Vem este texto a propósito do Dia Mundial do Livro, que se celebrou ontem. Pensando nos livros que lemos, em género de auto-avaliação, que diríamos sobre os nossos hábitos? Lemos muito ou pouco? Lemos por obrigação de trabalho ou por lazer, ou conciliamos ambos? Escolhemos autores nacionais ou estrangeiros? Poesia ou prosa? Temos preferência por determinada época, editora, ou hora do dia ou dia da semana para ler?
Afinal o que nos motiva? Marcel Proust dizia que "gostamos de sair um pouco de nós mesmos, de viajar, quando lemos.” E tem razão. É uma abstração, como que um viver outras vidas, um estar lá estando cá, um novo conhecimento, em formato real ou de ficção. Há quem prefira livros de viagens, romances, histórias de 'sci fi', banda desenhada, biografias... sempre mundos que ganham vida em milhares, milhões de caracteres, escritos algures pelo mundo. A propósito, a Escrever Escrever deixava ontem um desafio na sua página no Facebook questionando "que livro escolheria para dormir abraçado?"
Diria que não é uma questão de resposta imediata... seria um dos livros preferidos? (haverá alguém que tenha um só livro preferido?) Seria o que se está a ler no momento? Ou um dos dois ou três que ocupa a mesinha de cabeceira? Tentando dar o meu contributo, e deixando neste texto um pouco mais que perguntas e divagações, penso que responderia à questão com "O Medo", de Al Berto, um livro que não se lê de uma só vez, mas que é para ir degustando, lentamente.... "E ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão, deixas viver sobre a pele uma criança de lume, e na fria lava da noite ensinas ao corpo, a paciência o amor o abandono das palavras, o silêncio, e a difícil arte da melancolia".
(foto: igorphotos, Flickr, CreativeCommons)