Na 1ª edição do Fórum de Gestão de Ativos, da FundsPeople, temas como a evolução dos ativos sob gestão dos fundos mobiliários e o investimento das famílias portugueses foram alguns dos temas comentados por João Pratas, presidente da APFIPP.
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Na 1.ª edição do Fórum de Gestão de Ativos, organizado pela FundsPeople, João Pratas, presidente da APFIPP, esteve à conversa com Miguel Rêgo, global head of Analysis da FundsPeople, sobre o mercado português: onde estamos e para onde vamos?
Começando pelo mercado de fundos mobiliários, como podemos ver pelo gráfico, os últimos 10 anos têm registado uma evolução muito positiva. No entanto, se olharmos para o período antes da crise de 2008, o mercado português atualmente encontra-se longe dos 30 mil milhões dessa altura. Na opinião de João Pratas, esta queda face a 2008 pode estar relacionada com vários problemas, nomeadamente a forma de distribuição destes produtos. “Pode haver uma concorrência diferente daquela que havia há 20 anos. São aspetos que podem ter algum poder na matéria”, afirma o presidente da APFIPP. Tendo isto em conta, e numa nota positiva, espera “que cheguemos aos 30 mil milhões em breve”

No início deste ano entrou em vigor um novo regime de gestão de ativos e a verdade é que, em dezembro de 2023, existiam 10 gestoras com fundos de investimento alternativos e 19 fundos de investimento alternativos. Em dezembro de 2024 estes números aumentaram para 14 e 24, respetivamente. Poderá a flexibilidade que o novo regime trouxe à indústria estar relacionado com este crescimento? João Pratas considera que pode ser “um pouco cedo para estar a dizer que quaisquer resultados estão relacionados com isso”, mas destaca a “muito positiva evolução da legislação no sentido de eliminar regras que eram mais exigentes do que aquelas que a legislação europeia impõe” e “os grandes ganhos para a indústria”, daí decorrentes do novo regime.
Do lado das entidades, a audiência do Fórum de Gestão de Ativos, quando questionada sobre se este novo regime veio tornar mais fluída a inovação em soluções de investimento, mostrou-se dividida. 48% da audiência afirmou que tem sido indiferente o impacto do novo regime, enquanto 45% respondeu positivamente, declarando que o RGA trouxe maior fluidez e inovação.
Como destronar os depósitos?
Passando para o investimento das famílias portuguesas, vemos que, quando querem efetivamente assumir risco, as famílias privilegiam o veículo fundo em detrimento dos títulos de dívida ou das ações cotadas. No entanto, quando se adiciona depósitos à equação, e como seria de esperar, o cenário muda por completo.


O que se pode fazer para que os depósitos tenham um menor peso no património financeiro dos portugueses? “Acho que o desenvolvimento da literacia financeira é muito importante, porque é importante as pessoas adquirirem conhecimentos nestas áreas”, responde João Pratas, acrescentando que há um tipo de literacia financeira que considera que todos devíamos ter acesso, que é a relacionada com as mudanças verificadas na Segurança Social e a necessidade de complementos de reforma para manter os níveis de rendimento na reforma que existiam na vida ativa.
Além disso, o responsável considera que em Portugal é necessário “que existam incentivos fiscais para o aumento da poupança e para a sua aplicação nos mercados financeiros e em instrumentos de poupança de longo prazo”.
As gestoras internacionais em Portugal e os ETF
Em termos de negócio das entidades internacionais, em 2018 existiam 109 entidades gestoras com fundos registados em Portugal. Avançando no tempo, vemos que em agosto de 2024 eram 210. Verificou-se a mesma trajetória ascendente no valor total do mercado português de fundos e ETF estrangeiros que em 2020 rondava os 31 mil milhões de euros e em 2023 ultrapassava os 43 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 40%.
De facto, o peso dos ativos em ETF no total de fundos de investimento nas carteiras de cada segmento institucional em Portugal é, como se pode ver pelo gráfico abaixo, no total, de 39,4%, o que demonstra o maior protagonismo destes produtos. E isto viu-se refletido na audiência, com 66% a acreditar que os ETF e os fundos de gestão passiva vão continuar a ser cada vez mais relevantes no mundo da gestão de ativos e patrimónios, enquanto apenas 23% acredita que não.

“A atividade das entidades gestoras de fundos estrangeiros em Portugal veio aumentar o leque disponível de soluções de investimento para os investidores. A competição é saudável e os números mostram que o crescimento do mercado nos últimos anos acontece em ambos os segmentos, no doméstico e no internacional”, conclui João Pratas.