Encontro da Funds People com Kunal Kapoor, CEO da Morningstar, e Simon Ewan, diretor da unidade de Investment Management para a Europa e Médio Oriente.
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A Funds People encontrou-se com Kunal Kapoor, CEO da Morningstar, e Simon Ewan, managing diretor da unidade de Investment Management para a Europa e Médio Oriente. No encontro abordaram-se diversos temas, desde os novos enfoques de análise da Morningstar, à chegada da MiFID II ou a gestão de carteiras na Europa.
Análise da gestão passiva
Tendo em conta o auge da gestão passiva, que ano após ano ganha quota de mercado, o encontro começou com uma pergunta sobre como a Morningstar enfrenta a análise deste tipo de investimentos, e que factores considera mais importantes. Kunal Kapoor recorda que “há algum tempo mudaram a estrutura da equipa de análise”, e que “hoje em dia contam com um grupo dedicado aos investimentos passivos”. “Temos respondido com um maior enfoque, sobretudo na área dos ETFs, na qual houve uma explosão de oportunidades, umas boas e outras más”. Sobre os factores a ter em conta, Kapoor considera que a distinção entre gestão ativa e passiva deve ser analisada “pela lente dos custos altos ou baixos e, tal como outro investimento qualquer, há que avaliar a empresa, o veículo, os custos do veículo, mas nos casos dos indexados é muito relevante o tracking error, e prestamos-lhe muita atenção”.
No que toca aos riscos, na sua opinião, todo o investimento tem os seus próprios riscos. Quando pensa sobre o risco dos investimentos passivos, não lhe preocupam tanto os ETF mais core ou das partes centrais da carteira, mas sim aqueles que são muito específicos, muito nicho e nos quais os investidores podem errar ao entrar depois de terem uma evolução que se sobressai. “Os benefícios dos ETFs são a diversificação e os baixos custos e é isso que o investidor deve ter em conta; mas investir em veículos muito concentrados faz-lhes perder as vantagens”, acrescenra Kapoor.
MiFID II
A chegada da MiFID II às distintas regulações europeias vai representar um desafio notável para a indústria. A Morningstar está a trabalhar para oferecer soluções em diversos terrenos através de uma equipa especialmente dedicada. “As regulações são o resultado da percepção de que há uma forma melhor de servir os investidores, e embora suponha uma pressão para os gestores, a minha opinião é de que o mercado já se estava a mover nessa direção, ao favorecer investimentos com menos custos, mais diversificação e transparência. Os reguladores apenas estão a acelerar uma mudança que de certa forma já estava a ocorrer”, aponta Kapoor, que considera que mais além do ruído e dos problemas de implementação, o importante é centrar-se mais nos interesses dos clientes, e esse é o seu objetivo.
Quanto à unidade de Investment Management, dedicada à gestão de carteiras, Simon Ewan, responsável para EMEA, assinala que a Morningstar tem uma experiência considerável em ajudar os investidores a tomar melhores decisões de investimento e que o objetivo da sua unidade é completar o circuito, aproveitando-se de todos os recursos da entidade. “Usar a análise, as distintas ferramentas, e para além disso dar o passo de tomar decisões de investimento e executá-las, tudo isso dentro de um marco muito estruturado, conforme determinados princípios de investimento, e tendo em atenção aos custos. Temos uma clara orientação a longo prazo e aos resultados que cada investidor procura”, explica Ewan. Kunal Kapoor acrescenta que a unidade de gestão da Morningstar surgiu por causa da procura de clientes, mas houve uma evolução: “Hoje em dia temos mais procura por parte de consultores financeiros, que usam as nossas ferramentas e que pouco a pouco querem delegar a gestão para centrar-se mais no cliente. É uma evolução muito natural para nós este movimento de um segmento mais institucional para outro em que estamos mais próximos do cliente final”, aponta.
Como responsável pela expansão deste serviço na Europa, Simon Ewan acredita que “os consultores encontram muito valor nas nossas soluções, já que libertam mais tempo para se concentrarem nos seus clientes. Temos três unidades de gestão, nos Estados Unidos, Sidney e Londres. Na América já servimos muitos assessores e em Londres começámos há três anos e fizemo-lo com uma equipa pequena, alavancada em todos os recursos da Morningstar. Agora é o momento de expandirmos para outras partes da Europa e também para a África do sul e Médio Oriente. Acreditamos que podemos oferecer um nível de custos muito controlado. Temos uma série de carteiras em função do risco, em diversas divisas, bem como outras com objectivos concretos e produtos de retorno absoluto. É o assessor que elege entre esta gama qual é a adequada para o seu investidor”.
Sobre se esta atividade pode representar um conflito de interesses com outros clientes, Kapoor considera que “as soluções que estamos a oferecer foram em grande parte resultado da procura dos clientes e estão em linha com a nossa missão, pelo que não achamos que hajam problemas”.
As carteiras que gerem são um veículo de investimento per se, são oferecidas através de diversas plataformas aos consultores. Além do Reino Unido, já há consultores em Itália e na Alemanha que estão a aceder às mesmas.
Fintech
Além da gestão passiva, a indústria está a experienciar outro auge, o dos roboadvisors e soluções tecnológicas. “Da minha perspectiva, Fintech é um nome que denomina distintas soluções oferecidas através da tecnologia. Neste sentido, a Morningstar seria uma das fintech mais antigas, além de ter também uma componente de big data. Os nossos principais serviços são um cruzamento entre dados e análise com uma alta componente de expertise tecnológica. Achamos que a tecnologia é o melhor meio para proporcionar soluções mais simples aos investidores. A tecnologia pode fazer com que seja mais fácil investir em fundo e seguir a sua evolução, pode tornar mais compreensíveis os investimentos e os seus objectivos”, aponta Kapoor. Para Ewan, a tecnologia não só elimina fricções, como também reduz custos e facilita o investimento”. Essa tecnologia pode também permitir à Morningstar ajudar os seus clientes com todos os requisitos que a MiFID II implica sobre o reporting e a adequação e pertinência dos investimentos oferecidos aos clientes.
Para terminar, quando se cumprem apenas quatro meses desde que ocupa o cargo de CEO da Morningstar, pedimos a Kunal Kapoor que nos dissesse como vê a evolução da empresa. Do seu ponto de vista, “a Morningstar evolui em linha com as necessidades dos clientes, pelo que acredito que continuaremos muito concentrados nos dados e na análise. Esse é o nosso núcleo central e nele continuaremos a investir muito. Vamos tentar também mostrar aos consultores financeiros o valor que oferecemos, desenhando soluções multiativos com distintos objectivos. Finalmente, num mundo muito regulado, outros dos nossos objectivos é servir e ajudar a compreender o alcance das novas normas e o seu impacto na construção de carteiras. Mas no final do dia, a nossa missão não mudou. Está focada na análise e dados”.