IMGA: “A alteração das condições de mercado para um contexto de tendências menos vincadas tende a privilegiar a gestão ativa geradora de alfa”

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Para 2017, uma das palavras de ordem na mente da equipa da IM Gestão de Ativos é seguramente a prudência. “A ansiedade com o baixo nível de crescimento económico e a consequente adoção de políticas fiscais mais expansionistas numa fase adiantada do ciclo económico supõe, por um lado, maiores riscos de inflação e, por outro, o risco de um cenário de “boom & bust””, dizem da entidade. Esta fase madura do ciclo, acrescentam, pede um “posicionamento prudente”, visto que “as expectativas de rendibilidades são baixas face aos riscos incorridos”.

O cenário de reflação que se tem antecipado durante as últimas semanas, no que toca às classes de ativos, “favorece as ações e as obrigações high yield, em detrimento das obrigações governamentais e das corporate investment grade de taxa fixa”. Justificam, referindo que “o retorno esperado das obrigações governamentais é praticamente nulo ou eventualmente negativo devido à subida de taxas de juro que acompanhará o aumento da inflação, a reincorporação de um prémio de duração e, no caso europeu, da antecipação do fim do programa de compra de ativos do BCE, penalizando em particular os países periféricos”. No caso do segmento high yield – que veem com bons olhos - falam da proteção oferecida proveniente “de maiores cupões num contexto de estabilidade das taxas de incumprimento e, no caso dos EUA, da recuperação do sector energético decorrente da subida verificada nos preços da energia”.

Nova administração Trump: impulso?

A boa performance das ações, por sua vez, poderá ser justificada pelo benefício que tirarão “da recuperação do ritmo de crescimento de resultados, essencialmente em sectores associados a matérias-primas, e de alguma rotação de carteiras desfavorável a obrigações”.  Nos EUA, indicam da IMGA, esse benefício poderá ser exponenciado por causa das “políticas da nova Administração, favorável a uma redução da fiscalidade das empresas – favorecendo em particular empresas com vendas domésticas – e ao incentivo à repatriação de fundos parqueados no estrangeiro que poderão reforçar os buybacks (sem este efeito, os buybacks continuariam a perder importância, dada a generalização da prática e a dificuldade crescente em continuar a aumentar leverage para financiar os mesmos)”.

Referido o potencial de valor nas classes de ativos, da gestora não escondem que há vários riscos a monitorizar de perto no próximo ano: “o risco de adoção de medidas protecionistas que acabem por degenerar em guerras comerciais; o risco político e institucional na Europa decorrente do calendário eleitoral, com eleições nos principais países da U.E, e do enquadramento institucional inacabado da zona euro; os efeitos do Brexit; e as maiores dificuldades das autoridades chinesas em gerirem de forma harmoniosa a transformação da sua economia”. Deixam um conselho: “O nível elevado de risco sugere alocações preventivas a cash e o recurso a opções como parte de estratégias defensivas”.

EUA, Brasil e Rússia: na rota do crescimento

Ao nível económico, têm a expectativa de que em 2017 “a economia mundial deverá acelerar ¼ a ½ p.p. face ao ritmo de 3% que se espera para 2016”. Os drivers dessa performance são “a reaceleração da economia dos EUA para níveis de crescimento de 2%, ou mesmo ligeiramente acima”, bem como “a saída da recessão de alguns países emergentes, como o Brasil e a Rússia, beneficiando da recuperação dos preços das matérias-primas e da reversão de medidas de política económica restritivas”. Da China vislumbram a manutenção da “sua trajetória de desaceleração progressiva”, enquanto que “outras economias emergentes, endividadas e com balanças de transações correntes deficitárias, poderão sentir o impacto negativo de um dólar mais forte e de taxas de juro mais elevadas”. A Europa, por sua vez, continuará “a beneficiar de uma política monetária ainda acomodatícia e de uma política fiscal neutral, ambas favoráveis ao crescimento moderado da procura doméstica”. Por fim, as perspetivas sobre a economia nipónica: “o Japão deverá manter um ritmo de crescimento modesto e próximo do seu nível de crescimento potencial.”

Em termos de política monetária, anteveem “uma normalização progressiva das taxas de juro nos EUA, onde poderemos observar 2-3 aumentos sucessivos de taxas diretoras, em função da política fiscal a ser adotada e do seu possível impacto na inflação, com o mercado a descontar subidas mais significativas em 2018”. Do lado da Europa a incógnita persiste quanto ao “abandono progressivo do programa de compra de ativos”, “à medida que se confirmam sinais de redução do output gap na economia, afetando em particular o preço dos ativos alvo desse programa”.

Três fundos com a marca IMGA

Como proposta para enfrentar o ano que se avizinha, da IMGA mostram a sua confiança nos produtos de alocação. Falam da proposta de valor que representa “a consistência do IMGA Prestige Conservador (produto com selo Blockbuster e Consistente Funds People) para o investidor típico nacional que, não abdicando de rendibilidades superiores face aos produtos tradicionais, não quer incorrer demasiados riscos de perda de capital”. Numa visão mais de longo prazo, referem o IMGA Investimento PPR. “O financiamento da vida pós-carreira contributiva é um tema cada vez mais premente e que tem sido mais visível em função da crise e das dinâmicas demográficas. O IMGA Investimento PPR é também na sua essência um fundo de alocação e portanto encaixa naquilo que consideramos ser o mais apropriado para quem quer taxas de retorno consistentes”, reiteram. Por fim, e para preencher as necessidades dos investidores com perfis de risco mais arrojados, a IMGA fala de uma gama de fundos ibéricos que está prestes a nascer. A esse nível destacam o IMGA Iberia Equity, porque “a alteração de paradigma na condução da política fiscal sinalizada pela próxima administração Trump deverá conduzir a uma aceleração do crescimento económico que poderá contaminar positivamente os mercados periféricos, claros underperformers em 2016”.

Gestão passiva não tão apetecida como parece

Embora a indústria de gestão de ativos enfrente um “contexto desafiante a vários níveis”, com “a evolução dos ativos sob gestão a estar condicionada pelo fraco crescimento dos rendimentos e a pesada fiscalidade”, da gestora de ativos vislumbram oportunidades. “A combinação da tendência de desvinculação das entidades bancárias dos seus braços de gestão de ativos e a necessidade de obter massa crítica para concorrer num mercado onde a robotização do aconselhamento determina a concentração das recomendações e a volatilidade dos ativos sob gestão, podem constituir oportunidades interessantes para o desenvolvimento da indústria nacional”, afirmam. Embora estejam a assistir a uma “tendência geral de crescimento dos produtos de gestão passiva em Portugal, mais óbvia ao nível das carteiras institucionais”, acreditam que “a alteração das condições de mercado para um contexto de tendências menos vincadas tende a privilegiar a gestão ativa geradora de alfa face a produtos de gestão passiva”.

Outra das tendências por via da “necessidade de complementar os benefícios do sistema público de pensões” – e por causa da fiscalidade mais atrativa – poderá ser a “difusão mais alargada dos produtos de poupança reforma”.