“Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe”

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Miss Caami, Flickr, Creative Commons

Não é novidade que o mercado de imobiliário em Portugal não atravessa a melhor fase de sempre. O cenário complexo que abrange mudanças regulatórias, mas também a própria conjuntura inerente às insolvências, e aos incumprimentos nos pagamentos de rendas, são alguns dos factores que condicionam a evolução do negócio. Mas, em certa medida, os “primeiros” ventos de mudança e de recuperação, podem também ser estendíveis ao sector dos fundos imobiliários.

Preparar o fim do ciclo negativo

Algumas das entidades contactadas pela Funds People mostram-se esperançosas em relação ao que pode vir daqui para a frente, tanto a nível nacional como europeu. José Pedro Belmar, da Popular Gestão de Activos, refere precisamente que “à semelhança do que está acontecer nos EUA e em algumas zonas da União Europeia e Ásia, esperamos a recuperação do sector, primeiro em relação ao volume de transações e depois nos preços”. Manuel Puerta da Costa, da BPI Gestão de Activos, aponta mesmo que o caminho a fazer-se no sector estará ligado a “uma maior profissionalização e concentração em grandes grupos de gestores de activos, por um lado, e por um menor nível de participação de investidores de retalho, mais avessos ao risco”. Também numa perspetiva de fim de ciclo negativo, António Serralha Ferreira, da Silvip, indica que “se tal se confirmar e se consolidar, então teremos, de novo, um mercado imobiliário em que a procura aumenta, recuperando da quebra das rendas, embora com critério e sem euforias”.

Interesse dos investidores institucionais

No entanto, à Funds People, foram várias as entidades que descortinaram estratégias futuras que parecem ser presságios dos “bons ventos” referidos em cima. Pedro Coelho, da Square Asset Management, indica que  “o mercado tem vindo a ter alguma ‘animação’ do lado da procura, principalmente por parte de investidores estrangeiros institucionais e family offices”.

 Da Banif Gestão de Activos, por exemplo, Jorge Carvalho, reforça “que poderão surgir oportunidades no mercado para o lançamento de novos fundos”. Vai mais longe e indica que “do interesse dos investidores institucionais poderá surgir a oportunidade de lançamento de novos fundos perfeitamente direcionados a determinados sectores ou classes de activos”. Na entidade encaram portanto a possibilidade de “proceder à ‘reformulação’ de fundos já existentes que possam ser ajustados às necessidades desses mesmos potenciais investidores”.

Tendências de futuro

Para já o lançamento de novos fundos imobiliários na ESAF, é uma hipótese posta de lado por José Salgado, da entidade. No entanto, acredita que o sector irá evoluir em torno de duas hipóteses: “fusão e concentração de fundos com produtos imobiliários que carecem de maturidade e gestão de longo prazo”, ou através de investidores institucionais que pretendem investir em Portugal através da constituição de fundos/sociedades imobiliárias”.

Novos produtos “na calha”

Com novidades mais concretas para este ano, aparece por exemplo a Selecta, que apesar de não poder revelar grandes pormenores, está “a preparar outros fundos, para investidores estrangeiros, que acreditam no know-how da entidade”, confirma José António de Mello. Da Fundbox, Rui Alpalhão, indica que estão neste momento “a trabalhar no lançamento de um fundo para adquirir ativos de retalho, para colocação junto de um family office inglês".

Com apenas um fundo sob gestão (fundo VIP), a Silvip também “pretende alargar a sua atividade à gestão de outros fundos FIIs, nomeadamente fechados”.