Lições de 25 anos nos mercados emergentes

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Roy Scheepe é senior client portfolio manager de dívida de mercados emergentes na NN Investment Partners. É também o especialista que a entidade gestora holandesa selecionou para se deslocar a Lisboa e, no contexto da primeira edição do Funds Talks, apresentar a uma centena de pessoas as vantagens do investimento em dívida de mercados emergentes. 4

“Quando começámos a operar o nosso fundo de dívida emergente em moeda forte em 1993 investíamos em aproximadamente 17 países. 25 anos depois, o nosso universo de investimento expandiu-se a 70 países. Isto reflete bem o quanto este segmento de mercado cresceu”, introduz o especialista no arranque da sua apresentação, destacando também o positivo que foi o ano de 2017 ao nível dos diversos segmentos de dívida emergente.
“Mas outra coisa que gostaria de realçar é a volatilidade. As pessoas dizem frequentemente que a dívida de mercados emergentes é muito arriscada, mas não é assim tanto. Não é uma classe de ativos que sobe sem percalços, mas as recuperações desses percalços são muito ágeis, pelo que há que aproveitar para ‘buy the dip’.

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“E essa capacidade de recuperação é visível no comportamento histórico da classe ativos, o que associado a retornos muito aliciantes confere à dívida de mercados emergentes características de risco e retorno muito interessantes”, acrescenta o profissional.

“Mas como estamos mais interessados no amanhã do que no ontem, quais são as nossas perspectivas para 2018? Apesar dos desafiantes primeiros meses de 2018, continuamos muito positivos na classe de ativos por uma série de razões. Primeiro, os fundamentais são muito positivos. O crescimento é evidente a nível global, mas é especialmente interessante nos mercados emergentes. É muito importante para os mercados emergentes que o diferencial de crescimento para os mercado desenvolvidos esteja a crescer. Porque os investidores vão para onde está o crescimento e o que vemos é inflows record para a classe de ativos. E o petróleo, que estava a afetar grandemente5 uma série de economias emergentes, deixou de ser um entrave, em virtude da escalada dos preços”, explica.

 Já no que se refere à possibilidade de uma guerra comercial, Roy Scheepe suaviza as eventuais consequências para os emergentes: “Há muitos investidores que estão nervosos com a possibilidade de uma   guerra comercial entre os EUA e a China. Mas se há classe de ativos onde podemos contornar os efeitos nefastos de um eventual conflito é nos mercados emergentes. Há sempre economias que não serão afetadas pelo conflito”. “E um factor de atratividade incontornável é a yield. É, sem sombra de dúvida, das poucas classes de ativos que ainda têm uma yield decente”, finaliza Roy Scheepe.

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Roy Scheepe mencionou anteriormente o histórico de 25 anos da casa de investimentos no segmento de dívida emergente e volta a puxar dos galões para dizer que “foram definitivamente uns pioneiros”. Explica que “mais importante do que o passado é o presente, e acreditamos que temos as valências para capturar as oportunidades do amanhã.”.

O processo da equipa é multi-faseado e baseado em três localizações distintas do globo, suportando-se numa característica que para o portfolio manager é muito importante: a disciplina. “Não existe uma fórmula de ouro para ser bem sucedido, mas um processo disciplinado e bem estruturado é um elemento chave para sermos capazes de executar a gestão com mestria ao longo do tempo”.

Lições da história

Os 25 anos da equipa da NN IP a gerir dívida de mercados emergentes proporcionaram um acumulado de experiências e lições práticas que Roy Scheepe partilhou com a centena de pessoas na audiência:

1. O papel do FMI é muito importante para os mercados emergentes e, consequentemente, para os mercados de dívida. “Organizações como o FMI e o World Bank trazem disciplina para alguns dos países mais indisciplinados do mundo. É como um medicamento que custa a tomar, mas que faz bem. E estou curioso para ver que papel o Asian Infrastructure Investment Bank, criado pela China, terá no futuro”.

2. Não se devem ignorar ou subestimar os riscos geopolíticos. “Em países emergentes as consequências e a probabilidade de materialização dos riscos aumentam a amplitude das consequências”.

3. A volatilidade traz oportunidades. “Não podemos ter medo da volatilidade. Há que a gerir bem, isso sim, e se não fugirmos dela podemos gerar retornos muito interessantes”.

4. O pragmatismo político prevalece. “As eleições são importantes, mas independentemente do resultado o pragmatismo prevalece. Há volatilidade quando se aproxima o evento eleitoral, mas, na nossa experiência, um novo governo não se afasta totalmente do que foi executado no anterior”.

5. Os factores ESG são importantes na determinação do quão bem preparado está um país para os desafios do futuro. “Pode parecer difícil combinar dívida de mercados emergentes com ESG. Mas estes factores consideram dados importantes, como o quanto um país investe em educação, por exemplo. Esse investimento é muito benéfico no longo prazo e poderá traduzir-se numa melhor qualidade de crédito do país no futuro”.