Morningstar volta a pronunciar-se sobre o fundo H2O Allegro e outorga-lhe agora um rating de “neutro”

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dogens, Flickr, Creative Commons

Passou apenas uma semana desde que a Morningstar decidiu suspender o rating de um dos fundos da H2O AM face às dúvidas sobre a iliquidez de parte da sua carteira de obrigações, e sobretudo, face ao medo de que houvesse um conflito de interesses como consequência dessas posições. E agora a empresa de análise de fundos decidiu voltar a pronunciar-se sobre este produto, ao outorgar-lhe um rating de “neutro”.

“O H2O Allegro é gerido por uma equipa experiente em análises top down em obrigações de governo e divisas. Mas esta equipa tomou a decisão de investir uma parte da carteira do Allegro em obrigações ilíquidas corporativas de alto risco e sem liquidez, todas vinculadas ao empresário alemão Lars Windshirst, aumentando as dúvidas sobre a força do processo de seleção de valores aplicado. Isto soma-se às nossas dúvidas anteriores sobre a eficiência deste fundo no momento de levar a cabo os seus controlos de risco, o que resulta num rating Morningstar de neutro”, refere a analista Mara Dobrescu.

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Concretamente, no relatório a empresa analisa cinco variáveis do fundo, desde o processo de investimento até ao preço do mesmo e outorga uma nota negativa tanto à carteira do fundo como ao estilo aplicado no processo. “Esta abordagem orientada para o retorno absoluto deu resultados espetaculares a longo prazo, mas o fundo também superou repetidamente o seu objetivo de volatilidade, numa faixa entre 7% - 12%, e o seu limite VaR semanal. Também temos dúvidas sobre a força dos valores e a política aplicada às obrigações líquidas do fundo até junho de 2019, já que a maioria dessas obrigações foram vendidas abaixo do preço de mercado”, refere a analista. Isso sim, continua a considerar como “positiva” a rentabilidade obtida pelo fundo ao mesmo tempo que outorga uma abordagem “neutra” no que se refere à equipa gestora e ao preço, e mantém o do seu parceiro Natixis IM.

Os reembolsos são contidos

Apesar do novo rating da Morningstar dista de se parecer ao “bronze” de que disfrutava o H2O Allegro até ao passado 19 de junho, a publicação do relatório vem dar uma certa normalidade à telenovela que a gestora protagonizou desde há uma semana. Um caso que provocou muitas comunicações por parte tanto da H2O AM como da Natixis IM. A segunda reforçou a sua confiança na gestora nas mãos de Bruno Crastes em várias ocasiões ao mesmo tempo que optou por adiantar para junho a auditoria que periodicamente realizam todas as suas filiais (conta com 25).

Por sua vez, a H2O AM optou por vender uma grande parte das obrigações de várias empresas do empresário alemão, que valem 500 milhões de euros e cujo impacto nos fundos afetados (H2O Allegro, H2O Adagio e H2O Multibonds) calcularam que representava entre 3 e 7% do seu valor liquidativo ao mesmo tempo que Crastes se demitia do conselho da Tennor Holdings, uma das empresas de Windhorts.

Isto não evitou que o nervosismo se dispersasse entre os investidores que reagiram ao vender ações em bolsa da Natixis (nos dois dias posteriores a notícia chegou a perder 12% do seu valor na bolsa) e resgatar as suas posições os fundos da H2O AM. De fato, segundo os dados da Morningstar desde a passada quarta-feira 19 de junho, quando se tornou público que o rating do H2O foi posto sob revisão, no passado 25 de junho os fundos da gestora registaram 4.744 milhões de euros em resgates.

Ainda assim a empresa mostra-se tranquila e assegura que grande parte dessas saídas de dinheiro aconteceram nos primeiros dias após se saber da notícia e afirma que desde a passada segunda-feira estão até a acontecer entradas de dinheiro. “A H2O está satisfeita por poder confirmar que existiram subscrições importantes desde a passada segunda-feira e que atualmente (referindo-se a 26 de junho) o património é de 27.000 milhões de euros”, refere a gestora ao mesmo tempo que recorda que eliminou as comissões de entradas em todos os seus fundos sine die. O número representa 12,9% menos do património com o qual contava no fecho de março.

Não obstante, segundo os dados estimados da Morningstar, na segunda-feira 24 e na terça-feira 25 continuaram a registar-se mais saídas do que entradas de dinheiro ainda que estas tenham sido mais moderadas que em jornadas anteriores. A empresa não oferece ainda dados do dia 26. No caso da Natixis IM também está a protagonizar um bom dia de bolsa, já que hoje as suas ações deram um grande salto e subiam 3% esta quinta-feira.