O apelo dos mercados privados não é de agora, mas são vários os fatores que lhes podem dar um impulso. Tim Boole, responsável de Produtos de Private Equity na Schroders, partilha com a FundsPeople a sua opinião.
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Tim Boole, responsável de Produtos de Private Equity na Schroders, tem acompanhado de perto a crescente relevância dos ativos privados como fator de diversificação e resiliência para os investidores. É da opinião que o novo enquadramento regulatório ELTIF 2.0 traz mudanças significativas que poderão impulsionar o acesso a investimentos alternativos, tornando-os mais atrativos tanto para investidores institucionais como para particulares.
Acredita, também, que o apelo da classe de ativos, no entanto, não é de agora e para o profissional os mercados privados sempre foram atrativos. “Acredito que os mercados privados devem ser uma parte essencial do portefólio de um investidor. Proporcionam uma maior diversificação e acesso a setores da economia que não estão disponíveis nos mercados públicos”, afirma.
A questão essencial, segundo o especialista, não é se os ativos privados são relevantes agora, mas sim como o acesso a esta classe de ativos se tem vindo a tornar mais fácil. “Se recuarmos 10 anos, a maioria dos investidores teria grande dificuldade em investir em private equity, infraestruturas ou crédito privado. O imobiliário era talvez o único setor acessível”, explica.
A evolução regulatória - como o ELTIF 2.0 - e a inovação nos produtos têm vindo a facilitar o acesso aos mercados privados. “Com as mudanças regulatórias e a inovação nos modelos de fundos, estão-se a abrir oportunidades para um leque muito mais amplo de investidores”, destaca Tim Boole.
A convergência entre a crescente acessibilidade e a necessidade de diversificação tem sido um fator determinante. “Os mercados privados deveriam ser sempre parte da carteira dos clientes, mas agora tornou-se mais fácil investir. É esta confluência de fatores que está a impulsionar a sua adoção”, sublinha.
O segmento de wealth management e a alocação a mercados privados
O setor de gestão de patrimónios ainda apresenta uma alocação reduzida a ativos privados. “Em média, os clientes de wealth management, ou os respetivos gestores, alocam cerca de 5% ou menos a mercados privados. Há exceções, como a Suíça, devido ao seu forte setor de banca privada, bem como os mercados nórdico e holandês, que têm sido mais recetivos”, refere.
A comparação com outros segmentos é evidente. “Se olharmos para os fundos de endowment ou alguns fundos de pensões mais agressivos, a alocação pode ser de 30% ou até superior”, acrescenta. No entanto, a decisão de alocação depende de vários fatores, incluindo o horizonte de investimento, as necessidades de liquidez e o nível de sofisticação do investidor. “Para a maioria dos clientes de wealth management, uma alocação entre 10% e 15% a mercados privados seria, provavelmente, a mais adequada. Para quem está a planear a reforma, poderá ser possível assumir uma exposição ligeiramente maior, mas sempre dentro de um portefólio diversificado”, explica.
O papel dos ELTIF 2.0
Depois de uma primeira versão da legislação ELTIF que teve um impacto negligenciável no mercado, o novo enquadramento ELTIF 2.0 está a ter um impacto significativo na democratização do acesso a mercados privados. Uma das principais mudanças do ELTIF 2.0 é a flexibilização das regras de investimento, permitindo maior liquidez e um leque mais vasto de ativos admissíveis. "As novas regras tornaram estes fundos mais acessíveis, removendo algumas das barreiras que afastavam os investidores privados. No passado, apenas investidores institucionais conseguiam investir nestes produtos devido às exigências e dificuldades relacionadas com as capital calls e ao longo prazo necessário para obter retorno", explica Tim Boole.
“Os ELTIF estão a ajudar muito neste processo”, afirma Tim Boole, destacando que estas mudanças não são apenas uma tendência passageira. “Acreditamos firmemente que, a longo prazo, a alocação a mercados privados trará benefícios para todo o tipo de investidores, desde particulares, a seguradoras e fundos de pensões.”
Além disso, Tim Boole vê na evolução do mercado europeu um potencial de crescimento semelhante ao dos Estados Unidos. “Se olharmos para os EUA, vemos como a sua economia se fortaleceu através de mercados de capitais bem estruturados. O crescimento da Europa depende da criação de um sistema semelhante, assegurando que a alocação de capital não se faça apenas através dos bancos, mas também de uma base mais ampla de investidores”, conclui.