“A necessidade de colmatar as lacunas de financiamento será uma realidade tanto para os fundos tradicionais como para os ETF”, preveem. No caso dos fundos tradicionais, a lacuna terá de ser colmatada pelo próprio fundo, o que pode dar lugar a infrações dos limites de endividamento dos fundos UCITS de 10% do valor líquido do fundo.
Mais uma vez, é difícil prever a magnitude do impacto, visto que não podemos antever os fluxos de entrada e saída dos fundos. Mas, para dar um exemplo, podemos pegar num fundo que siga o índice MSCI para todos os países, com 63% de exposição às ações dos EUA. Se se subscrever um fundo de mil milhões de euros, o fundo terá imediatamente um défice de 630 milhões, uma quantidade que terá de ser financiada para liquidar operações com valores dos EUA. Além disso, 43% dos fundos de ações da UE estão domiciliados em membros da EFAMA.
Como se pode ver no gráfico acima, os ETF também vão enfrentar um desajuste de financiamento. Mesmo que transfiram a sua liquidação do mercado primário para T+1, vai continuar a haver um desajuste com a liquidação com o investidor final. Embora a EFAMA também recorde que, no caso dos ETF, o défice de financiamento deverá ser resolvido pelos intermediários, ou seja, não haverá um incumprimento do limite de endividamento.
Mas isso significa que os intermediários autorizados (AP) irão incorrer em custos adicionais para gerir o desajuste quando estiverem curtos em liquidez ou longos em instrumentos de cobertura durante um dia em ETF dos EUA e mundiais. Por isso, a EFAMA prevê uma maior necessidade de os AP acederem a linhas de crédito ou estabelecerem descobertos.
Estes custos adicionais, que serão absorvidos pelos AP, podem repercutir-se no investidor final através de spreads mais elevados. “Do ponto de vista do aforrador ou do investidor de retalho, o desajuste de financiamento é lamentável, visto que aumenta o custo dos produtos”, comentam.
A associação vê claramente que o acesso ao financiamento será mais complicado para as gestoras de ativos mais pequenas. Além disso, as necessidades de financiamento são maiores quando a operação se dá numa sexta-feira ou antes de um feriado na jurisdição correspondente.
Por conseguinte, a EFAMA apela a uma isenção do limite de endividamento de 10% do valor líquido do fundo quando o incumprimento for causado por um desajuste na liquidação e que o BCE tenha em consideração a liquidez no mercado, bem como as condições que conduzem à disponibilidade de liquidez, dado que as gestoras de ativos não possuem linhas de financiamento comprometidas.
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