Investidores procuram refúgio em fundos verdes

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Costuma dizer-se que tudo está bem quando acaba bem. Fevereiro foi precisamente o inverso disso. Começou forte e deu alento aos mercados, mas o fator coronavírus fez com que fevereiro apresentasse dois comportamentos completamente opostos. Como indica Bruno Pinhão, Gestor de Produto - Investimentos do ActivoBank, “na primeira quinzena do mês o sentimento foi de otimismo onde alguns índices norte-americanos e europeus renovaram máximos, suportados por uma earning-season robusta e acima do esperado, bem como por bons dados macroeconómicos”.

Tudo estava bem até à segunda metade de fevereiro. Esta quinzena ficou marcada por aquilo que o profissional apelida de “queda rápida e agressiva do mercado” que arrastou as bolsas para terreno negativo. “O S&P500 apresentou uma queda de 10%, que historicamente compara com a bolha das Dot-Com em 2000. Esta queda aconteceu em poucos dias tendo mesmo um dos dias sido apelidada de Bloody Monday”. Com as quedas de 5% a 10% registadas pelos principais índices financeiros comparáveis à crise financeira de 2008, o mês não podia acabar de pior forma.

“O mês de fevereiro começou bastante forte em termos de valorizações atraindo expressivos inflows. Ainda que a última semana de fevereiro tenha sido desastrosa para os mercados acionistas, o mês foi de net inflow”, analisa Tiago Gaspar, Responsável pela Análise e Seleção de fundos do Banco Carregosa. O profissional explica que em fevereiro o top 10 de fundos é composto tanto pela classe acionista como obrigacionista havendo uma preferência por investment grade no caso das obrigações e por quality no caso das ações”.

Porém, como refere Rui Castro Pacheco, diretor-adjunto do Banco Best, “ainda que tenhamos assistido a um mês de correções o top dos fundos mais subscritos foi totalmente dominado por oito fundos de ações e dois fundos mistos”. Aos suspeitos do costume, como o Acatis Gané Value Event, o BlackRock World Technology ou o MFS European Value, que semana após semana se mantêm entre os mais subscritos e que estão entre as estratégias preferidas dos investidores em 2019, juntaram-se estratégias como o BlackRock SF Managed Index Portfolios Moderate. Na gestão deste produto “a equipa da BlackRock traça o assset allocation que melhor se adequa à sua visão dos mercados e investe cada linha desse asset allocation via ETFs para obter um custo de investimento mais eficiente”, explica o profissional.

Do lado dos clientes do ActivoBank, Bruno Pinhão, revela que “optaram por subscrever fundos com estratégias de cariz mais conservador sobretudo obrigações europeias, com quatro fundos entre os mais subscritos”. Além disso, registaram procura num “fundo de ações exposto ao consumo básico, o sector mais defensivo”, comenta.

Aposta na sustentabilidade

A aposta nos chamados “fundos verdes” tem sido uma constante nos últimos anos, porém, nem sempre é frequente a presença de vários fundos deste género entre os mais subscritos. Em fevereiro, os clientes do ActivoBank e do Banco Best apostaram em quatro produtos de investimento sustentável, dois dos quais da Pictet AM.

“Nas preferências dos investidores estiveram dois fundos de sustentabilidade, motivo indiciador da seleção de critérios de longo prazo como fator de investimento, tendo a queda do mercado sido vista como um bom momento para entrada”, conta Bruno Pinhão.

Na mesma linha, os investidores do Banco Best optaram pelo Pictet Water e pelo Nordea Global Climate and Environment que como indica Rui Castro Pacheco fazem parte de um leque no qual têm registado alguma procura motivada pela grande tendência que têm visto no mercado ligada à sustentabilidade.

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