Inflação deixa de ser a principal preocupação dos family offices: o que as inquieta agora?

família, poupança
Créditos: Daiga Ellaby (Unsplash)

A Citi Banca Privada publicou as conclusões do seu estudo sobre family offices a nível global, correspondentes ao seu 2024 Family Office Survey. O inquérito contou com as respostas de um total de 338 family offices de todas as regiões do mundo, número recorde desde que a entidade realiza este inquérito, e retira conclusões muito interessantes.

Uma dessas conclusões refere-se aos riscos que os family offices mais têm tido em conta a nível global, e é surpreendente a inflação já não ser a principal preocupação. De facto, segundo explicam na entidade, pela primeira vez desde 2021, a inflação não foi a principal preocupação a curto prazo dos inquiridos em relação à economia e aos mercados financeiros.

Por sua vez, o risco que colocam em primeiro lugar refere-se às perspetivas das taxas de juro, a principal preocupação de mais de metade dos inquiridos, seguidas das relações entre os EUA e a China e a sobrevalorização dos mercados. A preocupação com o conflito no Médio Oriente e a África do Norte é agora mais preocupante do que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

No inquérito também se perguntou sobre as motivações dos family offices no momento de gerir os patrimónios dos seus clientes. Os resultados mostram que a preservação do valor dos ativos era a principal preocupação das famílias, seguida de perto pela preparação da geração seguinte para poder ser proprietária responsável do seu património.

Perspetivas a 12 meses

Quanto ao posicionamento atual destes family offices de grandes patrimónios, segundo os dados da Citi Banca Privada, ao longo deste ano, deu-se uma mudança na alocação das carteiras, aumentando o posicionamento em mercados cotados. Em concreto, o peso das ações públicas e das obrigações passaram de 22% para 28% e de 16% para 18%, respetivamente, enquanto a alocação a private equity desceu de 22% para 17%, o que pode ter sido acentuado pelo facto de as valorizações terem demorado mais tempo a ajustar-se para cima em comparação com as das ações públicas. A exposição à liquidez mantém-se inalterada, em 12%.

Por regiões, a América do Norte é a geografia a que têm mais exposição (60%), seguida da Europa (16%) e Ásia-Pacífico ex. China (12%). As alocações à China reduziram para quase metade desde o ano passado, de 8% para de 5%, devido aos contínuos desafios económicos do país e à inquietação dos mercados.

No entanto, o panorama muda quando a pergunta é sobre o tipo de ativo que tem a maior probabilidade de revalorização face aos próximos 12 meses. O ativo com que os family offices se mostram mais otimistas é o investimento em private equity direto (47%) e através de fundos (41%), bem como as ações mundiais de países desenvolvidos (39%). O setor imobiliário continua a beneficiar também de boas perspetivas por parte destes profissionais, visto que 37% dos inquiridos se mostra otimista em relação à sua evolução para os próximos meses.