Klaus Kaldemorgen (DWS): “As ações continuam a oferecer o melhor potencial de retorno”

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Créditos: Alex Wigan (Unsplash)

Num ano em que se esperava entrar numa normalidade depois da pandemia, deparamo-nos com um contexto económico cheio de desafios para os investidores. Entre eles, os enormes riscos geopolíticos, a elevada volatilidade, a inflação galopante e os significativos aumentos de taxas de juro. Complementarmente, os mercados de ações e de obrigações estão a mover-se no mesmo sentido: em queda. Todos estes e outros fatores juntos sugerem que estamos efetivamente a entrar numa nova era.

Contudo, para a DWS há uma luz ao fundo do túnel e há oportunidades para aproveitar. Num evento exclusivo para meios de comunicação, Klaus Kaldemorgen, gestor do DWS Concept Kaldemorgen, e Christoph Schmidt, responsável de multiativos e gestor do DWS ESG Dynamic Opportunities, abordaram como estão a posicionar os seus fundos e como os investidores podem tirar partido das atuais condições de mercado.

Nova ordem geopolítica

Na sua intervenção, Klaus Kaldemorgen começou por contextualizar onde nos encontramos a nível macroeconómico. A opinião do profissional é que “os bancos centrais estão bem atrás da curva com a sua resposta monetária para combater a inflação”. Além disso, comenta que “a tendência de globalização parece estar a ser substituída por uma nova ordem geopolítica”. Por outras palavras, refere que o mundo se encontra atualmente numa mudança significativa em termos de perdas de produtividade e custos mais elevados de bens e serviços o que, segundo o especialista, “são fatores que vão manter a taxa de inflação elevada durante mais algum tempo”. Face a este contexto, Klaus Kaldemorgen acredita que os investidores devem enfrentar esta nova ordem geopolítica com uma postura de “encontrar os novos potenciais vencedores e perdedores”.

Adicionalmente, procurou destacar que a abordagem que a equipa de gestão seguiu no fundo DWS Multi Asset Total Return, “permitiu mitigar os efeitos negativos das subidas das taxas de juro”. No que toca à alocação, começa por afirmar que “é senso comum que a componente acionista de um portefólio multiativos seja a mais arriscada”. Contudo, explica que “os índices obrigacionistas, desde o início do ano, demonstraram quedas significativas em linha com os índices de ações, o que demonstra que a alocação entre obrigações e ações já não funciona”. Nesse sentido, Klaus Kaldemorgen sublinha que, “apesar deste ambiente desafiante e volátil, as ações continuam a oferecer o melhor potencial de retorno”.

É sobre encontrar o melhor mix

No mesmo sentido, a opinião de Christoph Schmidt é que “a componente de fixed income já não oferece benefícios de diversificação, pelo que a componente acionista desempenha um papel cada vez mais importante num portefólio multiativos”. Como tal, poderá surgir a questão: quanto devo alocar à componente acionista? Para o profissional da DWS, a resposta é muito clara: “O tanto quanto possível, sem violar o perfil de risco predefinido”. No entanto, não esquece a diversificação. “As diferenças que temos estado a observar em termos de performance relativamente às ações growth vs. ações value demonstram a importância de uma boa diversificação na componente acionista”, diz o profissional.

Neste domínio, poderá igualmente surgir a questão de qual será o ótimo balanço entre a alocação a ações e a obrigações. Relativamente a esta dúvida, “está claro que aumentar simplesmente o número de títulos não resolve a questão, porque as características e os riscos dessas ações poderão ser comparáveis, com uma elevada correlação”, clarifica. Então, segundo Christoph Schmidt, “uma abordagem sensata seria juntar diferentes fatores de investimento, como ações de crescimento, ações cíclicas e ações de estabilidade”. Para o profissional, “é uma abordagem que faz sentido porque estes fatores tendem a comportar-se de maneira diferente em diferentes ambientes de mercado”. Exemplifica ao referir que é precisamente esta descorrelação que estamos atualmente a assistir nos mercados, com as ações de crescimento a serem fortemente pressionadas, enquanto as ações value estão a performar melhor. No entanto, sublinha que esta é uma abordagem que requer flexibilidade e uma gestão ativa.

Posicionamento atual

Atualmente, Christoph Schmidt conta que a equipa de gestão tem vindo a “aumentar a exposição a ações, deslocando a exposição de ações de crescimento e cíclicas para ações mais estáveis”. Nesta componente de estabilidade, fala em nomes defensivos, “com baixa volatilidade, dividends yields elevadas, em setores como o farmacêutico ou telecomunicações, que tendem a oferecer a qualidade que não é encontrada na componente de fixed income”.

Relativamente às ações de crescimento, termina ao mencionar que o “recente sell-off no setor tecnológico não se deve só ao aumento das taxas de juro, mas também se justifica pelo aumento da incerteza à volta das perspetivas de crescimento das receitas dessas empresas”. Contudo, sublinha que, “numa perspetiva de um fundo multiativos, este não é o momento de reduzir a exposição a ações de crescimento. Essa componente deve continuar a constituir-se como uma peça fundamental de um portefólio de ações equilibrado, sendo que, atualmente, alguns nomes neste espetro demonstram oportunidades muito atrativas”.