MGA: “Esperamos uma redução das rendibilidades em todas as classes de ativos”

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Maximo Garcia

Na perspetiva da Millennium Gestão de Activos (MGA) o principal risco para o novo ano tem a ver com “a forma como os mercados financeiros vão reagir à “normalização” da política monetária norte-americana e ao contexto macro em que esta ocorrer”. Da gestora esperam que o crescimento da economia mundial seja na ordem dos 3% em 2015, sendo que “os EUA e o Reino Unido devem manter uma trajetória de expansão sustentada”, enquanto a recuperação da Zona Euro e do Japão deverá “beneficiar da queda do preço do petróleo, da depreciação cambial das suas moedas e das muito baixas taxas de juro”.

A China vai continuar a gerir “a transição para um modelo económico mais assente no consumo”, ao passo que das economias emergentes se pode esperar o que apelidam de “desempenho divergente”, que assenta em vários fatores: “a sensibilidade à queda dos preços das matérias-primas”, o impacto da “apreciação do dólar e de uma subida das taxas de juro norte-americanas”, bem como a “flexibilidade da política económica para amortecer estes choques”.

Na opinião da gestora, no novo ano, há ainda que destacar a “ausência de pressões inflacionistas nas principais economias, devido ao contexto de excesso de oferta global de bens industriais e de matérias primas”, e ainda as “políticas monetárias acomodatícias”. As políticas fiscais menos restritivas, em particular na Europa e no Japão, é outro dos pontos macroeconómicos que a Millennium Gestão de Activos espera que se concretize em 2015.

Sector empresarial: visão positiva

Positivos para o sector empresarial, esperam que este, globalmente, tenha “níveis baixos de incumprimento em termos de crédito e crescimento dos resultados acima do crescimento nominal das economias, através do recurso a alavancas como o refinanciamento, o corte de custos e, de forma mais evidente nos EUA, a re-alavancagem financeira, por exemplo via recompra de ações”.

Ativos de maior risco: vantagens

Para 2015 esperam ainda uma “redução das taxas de retorno em todas as classes de ativos, podendo mesmo ser negativas ao nível de algumas subclasses de obrigações”, enquanto para os ativos de maior risco entendem que terão uma “vantagem relativa”, apesar da “atratividade do binómio risco-rentabilidade esperado” ser menor.

Acreditam que a gestão ativa será uma das máximas fundamentais, bem como a diversificação, já que existirão “mercados mais voláteis, em que a uniformidade de expectativas dos investidores e a fraca liquidez podem exacerbar alterações nos preços e uma forte correlação positiva entre ativos”. O dólar, por seu lado, poderá ter uma apreciação adicional, que estará “sujeita a flutuações que podem ser significativas (matérias-primas ou ativos de mercados emergentes podem ser úteis como cobertura)”.

Tendo em vista o cenário macro descrito pela Millennium Gestão de Activos, em termos de perspetivas para as classes de ativos, começam por referir que em termos de obrigações de taxa variável, em euros, esperam “indexantes próximos de zero e margem reduzida de compressão de spreads, que determinam expectativas de retorno inferiores a 0,75%”. Já nas obrigações denominadas em euros,  existirá “um reduzido risco de taxa de juro, possível redução de spreads, mas num contexto mais volátil, em que o processo de redução da alavancagem em curso se vai desvanecendo”. Para as obrigações denominadas em dólares, o risco já será “moderado”, “sendo que o releverage em curso reduz espaço para compressão de spreads e a apreciação do dólar condiciona alguma dívida emergente”.

Ações europeias favorecidas

Nas ações, e começando pelas europeias, a entidade  espera que “a depreciação do euro, a recuperação do sector financeiro e a queda do preço do petróleo” vão favorecer os resultados desta classe de ativos. Para as ações dos EUA, apesar da “robustez da economia sustentar o mercado”, “a apreciação do dólar e a subida de taxas de juro serão condicionantes”. Na região Ásia-Pacífico, apontam a depreciação cambial como benéfica para o Japão, mas também a realocação de ativos do Fundo Nacional de Pensões. Consideram ainda que “a procura doméstica é um fator de risco”. No resto da Ásia, esperam “um impulso positivo da recuperação das economias desenvolvidas, mas com diferenças entre países”, sendo que “uma maior desaceleração da China é um fator de risco”.

Nas ações de mercados emergentes, entendem que “o comportamento diverso será em função dos desequilíbrios prevalecentes e da sensibilidade aos vários choques (matérias-primas, oscilações cambiais, subida de taxas de juro nos EUA, ….)”. Por fim, ao nível das matérias primas, a gestora indica que “o acréscimo da oferta está a provocar uma queda de preços para reequilibrar o mercado via extinção de produtores marginais e estímulo da procura, processo que conduzirá à estabilização de preços num novo patamar”.

Na perspetiva da MGA, existem ainda questões subjacentes à “estabilidade da construção europeia”, como as eleições em vários países europeus ou a permanência do Reino Unido na UE, que serão temas a seguir de perto no novo ano. Acrescentam também como fatores de risco a acompanhar, o “grau de desaceleração da economia chinesa” ou “o agudizar das tensões geopolíticas na Ucrânia e no Médio Oriente”.