Monetários ou fundos de obrigações curto prazo? Que produtos se comportam melhor em períodos de subida de taxas?

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Hamxa Butt, Flickr, Creative Commons

Embora ainda não esteja claro quando o BCE irá começar a aumentar o preço do dinheiro, os investidores estão a preparar as suas carteiras para encarar uma subida de taxas de juro na Europa. A estratégia parece tirada de um manual: em períodos de subidas de taxas, reduzir a duração com fundos que investem em obrigações com vencimentos curtos, ao serem muito menos afetados pelas subidas de taxas a longo prazo. Neste sentido, os monetários e os fundos de obrigações a curto prazo são os produtos para os quais os investidores estão a olhar, mas… quais são mais adequados para enfrentar um contexto de subidas de taxas?

Obviamente, a chave está em selecionar o produto adequado, já que se trata de categorias onde cada produto se pode mover em determinadas faixas e onde se pode verificar uma grande dispersão. No entanto, analisando o que aconteceu nos Estados Unidos, onde a Reserva Federal avançou muito na sua política de subida das taxas de juro, pode-se observar que “a curto prazo, é melhor estar num monetário do que num fundo de obrigações de curto prazo”, assegura Fernando Luque, editor financeiro na Morningstar. Segundo explica o especialista, a razão deve-se fundamentalmente às comissões.

Neste sentido, o facto de os fundos de obrigações de curto prazo apresentarem, em média, comissões mais elevadas faz com que, no outro lado do Atlântico, os monetários sejam neste momento, os produtos mais interessantes. “Os fundos de obrigações de curto prazo nos Estados Unidos não subiram muito nos últimos seis meses já que tem de se ter em conta as comissões que cobram, que se situam à volta dos 0,8% anuais do custo total. Pode-se ganhar dinheiro quando as taxas de juro sobem. E ganha-se mais quando os custos são mais baixos. Por isso, se comparamos a evolução dos fundos monetários (investidos a muito curto prazo) com a dos fundos de obrigações a curto prazo, os primeiros ganham mais”, revela Luque.

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A pergunta é… o que é que os investidores europeus estão a fazer este ano? A resposta: tirar o seu dinheiro tanto dos fundos de obrigações em geral como dos produtos monetários. Entre janeiro e outubro, os reembolsos registados em ambas as categorias na Europa alcançaram os 80.000 milhões de euros (40.000 nos primeiros e outros 40.000 nos segundos). Estes fluxos apenas se viram compensados pelas entradas de aproximadamente 10.000 milhões que os ETFs de obrigações registaram no mesmo período, um movimento interessante que Detlef Glow, diretor de Análise da Lipper para a EMEA, aponta para a procura de clareza por parte do investidor.

Num contexto de subida de taxas é previsível esperar novas saídas nos fundos de gestão ativa de obrigações. O que é mais complicado de justificar é porque está a entrar dinheiro nos ETF, se estes produtos se vêm igualmente expostos ao risco que pressupõe que os bancos centrais endureçam a sua política monetária. "Na minha opinião, acredito que isto é simplesmente uma procura por parte do investidor de transparência e liquidez”, opina o especialista na décima sétima edição da European Fund Distribution Landscape Seminar organizada pela Accelerando Associates. De qualquer das formas, isto realça que o investidor europeu está preocupado com os efeitos que um cenário de subidas de juros possa provocar no mercado.