Mercados emergentes: as eleições políticas que irão marcar 2023

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Créditos: Arnaud Jaegers (Unsplash)

Argentina, Polónia, Tailândia e Turquia vão celebrar eleições gerais este ano. A frágil economia argentina e a crise política que atravessa o atual Governo podem fazer com que a oposição tenha boas hipóteses de vencer as eleições do próximo ano. O partido Lei e Justiça (PiS) da Polónia mantém a sua popularidade, mas tem sido sobrecarregado pelo atual conflito com a União Europeia. Os partidos da oposição da Tailândia irão precisar de uma vitória esmagadora para superar a barreira constitucional e formar governo. As eleições turcas são cruciais, uma vez que a política macroeconómica pouco ortodoxa do país pode ser invertida se o presidente Erdogan for derrotado. Mali Chivakul, economista de mercados emergentes na J. Safra Sarasin Sustainable AM, analisa caso a caso.

Argentina

Espera-se que a Argentina celebre eleições gerais em outubro de 2023. “As condições macroeconómicas do país continuam frágeis. No âmbito do programa do FMI, espera-se que as políticas macro se tornem mais restritivas em 2023 para apoiar uma redução do financiamento monetário e da taxa de inflação (que se mantém próxima dos 90%)”, indica. 

A situação política tem sido recentemente bastante instável. Três ministros abandonaram o atual Governo em outubro, após a saída do Ministro da Economia em julho. O presidente Fernández e a vicepresidente Fernández de Kirchner têm tido contínuas disputas públicas, uma vez que as suas políticas não conseguiram melhorar as condições económicas.

De acordo com Chivakul, existe um elevado risco de que o Governo se desvie dos objetivos acordados ao abrigo do programa do FMI antes das eleições. “Tendo em conta os maus resultados do atual Governo, também há grandes possibilidades de que as coligações não peronistas cheguem ao poder”.

Polónia

As eleições gerais da Polónia celebram-se no outono de 2023. A Polónia é governada pelo partido de direita Lei e Justiça (PiS) desde 2015. “O atual Governo entrou em conflito com a Comissão Europeia devido ao Estado de direito, especialmente no que diz respeito às reformas judiciais, mas o partido no poder tem mantido a sua vantagem nas últimas sondagens. A reforma judicial continuará a ser um ponto de fricção, uma vez que a UE exigiu algumas alterações antes de desembolsar fundos comunitários. É provável que se torne um tema de debate durante a próxima campanha eleitoral”.

Tailândia

Por outro lado, as eleições parlamentares da Tailândia estão previstas para maio de 2023. A Constituição de 2017 permite que 250 senadores participem no processo de seleção do primeiro-ministro juntamente com 500 parlamentares eleitos. “Os senadores (2019-2024) foram nomeados por militares (que organizaram o golpe de Estado em 2014). Esta norma deu uma vantagem considerável ao atual Governo na hora de selecionar o próximo primeiro-ministro. Embora a popularidade do primeiro-ministro Prayut tenha diminuído consideravelmente nos últimos dois anos, os partidos da oposição irão precisar de uma vitória esmagadora para chegarem ao poder”.

Turquia

As eleições gerais da Turquia celebram-se em meados de 2023. O presidente Erdogan já anunciou que voltará a candidatar-se. “O atual Governo tem estado a implementar uma combinação de políticas macroeconómicas pouco restrita e a focar-se no crescimento à custa de uma elevada inflação e de uma lira enfraquecida. As sondagens sugerem que o apoio ao AKP, partido do presidente Erdogan, diminuiu, mas continua ligeiramente superior ao do principal partido de oposição.

O principal partido de oposição apresenta-se com uma plataforma de política macroeconómica ortodoxa para reduzir a inflação. Seis partidos da oposição uniram-se numa aliança denominada Mesa dos Seis e propuseram planos para abolir o sistema presidencial se ganharem as eleições.