Nova subida de taxas: reações dos gestores ao movimento da Fed

jerome powell
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Tal como tudo indicava, a Reserva Federal subiu as taxas de juro em 25 pontos base, esta quarta-feira, para o intervalo de 2-2,25%, o nível mais alto da última década. É a terceira subida deste ano e o mercado prevê que se verifique uma quarta subida antes do final de ano, na reunião de dezembro.

Para a grande maioria, o movimento chega sem surpresas. O caminho da Fed este ano esteve traçado quase desde o início do ano, inclusive com as perturbações em relação ao comércio. “O crescimento, a criação de emprego e as dinâmicas de preço apontam para uma necessidade de condições monetárias mais ajustadas”, defende Axel Botte, estratega da Ostrum AM.

Mas há uma leitura que se tem de analisar pormenorizadamente e que não estava tão atualizada: a eliminação da palavra “acomodatícia” da sua declaração. Para Carl Eichstaedt, gestor de obrigações na Western Asset (Legg Mason), “poderá constituir um sinal de que o seu ciclo de subidas de taxas fará uma pausa”. James McCann, economista global senior da Aberdeen Standard Investments, concorda: “Isto poderá ser tido em conta como uma indicação de que a Fed agora agirá com cautela no processo de ajuste monetário, ou poderá simplesmente refletir o desejo do presidente Powell de proporcionar um guião menos concreto sobre estes assuntos, especialmente depois das previsões de aumento de taxas não terem variado e de se ter ajustado ligeiramente a estimativa de crescimento para uma subida”.

Contrariamente ao grande consenso, Eichstaedt é dos poucos que não vê uma quarta subida em dezembro de 2018 assim tão clararamente, “porque poderemos observar um aumento na parte curta da curva de yields, o que será positivo para os mercados emergentes e para a dívida corporativa”.

Posto isto, segundo indica o dot plot da Fed, 12 organismos governamentais votam a favor de outra subida em dezembro. Assim, são mais oito membros do que nas projeções de junho. Apenas quatro irão optar por manter as taxas esse mês.

Depois disto até onde irá a Fed? “Se os dados permitirem, parece que mais uma subida estará em cima da mesa em 2018. Sem dúvida de que as previsões da Fed para 2019 irão ser vigiadas de perto se o aumento das tarifas impostas ao comércio estiverem a ter consequências adversas”, comenta após a decisão Kevin Flanagan, estratega senior de obrigações da WisdomTree. “Os investidores de obrigações continuarão à procura de soluções para se protegerem das subidas. Uma aposta popular são os TIPS (Treasuries americanas ligadas à inflação)”.