“A indústria de fundos é como um puzzle em que todas as peças são igualmente importantes. Cada vez mais as decisões são tomadas coletivamente, com maior comunicação”, afirma a diretora de vendas da Janus Henderson para a Península Ibérica.
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Sendo otimista por natureza, Martina Álvarez prefere ter uma visão positiva destes últimos três anos difíceis para as gestoras internacionais na Península Ibérica. Embora o investidor ibérico tenha saído de fundos de ações e de crédito, fizeram-no para adotar estratégias de menor risco, como os buy and hold. Não abandonaram o ecossistema de fundos para se deslocarem para depósitos ou imobiliário. “Para as gestoras internacionais, foram dois anos complicados porque é no segmento de maior risco que aportamos mais valor, uma vez que as entidades nacionais têm produtos conservadores muito bons”, reconhece a diretora de Vendas da Janus Henderson para a Península Ibérica.
“De facto, no balanço global, a indústria de fundos de investimento na Península Ibérica cresceu”, recorda Martina Álvarez. “O balanço é mais conservador do que gostaríamos, mas é nossa responsabilidade continuar a explicar ao investidor que existem opções que vão proporcionar mais valor do que esse buy and hold, o que, há que dizê-lo, tem sido uma opção adequada nos últimos dois anos de taxas altas”.
Além disso, olhando para os próximos 12 meses, quando entrarmos num novo cenário de descida de taxas de juro (mas não de regresso a yields negativas), a diretora de Vendas acredita que chegará o momento de voltar a demonstrar o valor acrescentado de estratégias que geram alfa. Este melhor contexto para o negócio também será impulsionado pelos próprios distribuidores, prevê Martina Álvarez. “Depois deste período de comercialização do seu próprio produto buy and hold, as entidades bancárias voltarão a promover a gestão discricionária, que é cada vez mais uma forma de dar acesso a produtos de terceiros, quer seja através de fundos ou através de mandatos”, afirma.
Implicações do auge da gestão discricionária para as gestoras
Para as gestoras internacionais, esta estrutura de mercado exige, na opinião de Martina Álvarez, três coisas: rentabilidade (cada vez mais exigente), eficiência de custos e ajudar o distribuidor a contar histórias.
É neste último ponto que a diretora de Vendas vê a maior evolução na forma de trabalhar das gestoras internacionais na Península Ibérica. “Os private bankers precisam da nossa ajuda no storytelling. Não é o mesmo que um selecionador de fundos ou um CIO pede. O private banker procura que lhe demos uma narrativa que possa utilizar com o seu próprio cliente quando fala de geopolítica, do que está a acontecer com o dólar, das implicações de um resultado eleitoral, etc.”, afirma
Nessa evolução da indústria, Martina Álvarez não acredita que os interlocutores relevantes para uma gestora tenham mudado, mas sim que se multiplicaram. “A indústria de fundos é como um puzzle em que todas as peças são igualmente importantes. Há a peça do selecionador e do banqueiro, mas também a peça do diretor de Investimentos, do responsável de riscos, do responsável de negócios que estabelece os objetivos para estes departamentos, etc. Não creio que haja um que seja mais essencial do que outro na tomada de decisão de investimento. Cada vez mais as decisões são tomadas coletivamente, com maior comunicação”, afirma.
O papel das gestoras internacionais é, desta forma, ajudar a encaixar todas as peças. “É por isso que o papel de um responsável de Vendas numa entidade internacional é cada vez mais como o de um consultor. Perceber qual é o problema de um cliente e só depois passar à fase de pensar se, como gestora ativa, poderei dar uma solução”, explica Martina Álvarez.
ETF da Janus Henderson chegam à Europa
É nesta conversa sobre soluções que se enquadra um dos passos mais importantes que a Janus Henderson deu no seu negócio na Europa: o lançamento, em outubro de 2024, dos seus ETF de gestão ativa, apoiando-se na Tabula, a boutique especializada que adquiriram em maio. “O lançamento dos nossos ETF não tem por objetivo substituir os nossos fundos existentes, mas chegar a novos mercados”, explica Martina Álvarez. “Por exemplo, a relação que as novas gerações têm com as suas finanças é muito diferente da das gerações anteriores. Quando poupam, procuram fazê-lo através de novos canais de distribuição e aí o primeiro passo já não é através de um mutual fund, mas de um ETF. É aí que vemos o potencial dos ETF de gestão ativa”.
Um bom 2024 para Janus Henderson
2024 foi um bom ano para a Janus Henderson na Península Ibérica. A gestora de fundos fechou o ano com entradas líquidas de quase 400 milhões de euros, o que, juntamente com o efeito positivo do mercado, os colocou perto dos 4.000 milhões em ativos sob gestão em Espanha e Portugal.
Embora a procura de produtos conservadores tenha persistido em 2024, a gestora de fundos registou uma procura por parte dos clientes ibéricos dos seus fundos de small caps (globais e europeias) e temáticos (tecnologia, biotecnologia, saúde, property equity).