Embora o cenário base do diretor de Investimentos de Ações da Neuberger Berman para o longo prazo seja positivo, este reconhece os desafios a médio prazo que impedem que o caminho esteja completamente definido.
A passagem de Joseph V. Amato pela Península Ibérica foi um momento delicado para o investidor. Estímulos monetários e fiscais na China, crise geopolítica no Médio Oriente, um novo ciclo monetário dos EUA e na Europa… São muitas frentes abertas que, embora as perspetivas para o longo prazo do presidente da Neuberger Berman Group LLC e diretor de Investimentos de Ações sejam positivas, o levam a compreender por que os fluxos para ativos de risco só se estão a reativar pouco a pouco.
“Não há dúvida de que o novo ciclo monetário começou. E, por isso, temos visto clientes a pensar sobre como pôr o seu dinheiro a trabalhar. Acrescentando mais duração? Subindo na curva de yields? Aumentando o peso das ações? Pelo que, sem dúvida, tem havido movimento para os ativos de risco”, identifica Joseph V. Amato.
Ao mesmo tempo, porém, vários desafios a médio prazo pesam na alocação de ativos. “O investidor vai ter de lidar com uma maior volatilidade à medida que os mercados digerem as eleições presidenciais nos EUA e o regresso da inflação a uma tendência normalizada”, acrescenta. No plano geopolítico, os mercados descontam atualmente um impacto moderado do conflito no Médio Oriente. “Geralmente, a cadeia de transmissão do risco neste tipo de casos é o petróleo, mas, por agora, os preços mantêm-se num intervalo aceitável”, comenta.
No entanto, a sua mensagem principal é positiva se a visão do investidor se abrir a longo prazo. “Qualquer momento de correção será uma boa oportunidade de entrada”, defende. Por isso, diz aos clientes que não tenham medo de terem perdido o melhor momento.
Movimento para cíclicos
Nesta reflexão sobre as oportunidades num novo contexto, Joseph V. Amato conta que, na Neuberger Berman, estão otimistas quanto aos EUA e ao Japão. No primeiro caso, devido à resiliência da sua economia, ao poder do consumidor norte-americano e à vantagem competitiva das empresas norte-americanas. No segundo, o diretor destaca positivamente as melhorias regulamentares que a Bolsa do Japão está a implementar para colocar as empresas cotadas japonesas no interesse dos seus acionistas.
A nível de mercado, já se observa uma maior dispersão nas fontes de retorno do mercado. “E a nossa previsão é que essa tendência acentue à medida que o crescimento de lucros das tecnológicas abrande e o do resto do mercado acelere”, defende. Se o cenário previsto pelo diretor se concretizar, então assistiremos a um melhor momentum em ativos mais cíclicos. Em concreto, Joseph V. Amato destaca o estilo value e o segmento das small caps. As ações europeias também deverão ver-se favorecidas por uma melhoria das perspetivas cíclicas, aponta.
A grande incógnita assenta na China. Por um lado, as políticas fiscais anunciadas pelo governo chinês há algumas semanas são um passo na direção certa. Por outro, o mercado ainda espera mais. “Os investidores ainda estão significativamente subponderados às ações chinesas, mas não deixa de ser a segunda maior economia do mundo. Não é uma região que se possa, nem deva, deixar de fora das carteiras”, defende.