Muito se fala em IA e no que esta representa para a gestão de ativos. Mas será que investir em IA significa tirar apenas partido das empresas do setor tecnológico? Saiba porque o gestor do Allianz Global Artificial Intelligence considera que não.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Há quem defenda que a inteligência artificial (IA) representa uma mudança de paradigma na sociedade, outros, por seu lado, defendem que se estarão a pôr demasiadas expetativas em torno dela. O que é certo é que, independentemente do entendimento face à sua relevância, aos seus limites e ao seu potencial, este é um tema que está, atualmente, no centro das atenções. Assim o afirma, também, James Chen, gestor do Allianz Global Artificial Intelligence, num evento recente, em Lisboa, que juntou profissionais da gestão de ativos nacional.
James Chen começa por contar que a estratégia da Allianz GI focada em IA remonta a 2016, no Japão, com a expansão para a Europa e outras regiões da Ásia no ano seguinte. Esta “revolução da IA”, como ele a descreve, está apenas no início, diz, “e focada na criação de infraestruturas necessárias, como semicondutores e sistemas de rede. Empresas como NVIDIA, Microsoft e Google lideram essa transformação”. Isto, porque, “ao contrário de ciclos tecnológicos anteriores, que foram impulsionados por startups, esta primeira fase da IA está a ser liderada pelas maiores empresas globais”. Tal se deverá ao alto custo que a construção das infraestruturas necessárias representa.
Há mais IA para além do setor tecnológico
Na perspetiva de James Chen esta é uma subida longe de atingir o pico. “Há muitas aplicações de IA ainda em desenvolvimento, especialmente no que respeita à IA generativa, que será explorada comercialmente a partir de 2025”. O gestor prevê que este sistema avançado de inteligência artificial venha a permitir “uma maior transformação, nos próximos anos, em vários setores onde a IA está já a ser aplicada”. Refere-se ao setor agrícola, energético, de matérias-primas e de publicidade.
Nesse sentido, o Allianz Global Artificial Intelligence, fundo com Rating FundsPeople 2024 em Portugal, Espanha e Itália, pelo pilar blockbuster, diferencia-se porque, “ao contrário de outros fundos com foco em inteligência artificial, este também investe em empresas fora do setor tecnológico”. Sem depreciar o papel determinante que esse setor tem nesta “revolução”, chama atenção para o comportamento mais recente do mercado de ações tecnológicas, liderado pelas sete magnificas, “que mostrou mudanças significativas nos últimos meses, com apenas a NVIDIA e a Meta a manterem-se firmes”. “A tecnologia no terceiro trimestre de 2023 teve um desempenho inferior ao mercado de ações como um todo”, atesta.
Assim, o propósito também passa por investir em empresas cujo foco está em utilizar a IA para melhorar a eficiência operacional. “Um bom exemplo disso é a John Deere”, refere. É que a abordagem de investimento deste fundo da Allianz GI visa cobrir toda a cadeia de valor da IA, desde as infraestruturas, (semiconductores, redes) às aplicações (software), até às indústrias que a aplicam (agricultura, energia, publicidade), “o que resulta numa sobreposição de apenas 26% com outros fundos concorrentes”, revela o gestor. Dito de outra forma, o profissional explica que “74% da carteira é única quando comparada com a maioria dos fundos da mesma categoria”.
Essa estratégia ajuda a explicar porque é que num fundo focado em inteligência artificial, nomes como a Morgan Stanley ou a Tesla aparecem nas 10 primeiras posições. Com base no que foi dito anteriormente, o gestor justifica oportunamente a posição quer de uma, quer de outra. “A Morgan Stanley tem-se focado em usar IA para aumentar a produtividade dos seus assessores financeiros, permitindo-lhes acesso a informações de forma mais rápida, o que poderá melhorar as suas vendas”. A Tesla, por sua vez, viu aumentada a sua exposição na carteira no início de 2023 “devido ao lançamento esperado do Model 2 em 2025 e do RoboTaxi, ainda em desenvolvimento”.
Os desafios
Na visão de James Chen, um dos principais desafios enfrentados pelas empresas de inteligência artificial reside no descompasso entre o crescimento das empresas de hardware e de software. Como o gestor descreve, “as empresas de hardware, que são responsáveis por construir as infraestruturas de IA, estão a crescer rapidamente”. James Chen não tem dúvidas de que este segmento é visto como um dos poucos dentro do setor da tecnologia que continuará robusto, e acredita também, que, em 2025, os setores impulsionados pela IA começarão a mostrar maior participação e crescimento. Em contraste, “as de software enfrentam mais dificuldades, pois nem todas têm o mesmo nível de sucesso, resultando numa falta de uniformidade no crescimento”, conclui.