A equipa de Obrigações Corporativas da Vontobel AM comenta as subscrições de emissões no primeiro semestre: existe apetite.
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A equipa de gestores de Obrigações Corporativas da Vontobel Asset Management comentou os três fatores que fazem prever um ano de 2024 bastante favorável para a dívida corporativa. O principal é a política monetária dos países desenvolvidos, tanto a do BCE como a da Fed.
Também apontam para a IA como fator deflacionário e responsável por aumentar a produtividade e a qualidade creditícia, que se tem mantido relativamente estável. Acrescentam ainda um quarto fator: a forte procura por emissões de dívida ou de scarcity values.
Os dados de inflação nos EUA, segundo Powell, são percalços
Apesar do movimento do aumento das obrigações norte-americanas, como resultado de dados de inflação, Mondher Bettaieb-Loriot, responsável de Obrigações Corporativas da Vontobel AM, e Claudia Fontanive-Wyss, ambos gestores do fundo Vontobel Euro Corporate Bond, com Rating FundsPeople 2024, consideram que o panorama continua animador para o corte de taxas, tanto para os EUA como para a Europa. “Observamos uma normalização na inflação através de vários indicadores”, aponta Fontanive-Wyss.
Quanto às pressões inflacionárias nos EUA, do lado do emprego, Mondher acrescenta que, nos últimos 12 meses, o número de imigrantes aumentou, fazendo crescer a reserva de mão de obra e contribuindo para a estabilização do aumento salarial. “O que aconteceu em janeiro e fevereiro são percalços, e mesmo com eles, Powell afirmou que o caminho da inflação para 2% vai começar a moderar-se”.
A inflação poderá levar a cortes na Europa em junho ou antes
Respetivamente à Europa, a diminuição de previsões e projeções de crescimento e inflação fazem com que a flexibilização da política os obrigue a agir em junho, com a ameaça da inflação a continuar a dissipar e com o aumento salarial mais moderado até agora. Nas últimas reuniões de política monetária, o BCE deixou a porta aberta para cortes de taxas em junho “ou até antes, visto que a inflação se encontra em 2,9% e o objetivo é 2,6% para o final do ano”, sublinha.
Para o gestor, quando esse corte de taxas se concretizar, a economia vai começar a acelerar, com outra dinâmica nos empréstimos, no consumo e, em geral, nas expetativas. Acrescenta que, quando começarem a descer as taxas, “o segmento de mercado monetário vai pagar menos, e todo o fluxo de dinheiro para os monetários vai voltar para outros segmentos, como o de crédito corporativo”, um vento favorável a ter em conta, sublinha a equipa da Vontobel. A cogestora aponta para dígitos à volta dos 400.000 e 600.000 milhões (segundo o BofA), que poderão sair do mercado monetário e voltar para outras classes de ativos.
Outros fatores favoráveis para o crédito corporativo
Além dos potenciais cortes de taxas, o responsável de Obrigações Corporativas da Vontobel AM menciona os avanços na revolução digital, que se traduzirão em aumentos de produtividade (além de ser deflacionária), e a solidez da qualidade creditícia (com ligeiros aumentos nas taxas de default, menores do que os esperados), bem como as perspetivas favoráveis de lucros empresariais.
Quanto à qualidade creditícia, Fontanive-Wyss comenta que, segundo os dados recentes publicados pelo S&P, a taxa de default foi estável em 2023 e 2024, à volta de 3,5% na Europa, e Bettaieb-Loriot acrescenta ainda que, se reduzirem as taxas, isto irá melhorar ainda mais, visto que as empresas poderão refinanciar-se a taxas mais baixas.
“Com spreads de crédito que continuam a oferecer valor e potencial para melhorarem, os investidores podem encontrar amplas oportunidades neste espaço”, aponta Mondher. Além disso, considera que as perspetivas para as obrigações corporativas globais e high yield parecem promissoras para serem consideradas uma opção atrativa para quem procura retornos favoráveis e estáveis nas suas carteiras.
Um bom início de ano para o mercado primário
Os cogestores comentam que o primeiro trimestre do ano foi marcado por novas emissões de dívida corporativa, cujo volume foi bastante absorvido pelos participantes do mercado. Neste sentido, Mondher sublinha que a estimativa de oferta líquida de novas obrigações em 2024 para crédito corporativo encontra-se nos 35.000 milhões de euros, e se 10% dos 600.000 milhões de fluxos forem para crédito corporativo, a oferta não irá cobrir a procura, sendo portanto um fator de escassez que também apoia o segmento de obrigações em que investem.
Do total emitido, metade correspondeu a títulos não financeiros, embora, segundo os cogestores, continue a ser baixo para a potencial procura por parte dos investidores, e é um dos fatores que também joga a favor do fundo.
Comentam que houve emissões subscritas mais de quatro vezes, como a oferta de obrigações verdes a longo prazo da E.ON, o que mostra o forte apetite por parte dos investidores nestes scarcity values.
Outro segmento em que participaram durante o trimestre foi o de obrigações híbridas corporativas, mas Bettaieb-Loriot incide especialmente no setor financeiro, com emissões bastante atrativas e que estão em linha com a sua estratégia de investimento de trocar as obrigações com cupões mais baixos por outras de maior rentabilidade. Reconhece que há valor em dívida bancária, como os AT1.
Posicionamento da carteira
Quanto à visão das taxas de juro, Mondher afirma que a sua carteira está a aumentar ligeiramente a duração, levando-a para o prazo de vencimento médio de 5,53 anos em comparação com os 4,8 anos do índice de referência, e ainda uma maior rentabilidade a vencimento, de 4,29% vs. 3,66%.
Quanto ao total de emitentes, a carteira conta com 129 nomes (quase um sexto respetivamente ao benchmark), com mais de 50% em dívida sénior e um forte peso no setor financeiro (bancos e seguros).