Mudança de sentimento na Europa: é altura de fazer um balanço

Europa
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O segundo trimestre de 2015 está quase a terminar, e neste período de tempo foram alguns os acontecimentos marcantes.  Numa análise mais profunda do tempo decorrido, a J.P. Morgan Asset Management emite a sua visão do mundo, traçando também perspetivas futuras. “Os mercados estão no caminho certo para se sentirem mais positivos em relação à Europa, comparativamente com o início de 2015”, explicam no seu Worldview do 2.º trimestre. 

Stephanie Flanders, Chief Market Strategist para o Reino Unido e Europa, é a primeira a abordar esse maior positivismo em relação ao velho continente. “Existiu uma clara mudança de sentimento nos primeiros meses de 2015, com os investidores globais  a estarem mais positivos relativamente à Europa, e ligeiramente menos positivos no que diz respeito ao mercado norte-americano”. Os mercados de ações ressentiram-se. “A 8 de maio o principal índice Stoxx 600 apresentou um retorno total de 18% em moeda local, comparando com o retorno total – em dólares – de apenas 3,5% do S&P 500”, reiteram.

Se por um lado alguns investidores já colheram os frutos dos desenvolvimentos positivos na Europa, por outro lado, chegou agora uma fase de extremo cuidado. “A queda no mercado de ações e especialmente nos mercados de obrigações europeus no final de abril e no início de maio, bem como a contínua discussão sobre um novo acordo de financiamento para a Grécia, têm levantado questões sobre a durabilidade desta mudança de sorte”. Posto isto, a alteração de sentimento na Europa será apenas um resultado de curto prazo proveniente do facto de existir uma moeda barata e um grande fornecimento de liquidez por parte dos Bancos centrais, ou estamos a falar de uma hipótese mais duradoura?

Para que o positivismo seja mais duradouro... e justificado 

Na perspetiva da gestora internacional existem mais motivos para que exista um onda de otimismo e brilho ainda maior na Europa, para além da desvalorização da moeda. Contudo, a “recente volatilidade nos mercados mostra que os investidores têm comprado impulsionados pela expectativa de uma recuperação, mais do que motivados pela realidade”. Para que a “fé” dos investidores se torne mais definitiva e justificada relativamente aos ativos europeus, Stephanie Flanders entende que é necessário “um consumo e investimento mais elevados”, mas igualmente “uma retoma duradoura nos lucros das empresas”.

O recente sell-off vivido nos mercados acende as “luzes vermelhas” relativamente aos riscos de investir em obrigações nos níveis atuais. A especialista da casa recorda que “nos apenas 12 dias que precederam o dia 8 de maio, o declínio no preço nas obrigações do índice alemão foi suficiente para pôr fim a 60 anos de retornos que valeram a pena”. O recente ciclo de volatilidade mostra diversas aspectos, e um deles é que “nestes valores as obrigações core não são ativos ‘risk free’". 

Muito se continua a falar sobre o contributo das moedas para uma economia. Da gestora pegam no exemplo inglês para referir - e demonstrar – que “a divisa não pode ser capaz de tudo, e nem mesmo um banco central”. “Para que a recuperação ganhe o seu próprio momentum, as famílias europeias e as empresas também têm de se tornar mais confiantes no futuro, e o crescimento global precisa de continuar a recuperar”.