Na J.P. Morgan AM está claro de que se chegou ao momento de subir vários degraus na escala do risco. "Em obrigações vamos assistir a níveis de rendibilidade muito discretos nos próximos anos", assegura Manuel Arroyo, director de estratégia para Portugal e Espanha da J.P. Morgan AM, que acredita que as diferentes medidas adoptadas pelos bancos centrais estão a levar os investidores a investir em activos de maior risco, como obrigações corporativas ou acções.
Perante o baixo valor que tem actualmente a dívida pública, na gestora consideram que as empresas vão continuar a crescer, apesar desse crescimento ser mais pelo lado das receitas do que das margens, o que fará com que seja mais ajustado mas mais saudável. "As obrigações 'corporate' são mais atractivas, porque têm fundamentais sólidos e taxas de 'default' historicamente baixas", diz. Dentro do crédito, a preferência vai para 'high yield', nessa lógica de subida do risco.
E num outro escalão estaria o investimento em acções, que apresenta valorizações "muito atractivas", afirma Arroyo. Por exemplo, nos Estados Unidos o PER histórico dos últimos 30 anos é de 15,7 vezes e actualmente é de 13 vezes, ou seja, a bolsa é um activo atractivo tanto em valor relativo como absoluto. Para além disso os investidores tanto institucionais como o cliente final estão muito subponderados nesta classe de activos, pelo que Manuel Arroyo acredita que estes activos também serão beneficiado com a chegada de novos fluxos nos próximos meses. Na gestora estão longos em Estados Unidos, Europa e Japão e, estão curtos em emergentes, não porque tenham uma visão negativa sobre estes mercados mas porque encontram melhores oportunidades nos outros.
De um ponto de vista macro-económico, Arroyo prevê que ocorra um grande ajuste do défice por parte de várias economias, o que terá impacto no seu crescimento, que será limitado.
Para Estados Unidos assinala que, apesar das taxas de crescimento estarem abaixo da media histórica, ainda assim estão a crescer pelo décimo terceiro trimestre consecutivo e acredita que esta tendência continuara com crescimentos aproximados aos 2%. Considera que vai haver um acordo relativamente ao 'fiscal cliff' pelo que se conseguira suavizar o procedimentos ajuste necessário na economia do país. E que já se tocou no fundo em termos de mercado imobiliário, esperando-se que comece a recuperação paulatina nos próximos meses.
Na Europa, considera que "as medidas anunciados há algumas semanas pelo BCE alteraram as regras do jogo, apesar do problema continuar a ser o facto da Europa viver em recessão". Assim, sublinha, "prevejo que até meados de 2013 se assistirão a taxas negativas de crescimento. França é um dos países que mais nos preocupa dentro da União Europeia, apesar de a baixa de 'rating' anunciada pela Moody's já estar descontada pelos mercados. Relativamente a Espanha valoriza positivamente as medidas tomadas e a gestora aumentou o seu investimento tanto em acções como em obrigações espanholas. "Foram reformas adequadas e na direcção adequada", diz Arroyo. Considera que se Espanha chega a pedir o resgate haverá mais visibilidade nos mercados já que "no momento em que Espanha deixe claro a sua posição relativamente ao resgate, eliminar-se-á o grau de incerteza que existe actualmente no mercado".
Por último, Arroyo aponta que os mercados emergentes estão a verificar o desgaste da economia global, já que não estão completamente descorrelacionados apesar de alguns estarem muitos fortes, como Brasil, que acredita que voltará a taxas de crescimento aproximadas aos 4%. Pensa que na China há margem para tomar mais medidas, mas não pensa que seja necessário recorrer a elas. Salienta, ainda, que pouco a pouco, o PIB chinês se está a equilibrar mais entre investimento, consumo e exportações.