Michael Clements: uma forma de investir e encontrar boas oportunidades perante situações de stress no mercado

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No mundo dos investimentos há nomes que bastam ser pronunciados para que o burburinho se instale de imediato. Michael Clements é um desses casos. Desde setembro de 2014 na SYZ Asset Management (da qual fazem parte os fundos Oyster), o atual head of european equities team da entidade, é mais do que conhecido pelo trabalho efetuado principalmente na Franklin Templeton Investments onde passou cerca de 6 anos, com a responsabilidade das estratégias de High Alpha e ainda do flagship Franklin European Growth Fund. 

Mas o que torna Michael Clements um dos reconhecidos gestores do mercado? Num pequeno-almoço levado a cabo recentemente em Lisboa, o profissional explicou aos presentes porque é que conceitos como a gestão ativa, visão contrarian ou stockpicking, convivem na equipa de ações que lidera, mostrando ainda aos presentes algumas ferramentas para lidar com o atual ambiente de volatilidade, já herdado do verão. “Nesta equipa de seis pessoas fazemos um trabalho de research  muito detalhado, que é certamente mais profundo do que o dos nossos concorrentes”, começou por referir.

Imaginar cenários: “E se...”

“Todas as análises que fazemos são de muito curto prazo, muito embora costumemos manter em carteira um título por 3, 4 ou 5 anos e, por isso, não mudamos muito a constituição das carteiras”, disse, detalhando esse processo. Para o profissional é essencial colocar em cima da mesa alguns cenários de crise, e fazer projeções: “E se a recessão económica na Europa voltasse, o que aconteceria a esta determinada empresa?”, dá como exemplo, daquela que é uma análise fundamental profunda que testa vários cenários, considerando sempre o downside risk. Michael Clements quis portanto mostrar aos presentes que é responsável por carteiras de alta convicção, geridas ativamente e que se distanciam do benchmark.

DNA contrarian

Rapidamente se chega à visão contrarian que carateriza o processo de investimento da equipa. “Na minha perspetiva, a melhor fase para olhar para o mercado e para tentar encontrar as melhores ideias é quando as pessoas estão assustadas em relação a uma determinada situação”, clarifica, acrescentando que  nesses momentos “há mais probabilidade de encontrar determinadas empresas que nos agradam a um preço mais acessível”.  A crise russa de há um ano atrás, por exemplo, permitiu abrir horizontes e “chegar” a empresas como a Nokian Renkaat –empresa líder em pneus de inverno para carros – que “negociava a preços muito baixos porque cerca de um terço dos lucros vinha da Rússia”.

Também a pior performance dos mercados emergentes foi um tema de oportunidades. O grupo Swatch, desvalorizado por factores como o abrandamento da economia chinesa ou o lançamento do Apple Watch, foi outro dos títulos que o “olho de lince” da equipa não deixou escapar. “É uma empresa com um balanço muito forte, e do grupo fazem parte marcas conhecidas como a Omega ou a Longines. Contudo, foram principalmente dois os motivos que fizeram com que a Swatch começasse a ficar sob pressão: cerca de 50% das vendas eram provenientes da Ásia, e ocorreu o lançamento do Apple Watch”. Perante este cenário a equipa debruçou-se mais uma vez sobre o tema, analisando pontos como o posicionamento de mercado, concorrentes, riscos, etc, de forma a assegurar que este poderia ser um “bom” título a ter em carteira.

Focando-se essencialmente nesse ‘dowside risk’ citado em cima, Michael Clements deixou uma frase que resume bem o que procura para as carteiras dos fundos que tem a seu cargo: “para investir preciso que o mercado esteja “assustado” com temas como a Rússia ou a queda do preço do petróleo”.