Maior apetite pelo risco e um alerta para a baixa diversificação das carteiras da gestão de patrimónios

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Sobre a gestão de patrimónios, ou em termos utilizados pela CMVM, gestão individual de carteiras por contra de outrem, o regulador destaca no Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários de 2018 que, apesar da manutenção do número de intermediários  financeiros envolvidos nesta atividade, a concentração no sector aumentou ligeiramente, com os cinco maiores operadores a deter 85,4%,  dos ativos sob  gestão no final do ano.

Quanto à fotografia do cliente da gestão de patrimónios nacional, o regulador destaca que a maioria dos clientes residia em Portugal e, contrariamente ao verificado no ano transato, ocorreu um aumento do número de carteiras de pessoas singulares. Quanto ao valor médio das carteiras, estas aumentaram, para cerca de  419 mil euros e 2018.

O peso dos fundos de pensões e de investimento nos montantes geridos por este segmento da gestão de ativos não é, de todo, marginal, atingindo os 20,4%. “O  valor médio das carteiras destes clientes institucionais aumentou de forma expressiva, em virtude do incremento do valor sob  gestão e ainda da manutenção do número de carteiras deste tipo de clientes”, comenta a CMVM.

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Perfil de risco

Segundo a CMVM o perfil de risco das carteiras sofreu, novamente, “alterações de relevo, mas em sentido inverso  às ocorridas no ano anterior”. O número de carteiras de  baixo risco diminuiu e o das de médio e de alto risco aumentou, “o  que revela um posicionamento menos defensivo dos clientes da gestão individual e dos respetivos gestores e eventualmente a procura de retorno, num ano em  que os mercados acionistas tiveram um desempenho generalizadamente desfavorável no último trimestre e em  que as taxas de juro de aplicações  financeiras tradicionais e de menor risco continuaram a ser muito reduzidas”, pode ler-se no relatório.

No que se refere à alocação do agregado das carteiras, a CMVM realça o peso da dívida pública, sobretudo a nacional, que representava cerca de 75% do total da dívida soberana no conjunto das carteiras. O regulador dos mercados assinala a concentração em dívida soberana de Portugal, Espanha e Itália. “Historicamente, as taxas de retorno dos soberanos destes países estão positivamente associadas, o  que pode comprometer a diversicação do risco das carteiras sob  gestão individual”.

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Risco de taxa de juro

“A duração modificada da dívida pública nacional era de 4,9 anos no final do ano (4,5 anos no caso da dívida pública estrangeira), o que revela uma exposição relevante ao risco de taxa de juro. Assim, na gestão individual, o investimento em dívida com maturidades de mais longo prazo é  superior, em termos relativos, ao existente, por exemplo, nas carteiras dos OIC”, explicam da CMVM.

Por fim, a CMVM realça que na Europa o investimento da gestão de patrimónios é também maioritariamente direcionado para dívida (50%). No entanto, acrescenta que o peso das ações (24%) é “bastante superior ao veri cado em Portugal” (4%). Segundo o regulador dos mercados, isto parece “traduzir  quer uma maior aversão ao risco  quer uma perspetiva de mais curto prazo dos operadores e clientes nacionais da gestão individual de carteiras”.