Recuperação de rendimentos e menor competitividade de outras alternativas de investimento

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Castanias, Flickr, Creative Commons

A gestão individual de carteiras por conta de outrem é uma atividade exercida por instituições de crédito, empresas de investimento (onde estão incluídas as sociedades gestoras de patrimónios, as sociedades financeiras de corretagem e as sociedades corretoras) e entidades gestoras de fundos. No Relatório Anual divulgado pela Comissão de Mercados e Valores Mobiliários (CMVM), referente ao ano de 2016, está patente a evolução negativa dos valores sob gestão, no mercado da gestão individual de carteiras por conta de outrem.

Distribuição por Entidades Gestoras

Dos três tipos de entidades que gerem estas carteiras, as entidades gestoras de fundos foram aquelas que registaram um maior valor de ativos no segmento, nomeadamente 36,3 mil milhões de euros, embora também com uma diminuição face ao ano de 2015. Face ao aumento do número de carteiras geridas, o valor médio de cada carteira sob gestão diminuiu.

Já no caso das empresas de investimento, o valor das carteiras geridas atingiu os 21,4 mil milhões de euros no final de 2016, havendo uma diminuição do número de carteiras e uma diminuição do valor médio sob gestão.

Por último, as instituições de crédito foram as entidades que registaram um menor valor sob gestão, registando 4,2 mil milhões de euros. Não obstante, continuam a ser aquelas que gerem um maior número de carteiras (quase 8 mil - apesar de ter diminuído), pelo que o valor médio sob gestão subiu sensivelmente (apesar de continuar a ser o mais reduzido).

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Perfil dos investidores

A maioria dos clientes do segmento de gestão de carteiras eram residentes em Portugal (exceto quando os clientes eram fundos de investimento) e "nenhum dos clientes do segmento de fundos de pensões tinha residência no estrangeiro". Contrariamente ao verificado em 2015, assistiu-se "à retoma do negócio da gestão de carteiras de pessoas singulares", nomeadamente residentes, algo que a CMVM acredita ser uma "consequência da recuperação de rendimentos e da menor competitividade de outras alternativas de investimento". 

O ano de 2016 também registou um "aumento do número de intermediários financeiros a gerirem carteiras e uma diminuição da concentração no setor, fundamentalmente, devido à redução da quota de mercado de duas sociedades gestoras. Ainda assim, a gestão de carteiras permanece concentrada: os três maiores operadores detinham em conjunto 77,8% dos ativos sob gestão no final do ano.

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Risco e Estrutura das Carteiras

O perfil de risco das carteiras geridas também sofreu alterações, havendo um "aumento do número de carteiras de médio risco e uma diminuição de carteiras de alto e baixo risco". Algo que a CMVM acredita ser consequência "das baixas taxas de juro, em que os instrumentos financeiros de curto e longo prazo têm remunerações muito reduzidas, o que leva os investidores a procurar rentabilidades acrescidas, embora com risco adicional para as suas aplicações". 

No que respeita à estrutura global das carteiras, as unidades de participação e a dívida pública foram os ativos que verificaram um maior reforço, e é a dívida pública que continua a ter o maior peso no total sob administração.

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Investimento em Dívida Pública e Privada

O montante investido em dívida pública aumentou 1,6 mil milhões de euros, contrariamente ao investimento em dívida privada que sofreu uma queda de 2,4 mil milhões de euros. Por outro lado, a dívida soberana que compõe as carteiras "continuou a ser maioritariamente de origem nacional (cerca de 75%), e assistiu-se a um novo reforço significativo desse investimento". A duração modificada da dívida pública nacional era de 4,6 anos no final do ano e de 5,3 anos no caso da dívida pública estrangeira, o que revela "uma exposição relevante ao risco de taxa de juro dado o investimento em maturidades de mais longo prazo". Na dívida privada, o peso das obrigações em carteira, emitidas por empresas portuguesas, continuou em queda, em resultado da redução do investimento em 1,5 mil milhões de euros, o que, em contrapartida, levou a um aumento do investimento em dívida privada alemã, francesa, norte-americana e britânica.

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