Apesar da natureza defensiva da atual carteira, a diretora de Investimentos do Capital Group Global Allocation Fund (LUX) está bastante entusiasmada com o potencial a longo prazo de várias das ideias em carteira.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Para entender o comportamento do Capital Group Global Allocation Fund (LUX) em 2023 é preciso recuar até ao último trimestre de 2021. “Esse foi o verdadeiro ponto de viragem”, afirma Julie Dickson, diretora de Investimentos em Ações da Capital Group. Foi nessa altura que surgiu a primeira verdadeira preocupação com a inflação, embora as taxas de juro ainda estivessem em níveis mínimos. E todos sabemos quão rápido a situação se inverteu.
Os bancos centrais rapidamente mudaram de discurso e de política monetária para recuperar o tempo perdido, virando as regras do jogo do avesso. Assim, no final desse ano, teve início a forte rotação para o value, que penalizou fortemente o growth, que tinha funcionado tão bem durante anos, impulsionado pelas preocupações com o impacto nos ativos expostos a elevadas durações. Essa rápida subida das taxas apanhou de surpresa muitos investidores, reconhece Julie Dickson. E o que foi realmente doloroso: não havia onde se esconder. “Até os ativos de mais refúgio sucumbiram à correção”, recorda a diretora de Investimentos do Capital Group Global Allocation Fund (LUX).
Há um ano e meio, havia poucas certezas nos mercados, mas o que se tornou mais claro para a equipa gestora do fundo foi que iria haver uma mudança nos vencedores do mercado após anos de domínio do setor tecnológico. E durante muitos meses assim aconteceu. As ações tecnológicas, que negociavam a múltiplos elevados, sofreram uma correção de dois dígitos em 2022, enquanto as áreas do mercado que tinham ficado para trás brilharam no ano passado. Os dividendos, o tabaco, as energias tradicionais…
Fiel à sua filosofia
Embora estar à margem da forte rotação para o value tenha sido doloroso a nível relativo, a equipa gestora do Capital Group Global Allocation Fund (LUX) optou por manter-se fiel à sua filosofia. Em ações, isso significou empresas com boas perspetivas de crescimento, balanços fortes e geração de caixa. Nomes que, além disso, tinham um bom perfil de pagamento de dividendos, o que os ajudou a suportar melhor a correção generalizada do mercado. Em obrigações, no entanto, a equipa gestora optou por ser mais avessa ao risco. De facto, em 2022, a carteira atingiu o nível máximo de liquidez do seu histórico, com 11%.
Curiosamente, este fundo misto com Rating FundsPeople 2023 entrou em 2023 sobreponderado em ações. No entanto, o que não esperavam era o quão estreita seria a recuperação das bolsas este ano. Recorde-se que apenas sete empresas são responsáveis por 70% das subidas do S&P 500 este ano. Empresas que agora negoceiam a 35 vezes os lucros.
Com uma carteira de 75 ações, o fundo tinha apenas dois destes sete nomes, pelo que, embora tenha beneficiado do rally, não o captou na sua totalidade. “As ações subiram, sim, mas também sentimos que estão bastante tensas em termos de valorizações”, afirma Julie Dickson. Veremos um novo ponto de viragem no sentimento do mercado? Onde está o limite para a manutenção dos múltiplos de certas empresas? São as perguntas que a equipa gestora está atualmente a fazer.
Oportunidade em Tesouro americano
Por isso, ao longo deste ano, o fundo foi reduzindo a sua sobreponderação em ações. Em parte devido à ligeira preocupação da equipa gestora de que iremos assistir a uma maior volatilidade no curto-médio prazo, mas também devido às oportunidades que se observam em obrigações. Mais especificamente, em dívida governamental. É aí que os dois cogestores do fundo, especializados em obrigações, estão a construir a maioria da posição. “Com as atuais yields, não é preciso ir além da dívida investment grade para sentir que se está a ser recompensado pelo risco assumido”, afirma Julie Dickson.
A maior parte dessa posição em governamentais está em Tesouro americano, porque o dólar continua a ser a divisa forte e, pela primeira vez em muito tempo, está a pagar um cupão atrativo. “Para quê assumir mais risco?”, pergunta a cogestora. Essa composição é complementada com governamentais emergentes em divisa local, que representam cerca de 10% da parte de obrigações da carteira e 3% do total do portefólio. Oferecem um cupão atrativo por serem de países emergentes, mas continuam a ser investment grade.
Focados nas ideias de amanhã
Como tal, a atual postura do Capital Group Global Allocation Fund (LUX) é ligeiramente cautelosa, independentemente do facto de se tratar de um misto moderado. Mas isso não significa que a equipa gestora não esteja bastante entusiasmada com o potencial a longo prazo que vê para várias posições em carteira. “Embora seja doloroso mantê-las agora, estamos a plantar as sementes onde queremos ter a carteira posicionada dentro de três anos. Estamos a posicionar-nos para o seguinte ciclo”, defende a especialista.
E uma dessas áreas é o setor da saúde, sobretudo focado no potencial de inovação da indústria. Na opinião de Julie Dickson, o setor pode tornar-se no líder do mercado da próxima década, como foi o tecnológico no ciclo anterior. Também estão a encontrar oportunidades noutros setores. De facto, estão sobreponderados no tecnológico, mas devido à sua exposição aos semicondutores, uma área onde observam um potencial futuro significativo.