Jie Song (UBS AM): “Para jogar com a reabertura da China não basta ter marcas de luxo, é preciso exposição a empresas locais”

Jie_Song UBS-AM
Jie Song. Créditos: Cedida (UBS AM).

As ações da China estão a preparar-se para o seu retorno estelar. Após quase dois anos de correção, desde novembro as ações chinesas experimentaram o seu rally, com aumentos de dois dígitos no MSCI China. E na opinião de Jie Song, especialista em investimentos da equipa de gestão do UBS (Lux) Equity Fund - China Opportunity, vimos apenas a primeira fase da recuperação.

Porque, como indica, os dois grandes ventos contrários que mantiveram a economia e o seu mercado sob pressão nos últimos anos desapareceram. As políticas rígidas de zero covid foram suspensas, o que teve um efeito no sentimento do consumidor. E as mudanças regulatórias implementadas em determinados setores (como o imobiliário ou a tecnologia) foram mesmo revertidas.

Um exemplo citado por Song é o imobiliário. No ano passado, o setor passou por um período de grande incerteza. O governo queria desfazer a alavancagem excessiva e retirou o seu apoio. Agora, esses excessos foram corrigidos, diz Song, e o desenvolvimento imobiliário está de volta à estrada. Um movimento semelhante ocorreu no setor de tecnologia, onde os lançamentos de jogos online estão a ser reativados. E é que no centro do discurso do governo chinês está a recuperação económica do país.

Foco numa recuperação racional

Existe o risco de que essa reabertura em breve dê lugar à euforia nos gastos, como já vimos nas outras economias desenvolvidas? Ou seja, veremos uma segunda rodada de pressão inflacionária? É certamente um risco no qual a equipa da UBS AM está de olho, reconhece Song. Mas, até agora, não detetaram motivos para preocupação. Na sua opinião, a reabertura da China surge num momento muito diferente da Europa ou dos Estados Unidos. As restrições da cadeia de fornecimento também foram flexibilizadas, aliviando a pressão do lado da oferta, não importa o quanto a procura aumente.

Além disso, o especialista considera que o governo chinês está bem ciente dos riscos de estimular demasiado a economia. Aprendeu com os erros dos Estados Unidos e da Europa. Por exemplo, a recente realização de mais-valias no mercado de ações chinês deve-se ao facto de o mercado esperar mais estímulos orçamentais da sua parte. “O governo chinês está a ser cauteloso porque a recuperação económica já está a correr melhor do que o esperado”, afirma Song.

No entanto, a reabertura do país injetou nova vida no consumo chinês.  Vemos isso nos dados de gastos, por exemplos nas idas ao cinema ou nos números recorde nos voos locais, mas também dos internacionais vindos do país. Portanto, não será um fenómeno local. Outros países asiáticos também estão bem posicionados para capturar esse retorno no consumo, afirma Song.

Posicionamento do UBS (Lux) - China Opportunity

Neste cenário otimista, o UBS (Lux) Equity Fund – China Opportunity está posicionado para capturar essa recuperação. O fundo, que tem Rating FundsPeople 2023, procura líderes em cada indústria e os próximos líderes nos principais setores de crescimento secular cedo. A equipa de gestão, liderada por Bin Shi, procura crescimento e compra as ações dessas empresas com uma avaliação atrativa antes que sejam amplamente descobertas pela comunidade investidora.  Além disso, Bin Shi adota uma abordagem agnóstica ao índice de referência e a carteira pode ter um desvio significativo do benchmark.

Na prática, isso está-se a traduzir numa sobreponderação nos setores financeiro, imobiliário e da saúde. “Para jogar com a reabertura da China não basta ter marcas de luxo, é preciso exposição a empresas locais”, insiste Song.

No caso do setor financeiro, não são bancos estatais. Pelo contrário, são players de média dimensão, especializados no cliente de retalho, com forte exposição à recuperação económica. São também seguradoras, beneficiando do envelhecimento da população, tal como o setor da saúde.

Quanto ao imobiliário, é uma posição puramente baseada na avaliação.  A equipa de gestão viu uma oportunidade, após a punição generalizada do setor, de entrar nos negócios de balanço mais fortes e cuidadosos, bem como nas empresas de gestão imobiliária, que não tinham alavancagem.