Com vista a um merecido descanso nestes meses, pedimos às gestoras internacionais algumas propostas de livros. Em seguida, mostramos os livros não relacionados com finanças, economia ou mercados que nos recomendam os profissionais da indústria de fundos. Também nos deram boas ideias de leituras económicas, que poderá encontrar neste breve artigo.
Leituras para o verão 2023 (II): livros não económicos recomendados pelas gestoras
Para Franck Dixmier, CIO global de obrigações da Allianz Global Investors, é muito difícil escolher um livro entre todos os que adorou, leu e releu. "Mas se tenho de escolher, escolho A Promessa de Romain Gary, o qual adiei o mais possível o fim quando o li pela primeira vez, voltando atrás, relendo passagens. Em suma, saboreando-o e tomando o meu tempo". O livro fala de um tema eterno, o amor louco de uma mãe pelo seu filho, e vice-versa. Segundo o profissional, "um maravilhoso romance de formação que atravessa de forma comovente a primeira metade de um século XX trágico e conturbado".
1/14Mario González, codiretor de Desenvolvimento de Negócio da Capital Group para a Península Ibérica, destaca o livro de Jaime Bayly, intitulado Los Genios, considerando-o "polémico, ácido, provocador". Para o especialista, Jaime Bayly é sinónimo de verão. No seu último livro, leva-nos à intra-história de uma das maiores questões da literatura latino-americana das últimas décadas: o desencontro, "incluindo uma luta, entre dois prémios Nobel, Vargas Llosa e o grande Gabo. Amigos". Confidentes, génios e vizinhos durante anos na Barcelona aberta e liberal dos anos 70, rompem abrupta e inesperadamente uma amizade de uma década (e o nariz de Garcia Márquez). Mario González, conclui, afirmando, "com precisão e linguagem de romance policial e ao mais puro estilo Bayly, o romance vai entreter-vos durante as tardes de verão. Desfrutem!"
2/14Diego Andrés Gutiérrez, client relationship support para a Península Ibérica na Candriam, destaca um livro para os apaixonados por História. José Carlos Gracia decidiu ir um pouco mais além do formato podcast. Com o livro España y su herencia invisible, "pretende fazer uma reflexão objetiva e concisa sobre os acontecimentos que marcaram a passagem do tempo, desde a origem do Universo, passando por Atapuerca até aos reis católicos ou à recente história democrática, tentando relacionar as nossas origens e o que nos une como indivíduos e comunidade atualmente".
De entre as diferentes etapas do livro, Diego Andrés Gutiérrez destaca a perspetiva do tempo. "A ciência data os primeiros hominídeos com o Australopithecus afarensis (há 3,5 milhões de anos) e, ao longo de diferentes etapas, chegamos ao Homo sapiens (de há 250.000 milhões de anos até à atualidade) pelo que, como podemos observar, somos um grão de areia no universo".
Muitas vezes consideramos que a geração em que crescemos e nos desenvolvemos é o epicentro do universo e que somos mais avançados, mas isso não poderia estar mais longe da realidade. "Como resume o autor na seguinte frase: “No fundo, não há praticamente nenhuma diferença entre um ibérico que trocava mercadorias com um fenício e um espanhol da atualidade que compra um produto chinês na internet”."
3/14O facto de estarmos há mais de um ano a experienciar uma guerra na Europa, um acontecimento que a geração de Bruno Patain, country head para Espanha e Portugal da Eurizon teve a sorte de não viver diretamente, é chocante por várias razões, sobretudo porque pensávamos que já tínhamos superado estes acontecimentos na Europa depois de duas guerras mundiais no século XX. "O disparate desta guerra faz-me lembrar um romance com um certo toque existencial: O deserto dos tártaros. Trata-se de uma obra que ataca o dogma de que a guerra pode trazer honra e celebridade aos seus oponentes". O protagonista, Giovanni Drogo, é responsável pela defesa do forte Bastiani, uma fortaleza esquecida nos confins da fronteira do norte.
O inimigo está, supõe-se, separado por um enigmático deserto, o deserto dos tártaros. Ele espera, durante décadas, por uma grande batalha final, heroica, para poder exibir-se e alcançar a glória. Mas os anos passam e o inimigo não ataca.
Muito doente, justamente quando tem de abandonar o forte, o inimigo aparece, sinal do total desprezo que a glória parece ter querido mostrar ao protagonista. Pouco depois de deixar o forte, morre totalmente sozinho numa pousada. Para Bruno Patain, "é difícil encontrar um romance que revele de forma tão clara, por um lado, o absurdo da busca pela fama, do desejo de ser reconhecido através da guerra e, por outro, a armadilha da passagem do tempo e do desperdício da própria vida".
Bruno Patain deixa ainda a sugestão de um clássico: A arte da guerra de Sun Tzu. "Em linha com o tema da guerra, vem-me à mente este livro muito distinto e apropriado para o nosso fascinante setor dos investimentos. Apesar de ser uma obra sobre estratégia militar, tem muitas utilidades válidas atualmente para implementar uma boa estratégia comercial", afirma.
Por exemplo, a importância de estar sempre bem preparado para se poder posicionar da melhor forma possível: "Todas as batalhas são ganhas antes de serem travadas". Outro exemplo refere-se à necessidade de definir antecipadamente as necessidades e os objetivos: "Se conhecermos os outros e a nós próprios, nunca estaremos em perigo".
4/14Outra leitura divertida é a que propõe Carlos Capela, diretor do escritório da Península Ibérica da Federated Hermes: Falcó, de Arturo Pérez-Reverte. "É um livro de espionagem na guerra civil, muito bem ambientado, fácil de ler e divertido. O protagonista, Lorenzo Falcó é o típico bandido, antigo contrabadista de armas, que é recrutado para fazer trabalhos de espionagem ao serviço do lado nacionalista. A antagonista, Eva Rengel, é o perfeito contraponto do protagonista, e, se não fosse ela, a história não seria tão épica", afirma Carlos Capela.
5/14Este verão, Almudena Mendaza, diretora de Vendas da Generali Investments para a Península Ibérica, vai ler, entre outros, Vatio, de Alfonso J. Ussía. "É um romance baseado em factos reais que relata uma época e a relação do autor com o cantor e compositor Antonio Vega, um artista que marcou uma geração e um dos grandes talentos, do meu ponto de vista, da música espanhola", afirma.
6/14Ana Gasca, Vendas sénior da Goldman Sachs AM, faz uma recomendação de leitura fácil para o verão. “El heredero, o primeiro romance de Rafael Tarradas Bultó, baseia-se na história da sua família durante a Guerra Civil. Leitura que prende (embora sejam mais de 600 páginas), sem bons nem maus, com personagens que defendem as suas posturas a partir de diferentes pontos de vista”.
7/14Francisco Rodríguez d’Achille, sócio e diretor da LONVIA Capital, destaca um livro muito prático para estabelecer objetivos concretos e alcançáveis. “Marcos Vázquez, além de escritor, é sobretudo especialista em nutrição, psicologia e treino”. O que mais agradou ao profissional foi a constatação de que cada ser humano tem o poder de mudar tudo o que o rodeia através de hábitos que todos podemos incorporar no nosso quotidiano.
Desde a compreensão dos princípios estoicos, passando pelo domínio das nossas emoções, definição de um plano de ação e pela resistência a todo o ruído externo que recebemos diariamente. Segundo o profissional, “este livro é uma espécie de manual para conseguir qualquer coisa que nos propomos fazer. Seja qual for o objetivo, é interessante perceber que existe uma forma de viver que nos pode levar à realização em muitas áreas da nossa vida: familiar, profissional, social e cultural”. Acrescentando ainda que é “um livro simples, mas prático, para um verão de novas resoluções e melhores hábitos”.
8/14Reyes Brañas Pampillón, Vendas na MFS Investment Management, destaca The Horse Healer: A Novel, de Gonzalo Giner.
Como se sentiriam se perdessem todos os vossos entes queridos e fossem obrigados a abandonar a vossa casa sem saber se alguma vez poderiam regressar? Esta é a história de Diego, um rapaz de estábulo castelhano, que vive na Espanha medieval no final do século XII e início do século XIII. Os Imesebelen, os mais temidos guerreiros árabes da época, matam o seu pai e raptam as suas irmãs. Diego consegue escapar e, para encontrar e libertar a sua família, aventura-se numa viagem ao desconhecido, atravessando as várias fronteiras entre os reinos cristãos e muçulmanos da época, enquanto aprende o ofício do que era conhecido na altura como curandeiro de cavalos.
"Trata-se de um romance histórico fascinante, escrito com uma prosa comovente através dos olhos de Diego, que nos mergulha totalmente num mundo de guerras e conquistas, mas também de reconciliação e convivência entre culturas. Tem também um atrativo especial para os leitores que, como eu, gostam muito de cavalos. Desfrutem-no", afirma Reyes Brañas Pampillón.
9/14Patricia de Arriaga, subdiretora geral da Pictet AM na Península Ibérica e América Latina, deixa duas sugestões. A primeira, "para levar para a praia e que não importa que fique cheia de areia, a trilogia de Paullina Simons, formada pelo The bronze horseman, Tatiana and Alexander e The summer garden". Trata-se de uma história de amor que nasce na Rússia de Stalin, entre Tatiana e Alexander, e que evolui ao longo do tempo com as diferentes vicissitudes por que passam. "Nada de grandioso, mas é cativante", garante.
Além disso, para apreciar a boa escrita, destaca As velas ardem até ao fim, de Sandor Márai. "O estilo elegante e descritivo de Márai destaca-se nesta história sobre a amizade e o perdão", afirma.
10/14A Robeco recomenda o livro de Emilio Lamo de Espinosa intitulado Entre Águilas y Dragones: El declive de Occidente. O autor foi orador na abertura inaugural da Cátedra Robeco Sustentabilidade e Recursos Primários em abril.
"Neste livro, Emilio Lamo de Espinosa apresenta-nos uma nova ordem mundial em que a China, a Índia e outras grandes potência emergentes irão alcançar um poder cada vez maior face a um ocidente cada vez mais debilitado. O autor partilha a sua reflexão sobre os desafios que a Europa enfrenta e o seu papel como sociedade neste novo paradigma, consequência das alterações demográficas e tecnológicas de alcance histórico-universal que se esperam para as próximas épocas", afirma Pablo Martínez Muñoz, executive diretor de Institutional Sales na Robeco.
11/14O livro de cabeceira de Inés del Molino, diretora de contas da Schroders, é O Homem em Busca de um Sentido, de Viktor Frankl. "Um que tenho sempre à mão", assegura. E, mais relacionado com a economia, também destaca Nudge: Um pequeno empurrão, de Richard Thaler. "Ambos os livros relembram-me verdades como elas são e, apesar dos quase 60 anos de diferença entre um e outro, nos dois, as emoções e vontade do ser humano são o motor do mundo. Nenhum dos livros é de autoajuda, mas são livros que ajudam", afirma.
O Homem em Busca de um Sentido conta a história da experiência do autor num campo de concentração, analisada sob a perspetiva dos seus próprios conhecimentos como psiquiatra. A conclusão a que chega é simples: ter um objetivo dá sentido a tudo, e o amor (nas suas várias formas) é um grande objetivo.
O segundo, Nudge: Um pequeno empurrão, explora a nossa tomada de decisões e a importância de conhecer os nossos limites. Por vezes, uma arquitetura guiada de possibilidades de escolha pode ajudar-nos a tomar decisões, e outras vezes pode manipular-nos. Os nossos vieses comportamentais influenciam involuntariamente as decisões que tomamos, tanto financeiras como quotidianas, e quanto mais soubermos quais são os vieses mais fortes, melhores decisões poderemos tomar.
12/14Para Nina Petrini, responsável de ETF e fundos índice para a Península Ibérica e América Latina na UBS AM, os longos dias de verão são perfeitos para desfrutar do útimo romance de Maggie O’Farrell, O Retrato de Casamento. "Tal como a sua maravilhosa obra anterior, Hamnet, é um romance de ficção com um fundo histórico e de investigação. Da mesma forma, mergulha nas emoções mais profundas da sua protagonista, uma mulher. Tive a sorte de conseguir um exemplar do livro autografado, em Dublin (a autoria é irlandesa)", afirma Nina Petrini.
13/14“Um livro perfeito para as férias”, afirma Andrés Pedreño Gil, sales manager da Península Ibérica na Wellington Management. Em pouco mais de 200 páginas, o autor explica porque é que estamos errados em acreditar que ter sucesso nos fará mais felizes. O livro The Happiness Advantage de Shawn Achor demonstra como esta relação é inversa e porque devemos praticar a psicologia positiva para sermos mais felizes e, desta maneira, alcançar o sucesso em qualquer área da nossa vida. “Gostei muito da sua forma de definir a felicidade: pleasure combined with deeper feelings of meaning and purpose”, acrescenta o profissional. E como podemos melhorar os nossos níveis de felicidade? Shawn Achor defende a prática da meditação, o exercício físico, gastar dinheiro em experiências e não em bens materiais, incorporar a gratidão no nosso dia-a-dia ou a importância das amizades. “O livro está cheio de conselhos para profissionais em posições de liderança, vendas e gestão de capital humano. Entre outras coisas, ajudou-me a compreender a capacidade do ser humano em recuperar e em tornar-se mais forte perante as adversidades e como muitas vezes caímos na armadilha de subestimar a nossa resiliência”, conclui Andrés Pedreño Gil.
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