O crescimento dos investimentos em ativos privados vem acompanhado pelo desenvolvimento dos mercados secundários. Este é o caso da dívida privada, cuja expansão nos últimos anos se traduziu num negócio de transações secundárias que ascendem atualmente 1,7% dos ativos sob gestão (AuM) por ano.
“O mercado de secundários de private debt encontra-se numa fase de desenvolvimento como um mercado incipiente. Embora tenhamos visto pontualmente algumas oportunidades no passado, há dois anos o fluxo de transações acelerou claramente”, explica Joaquín Ardit, gestor de Private Debt da AllianzGI numa entrevista com a FundsPeople.
O que está por detrás do avanço deste segmento de mercado?
“Atualmente, as transações em secundários de private debt são de natureza muito diversa. Estamos a ver transações LP-led de vendedores em todas as geografias por várias razões: desde o reequilíbrio da carteira ao efeito denominador e à necessidade de maior liquidez. Além disso, observamos que o mercado GP-led está a evoluir com muitas transações, estruturando-se tanto nos EUA como na Europa”.
Quais foram os drivers da sua evolução nos últimos anos?
“O mercado secundário de private debt desenvolveu-se fortemente durante os últimos anos, seguindo o crescimento estrutural do private debt como classe de ativo. Em concreto, o private credit cresceu a taxas anuais de dois dígitos durante a última década até alcançar atualmente um volume de mercado de aproximadamente 1,5 biliões de dólares. Por conseguinte, o seu peso relativo no asset allocation dos investidores institucionais em todo o mundo aumentou consideravelmente durante os últimos anos. Tal como a tendência observada em private equity há alguns anos, este crescimento cria a necessidade natural de oferecer soluções de liquidez, tanto aos general partners como aos limited partners, com o desenvolvimento de um novo segmento de mercado”.
Como vai evoluir nos próximos anos?
“Seguindo a evolução observada em private equity, prevemos que o volume de transações secundárias em private debt vai acelerar durante os próximos anos. Tanto os general partners como os limited partners exploram soluções secundárias por motivos de liquidez. Os especialistas da indústria preveem que o volume de transações no mercado secundário em private debt vai continuar a aumentar, alcançando potencialmente os 50.000 milhões de dólares em 2026. À medida que os ativos sob gestão continuam a expandir-se estruturalmente, os secundários de private debt estão preparados para se tornarem uma classe de ativos importante por si só”.
Que vantagens e riscos implica investir em dívida através de secundários vs. em primários?
“Atualmente, os secundários de crédito privado são uma forma muito atrativa de investir e complementar as carteiras em private debt. Dados os seus benefícios estruturais, como a elevada visibilidade, curta duração e atrativos retornos esperados devido aos descontos atuais, representam uma forma muito atrativa de os investidores institucionais agregarem uma determinada exposição diversificada com risco mitigado e condições muito atrativas para as suas carteiras”.
Quais são as capacidades da AllianzGI no investimento em dívida privada?
“A Allianz investe em fundos de private debt há mais de 17 anos e, atualmente, é um dos maiores e mais sofisticados investidores neste mercado, com uma estratégia comprovada em diferentes ciclos, uma equipa sólida e bem estabelecida, bem como um track record de destaque. A entrada e o desembarque no mercado de secundários em private debt foi um passo natural na evolução da plataforma de investimento. Atualmente, dada a sua dimensão e escala, a AllianzGI é um parceiro primordial para os general partners, o que proporciona um acesso único ao fluxo transacional, essencial para se poder aceder às melhores transações e obter informação detalhada sobre a avaliação do mercado secundário. Em créditos secundários privados, a equipa realiza uma análise exaustiva de cada gestor e estratégia, aproveitando a nossa experiência e o nosso track record no mercado, bem como uma análise creditícia muito detalhada da carteira graças à ampla informação disponível na plataforma”.