘yields’, os efeitos positivos decorrentes da normalização da curva de rendimentos da dívida pública portuguesa se mantém”.

No total de 2012, o Estado português emitiu dívida de curto prazo num montante global de 22 mil milhões de euros, adianta Ricardo Arroja.