Nicolas Chaput (Oddo BHF AM): “A inovação está mais do que nunca no centro das nossas estratégias comerciais”

Nicolas Chaput Oddo BHF AM
Nicolas Chaput. Créditos: Cedida (Oddo BHF AM)

Para a Oddo BHF Asset Management 2021 foi particularmente bem-sucedido. Apesar da pandemia, a gestora reforçou a sua presença internacional com a aquisição pelo grupo do banco suíço Landolt & Cie e da boutique francesa Métropole Géstion. Operações que demonstram o desejo de crescimento da empresa num contexto complexo para o setor devido à pressão sobre as margens e à consolidação da indústria nas mãos de alguns grandes players.  

Mas isso não impediu a gestora de tomar decisões ambiciosas para desenvolver as atividades e o leque de competências. “A crise reforçou a necessidade de ser flexível e inovador num ambiente em que a digitalização se tornou cada vez mais importante.  Até à data, os nossos 65 mil milhões de património dão-nos uma dimensão que nos permite ser recetivos na nossa estratégia e oferta”, afirma Nicolas Chaput, CEO da ODDO BHF AM, em entrevista exclusiva à FundsPeople.  

Três tendências no setor da gestão

A gestão está a revelar-se particularmente ativa, enriquecendo a sua oferta em consonância com as três principais tendências do setor:  investimentos sustentáveis, ativos  não cotados  e fundos temáticos. Especialmente neste último ponto. A Oddo BHF AM expandiu a sua gama de ações temáticas globais, utilizando insights inovadores como a Inteligência Artificial dentro do processo de investimento. “A IA permite-nos descobrir, a partir de um universo bastante grande de ações, oportunidades, particularmente em pequenas e médias empresas que normalmente escapam ao radar”, explica Chaput. O seu primeiro fundo de ações globais temáticas, o ODDO BHF Artificial Intelligence, acaba de completar um histórico de três anos. Desde então, desenvolveram fundos investidos em empresas focadas na transição ecológica (ODDO BHF Green Planet), na revolução alimentar (Best Selection in Food Industry) e na revolução financeira (ODDO BHF Future of Finance).   

A esta aposta soma-se o crescimento que preveem no mercado privado.  “Gradualmente, a classe de ativos está a abrir-se a clientes menos institucionais e mais de retalho. Será uma área de desenvolvimento importante nos próximos anos”, explica.

Um 2022 dedicado à inovação...

2022 será o ano da mudança. Após dois anos de pandemia, o mundo foi profundamente transformado. As novas tendências ecológicas e de digitalização afetaram todos os setores. Isto inclui a gestão de ativos. “A inovação está, mais do que nunca, no centro das nossas estratégias de negócio, tanto através de novos produtos como através das ferramentas que usamos”, afirma Chaput. “No nosso setor, o uso da Inteligência Artificial em toda a cadeia de valor é provavelmente um dos motores que vai revolucionar os processos de TI, tecnológicos e produtivos. Tal como a blockchain, por exemplo, com a sua capacidade de rastrear, simplificar e reduzir custos em processos de liquidação de valores”, sublinha o CEO.

Do lado do cliente, a digitalização e a melhoria da experiência do utilizador estão no caminho certo para revolucionar as práticas e alterar a relação entre gestores e investidores, proporcionando um melhor acesso à informação e uma melhor compreensão das necessidades dos clientes, defende. Na sua opinião, as novas tecnologias trarão novos serviços aos investidores. “O surgimento de empresas de gestão virtual é uma nova realidade.  As soluções de investimento aplicadas à reforma também estão em expansão”, prevê.

... e a procura pela qualidade e sustentabilidade

A inflação deverá continuar em 2022. A grande questão para os investidores é como é que os bancos centrais vão responder a este desafio. Como as empresas se vão adaptar e quais serão beneficiadas. “Neste contexto, recomendamos que se concentre nas classes de ativos que acreditamos que vão limitar a erosão do capital causada pela inflação, incluindo as ações cotadas. E isto, tanto através de fundos de ações globais temáticas como através de fundos diversificados.  O ponto-chave para 2022 será adotar uma abordagem de investimento que favoreça as ações de value e growth”, propõe Chaput.

Segundo o executivo, a procura de investimentos sustentáveis continuará a sua trajetória de crescimento. Ocupará proporções cada vez maiores nas carteiras dos investidores, penetrando a oferta do produto para redesenhar completamente a forma como as gestoras de ativos funcionam e o seu papel social.  “Estamos comprometidos com esta abordagem há mais de 15 anos. Somos signatários dos PRI com uma classificação A+ desde 2010”, recorda o CEO.

“Temos uma política de exclusão forte para todos os nossos fundos”, insiste. 67,7% dos seus fundos (ou seja, 17,3 mil milhões de euros, dados de 30 de novembro de 2021) integram critérios ESG no seu processo de investimento e estão classificados nos artigos 8.º ou 9.º da SFDR. “Hoje oferecemos uma gama completa de fundos ESG em ações, obrigações e gestão diversificada. Alguns fundos, por uma questão de transparência para os nossos investidores, também são referidos como ISR/ESG”, diz.