Numa recente entrevista com a FundsPeople, o codiretor de Gestão Temática de Ações Mundiais da Candriam partilhou as suas perspetivas sobre o mercado tecnológico e os pontos fundamentais sobre a gestão de fundos temáticos.
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A inovação e a tecnologia estão a revolucionar todos os setores, criando novas oportunidades de investimento e transformando a economia global. Daí a relevância de um fundo como o da Candriam, gerido por Johan Van Der Biest, o Candriam Equities Robotics & Innovative Technology, que procura e investe em empresas de todo o mundo consideradas as principais beneficiárias das inovações tecnológicas e da robótica, como a inteligência artificial, a automatização ou a realidade virtual, através de um número limitado e de elevada convicção de posições.
Johan também sublinha que os investimentos temáticos centram-se em tendências a longo prazo que podem gerar um valor significativo. Estas tendências incluem mudanças demográficas, avanços tecnológicos e desafios ambientais.
Valorização de empresas tecnológicas
Numa entrevista com a FundsPeople, o gestor começou por abordar a valorização do setor. Neste sentido, assinala que “as empresas de semicondutores analógicos não estão sobrevalorizadas como algumas empresas de software parecem estar devido às expetativas de contribuições de produtos de IA”. Embora muitas empresas de software estejam a lançar produtos de IA, Van Der Biest observa que é difícil prever como vão monetizar estes produtos de forma efetiva. O gestor considera que “a camada de hardware para a IA é a mais óbvia para investir”.
Por outro lado, o gestor menciona a Nvidia, uma das suas maiores posições no fundo. Comenta que “a Nvidia é subestimada tanto quanto ao seu crescimento de receitas como à sua diversificação em diferentes mercados. Esta diversificação permite a Nvidia não depender unicamente dos chips GPU, mas sim explorar também novas oportunidades de crescimento, como a conexão de centros de dados e a automobilidade”.
Impacto da IA no consumo de energia
Quanto aos centros de dados em particular, comentou o elevado consumo de eletricidade e também a polémica que existe à volta deste assunto devido ao aquecimento que geram. Johan mencionou que “o consumo de eletricidade para arrefecer centros de dados é um tema ESG importante”.
Alguns dos hyperscalers poderão ter dificuldades em cumprir os seus compromissos de emissões de CO₂ devido aos seus investimentos em IA. Dado que a refrigeração é uma grande parte do consumo total de eletricidade dos centros de dados, a Candriam está a investir ativamente em empresas ativas nesta área.
Uma das áreas de interesse para a gestora franco-belga é a investigação de tecnologias de arrefecimento líquido para centros de dados. Johan Van Der Biest explicou que “tradicionalmente, estes centros de dados são arrefecidos através do ar, mas vemos cada vez mais arrefecimento líquido, o que significa que fluem água ou outros fluidos através dos racks”. Esta tecnologia é mais eficiente e consome menos energia.
O que esperar do Candriam Equities Robotics & Innovative Technology
O Candriam Equities Robotics & Innovative Technology supera constantemente o seu benchmark (MSCI World) a um, três e cinco anos, com uma carteira concentrada em 42 posições e um total de ativos que ronda os 2.000 milhões de dólares. O gestor destaca os seguintes fatores que distinguem o seu fundo da concorrência:
- Colaboração de um Conselho Consultivo de Especialistas: composto por académicos e especialistas líderes no campo da robótica e da tecnologia inovadora. Estes especialistas partilham conhecimentos de alto nível sobre avanços tecnológicos e proporcionam consultoria em questões de investigação, ajudando a gerar ideias de investimento.
- Geração de ideias de investimento: o Conselho Consultivo, ao estar a par dos últimos desenvolvimentos, identifica empresas e tecnologias com elevado potencial de crescimento, permitindo que a Candriam capitalize oportunidades antes de outros investidores.
- Abordagem temática rigorosa: pelo menos 30% das receitas de uma empresa em carteira deve derivar de subtemas de robótica e novas tecnologias, embora geralmente ultrapassem os 70%, com um viés para empresas de elevada capitalização em bolsa apoiado por um processo de investimento disciplinado e granular que vai para além das definições setoriais tradicionais. Isto permite identificar oportunidades em toda a cadeia de valor de um tema específico.
- Avaliação de riscos e oportunidades: integração de fatores ESG no processo de investimento, uma parte essencial da estratégia da Candriam.
Benefícios do investimento temático
Segundo Johan Van Der Biest, “as estratégias temáticas podem proporcionar exposição diversificada a uma gama de temas transformadores oportunos, o que faz de um processo sistemático o futuro do investimento temático”.
A gestão de fundos temáticos requer uma adaptação constante às condições em mudança do mercado e às novas oportunidades. Johan menciona que “a natureza dinâmica dos temas requer a monitorização contínua do impacto de várias tendências a longo e curto e de como interagem”.
O gestor explica que “na Candriam, utilizamos um processo disciplinado bottom-up, centrando-nos em empresas com elevada rentabilidade a longo prazo e uma forte vantagem competitiva”.
O fundo é Artigo 8 de acordo com a regulamentação SFDR, no qual incorpora fatores ESG no seu processo de valorização de empresas. Van Der Biest destaca que “os fatores ESG estão integrados em cada passo do nosso quadro de análise fundamental de ações”. Isto garante que os investimentos são não só rentáveis como também sustentáveis.