O gestor do M&G (Lux) Global Sustain Paris Aligned acredita que, apesar de ser um fundo de elevada convicção, a sua diversificação por setor, geografia e, sobretudo, estilo foi a razão pela qual não sofreu tanto quando houve mudanças bruscas de estilo no mercado.
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Renomeado em 2021, o M&G (Lux) Global Sustain Paris Aligned foi um dos primeiros fundos a referir o Acordo de Paris na sua abordagem, mas o histórico deste fundo remonta, na verdade, a décadas atrás. O gérmen da sua filosofia de investimento nasceu em 2004. John William Olsen, 20 anos mais jovem, sentado nos escritórios da Danske Capital em Copenhaga, procurava uma forma de se distinguir do resto da indústria da gestão de ativos. “Sabia que, para sobreviver profissionalmente, tinha de ser capaz de gerar resultados melhores do que o índice e fazê-lo de forma consistente”, conta.
A conclusão a que chegou foi que os mercados, mesmo entre os investidores profissionais, tinham uma visão a demasiado curto prazo. “Tínhamos (e temos) um foco de um ano, mas porque os nossos clientes também pensam neste quadro temporal. Sabia claramente que, se pudesse ter um horizonte temporal de dez anos, seria capaz de gerar valor face ao índice”, afirma.
Mas o que permite um gestor formar uma convicção numa empresa durante dez anos? Na opinião de John William, há dois fatores fundamentais, e são ambos igualmente importantes. Por um lado está o stock picking, a seleção das empresas. Num fundo em que, em média, apenas duas empresas entram para a carteira por ano, trabalha um exército de nove analistas dedicados.
A análise fundamental do fundo baseia-se na formulação de possíveis cenários. “Não pretendemos prever onde estará uma empresa daqui a dez anos, mas o mero exercício de tentarmos pensar em tudo o que pode correr bem ou mal e efetuarmos esse estudo a fundo de um negócio é o que nos permite criar a nossa convicção”, explica.
A importância da gestão do risco
O segundo fator fundamental, que Olsen considera ser o que o distingue da média da indústria, é o peso que a gestão de risco tem. “De facto, o equilíbrio do risco adequado a longo prazo acaba por ser um contribuidor fundamental para a rentabilidade total do fundo”, insiste. Apesar de ser um fundo de elevada convicção, com apenas 33 nomes em carteira, o gestor mede cuidadosamente o peso que aloca a cada título, assegurando ativamente que há uma diversificação por setor, geografia e, sobretudo, estilo.
“Esta é a razão pela qual não sofremos tanto quando há mudanças bruscas de estilo no mercado. Quando ocorrem essas grandes reviravoltas do growth para o value e vice-versa”, explica. “É um equilíbrio entre não construir uma carteira com base no que está a funcionar num ano e ser reativo ao que o consenso de mercado nos está a tentar dizer”.
Ao contrário de outros fundos de elevada convicção, o peso é alocado com base no risco compreendido e não pela força da tese de investimento. Assim, a carteira do M&G (Lux) Global Sustain Paris Aligned pode ser dividido em dois grupos. Um contém as empresas que a equipa gestora denomina como tendo elevada qualidade e retornos estáveis. São títulos tipicamente maiores, negócios sólidos e com um grande histórico, como a Microsoft, novo Nordisk, Adove. Costumam representar entre 3% e 5% da carteira.
Consistência e diversificação
O segundo grupo é mais oportunista. Também são nomes de qualidade, mas onde o gestor vê menos previsibilidade. Estas empresas pesam entre 1,5% e 3%. “Sei que, com este peso, embora uma empresa suba apenas 30%, vai implicar 2% de rentabilidade para o fundo, mas não preciso de mais para gerar um perfil de risco/retorno sólido a longo prazo. E, além disso, protejo-me do risco de descida”, defende.
Este foco na consistência e na diversificação continua a ser apreciado atualmente, mesmo depois de incorporar um critério mais focado na descarbonização. De facto, explica que, apesar de, desde 2021, ter uma abordagem de sustentabilidade mais explícita no seu mandato, não foi arrastado pela correção generalizada que a maior parte dos fundos sustentáveis experienciaram.
Um fundo sustentável distinto
Olhando para as principais posições do M&G (Lux) Global Sustain Paris Aligned (Microsoft, Novo Nordisk, Alphabet, United Health…), torna-se claro que não se trata de um fundo ESG típico. “Não somos um fundo temático”, explica. A sua abordagem baseia-se mais na seleção de empresas cujos produtos e serviços fazem parte da solução, embora atualmente não representem a maioria dos lucros que gera para a empresa. De facto, até este ano, não tinham entrado empresas de energias renováveis na carteira.
Então, onde entra o Acordo de Paris? Para o gestor, a chave está no engagement com as empresas. A equipa executa um plano de engagement com absolutamente todos os nomes em carteira com o objetivo de alcançar uma descarbonização e transição para o objetivo de zero emissões líquidas título a título. Assim, 74% das empresas em carteira têm um Science Based Target (objetivo de descarbonização baseado na ciência) comprometido.