‘Lost in Translation’…

A pontualidade no Japão não é meramente uma questão de etiqueta. Atrasar-se para algum compromisso é tido como um sinal de desrespeito e transtorno para aquele que o espera. Para os japoneses, ser pontual é uma questão de educação…

Perante tamanha rigidez social, é quase incompreensível como só agora é que a Honda lança o seu motor 1.6i-DTEC, sobretudo quando nos últimos 5 anos se assistiu a uma profusão de 1.6TDi, 1.6HDi, 1.6dCi… com irrefutável aceitação pública.

Fazendo jus ao ditado popular ‘Mais vale tarde do que nunca’, a Honda escolheu o Civic para o lançamento do seu novo motor 1.6i-DTEC e é sobre os 4 dias que passei na companhia deste jovem samurai, que vos faço esta crónica.

O design do Civic é ao melhor estilo de ‘Hate it or Love it’ e sou-vos sincero quando digo que prefiro a segunda metade da frase… Um misto de linhas curvilíneas com perfis angulosos, geram uma harmonia que me cativou. A qualidade dos materiais e o rigor de montagem saltam imediatamente à vista e basta escutar o fechar das portas para perceber que solidez não lhe falta.

A primeira surpresa vem do desafogado interior, ao qual se acede com bastante facilidade, dado o generoso ângulo de abertura das portas. O tablier, conjugando um mix de informação analógica e digital, remete para o cockpit de um ‘stealth fighter’, criando um ambiente ao volante muito futurista.

Nos lugares traseiros, a versatilidade e o espaço marcam presença, sendo possível transportar 3 adultos com uma dose de conforto apreciável, ainda que com alguns apertos ao nível dos ombros. A visibilidade para trás é que podia ser melhor, prejudicada sobretudo pela divisão central do óculo traseiro.

A versão ‘Sport’ que pude experimentar, alberga um vasto nível de equipamento do qual destaco; sistema de ‘start&stop’, cruise control, câmara traseira para estacionamento, função ‘Eco’ para maior contenção nos consumos, sistema multimédia com Bluetooth e os já famosos ‘bancos mágicos’ da Honda.

As reduzidas vibrações deste bloco 1.6 começam por nos brindar com uma enorme suavidade de funcionamento, fazendo-nos esquecer que conduzimos um veículo diesel e nem quando exploramos a totalidade dos 120 cavalos disponíveis às 4.000rpm ou desfrutamos do generoso binário máximo de 300Nm às 2.000rpm, somos importunados por alguma espécie de ‘aspereza’ do motor. A marca anuncia 207km/h de velocidade máxima e 10,5s dos 0-100, o que, e se pararmos para pensar por uns momentos, são performances de muito bom nível!

Se somarmos uma boa insonorização do habitáculo a umas suspensões de taragem suave, o conforto na generalidade dos pisos está garantido e os quilómetros acumulam-se sem que nos demos conta…. Sobretudo porque as visitas à bomba também são escassas. A marca anuncia um consumo (otimista) médio de 3.6l/100 em ciclo combinado. Durante o ensaio não fui além de 6.0l/100, mas estou certo de que com mais quilómetros em estrada aberta, facilmente veríamos 5 litros, ou menos, no computador de bordo.

Com preços a partir de €24.350, este Civic 1.6 diesel, reúne argumentos de peso para ‘agitar águas’ no disputado segmento em que se insere.

Não percam o vídeo com o meu test-drive