O gestor do EdR Bond Allocation, que conta com Selo FundsPeople 2021 pela sua classificação de Blockbuster, fala sobre as oportunidades e os riscos que apresenta o mercado de obrigações.
Numa altura em que a incerteza sobre o crescimento económico está a crescer e em que se fala de normalização na política monetária dos bancos centrais ao fim de anos, embora a conta-gotas, é essencial ser flexível quando o universo em que se investe é o das obrigações, em constante mudança. E essa é uma das principais características-chave do fundo EdR Fund Bond Allocation, da Edmond de Rothschild AM que conta com Selo FundsPeople 2021 para a sua classificação de Blockbuster.
Este produto, gerido por Nicolas Leprince, desenvolve o seu processo de investimento com base numa análise macro que combina uma seleção top down com um único objetivo de gerar rentabilidade no prazo de três anos, assumindo apenas os riscos que são necessários, e não mais. Neste momento alcança esse objetivo de rentabilidade, uma vez que, como explica o gestor em entrevista à FundsPeople, “97% dos nossos clientes tiveram um retorno positivo com o fundo, independentemente de quando entraram”.
A forma de selecionar as emissões que incluem na carteira é, no mínimo, particular, uma vez que o gestor não está encarregue de selecionar as empresas ou as emissões em si. É disso que a equipa de 30 analistas especializados em crédito está encarregue. O papel de Leprince é determinar a alocação a setores e regiões na carteira, mas não os nomes que se incluem.
Porquê continuar a ter dívida pública
Atualmente, o maior peso na carteira é pertence às obrigações governamentais, tanto em mercados desenvolvidos como emergentes. O gestor explica que com as obrigações soberanas dos mercados desenvolvidos recebem proteção para o portefólio. “A principal razão para as ter é reduzir o risco na carteira. Acreditamos que o BCE continuará muito presente nos mercados, especialmente em Itália e Espanha, mas também na Grécia e em Portugal”, afirma.
No crédito, também continua a ser positivo, uma vez que não vê o risco de um aumento estrutural da inflação ou de um impacto significativo no mercado da dívida causado pela crise da Evergrande. “O risco da Evergrande é muito limitado e não houve qualquer impacto nas obrigações ou ações. Na China, o grande risco é o da desacaleração, mas é algo que já será visto no primeiro trimestre de 2022”, vaticina o gestor.
Sem medo da inflação, mas receio da desaceleração
Na verdade, é a desaceleração da economia e não a inflação o grande risco que considera que enfrenta uma carteira como a sua. “Vemos o boom da inflação como algo transitório, mas que vai descer nos próximos 12-18 meses”, prevê o gestor.
Não teme uma mudança radical na política monetária por parte da Fed. “O mercado está a exagerar no que toca a Fed. O gráfico de pontos não é um reflexo do que a Fed vai fazer, uma vez que temos de ter em conta que há dois membros da Fed, ambos muito hawkish, que vão ser trocados por mais dois dovish”, afirma. E, na verdade, defende que a taxa de 1,75% pode ser um bom ponto de entrada para incluir TBonds em carteiras. Claro que, em duração nos EUA, optam atualmente por adotar posições curtas.
Na parte do crédito, vê oportunidades tanto no investment grade como no high yield, embora considerem que este último gera as maiores oportunidades a curto prazo, uma vez que não vê risco de liquidez ou desejo de vender o ativo, embora queira proteger-se através de coberturas. “O high yield deve ter melhor desempenho nos próximos meses e a dívida bancária também tem bons fundamentais, com o apoio dos bancos centrais. Gostamos especialmente das emissões de BB das obrigações financeiras e do high yield europeu”, afirma o gestor.