novobanco informou a semana passada que o seu acionista principal deu luz verde ao início de um processo de IPO. Boas notícias para o mercado acionista nacional, comenta a Sixty Degrees, que assinala que a avaliação do banco pode, contudo, mudar caso seja comprado por concorrente.
Na passada semana, o novobanco informou o mercado sobre a sua intenção de entrada em bolsa. Numa comunicação formal à CMVM, podia ler-se que o banco "informa que recebeu indicação formal da Nani Holdings S.à r.l, a qual foi comunicada igualmente aos restantes acionistas, Fundo de Resolução e o Estado Português, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, para iniciar um processo de oferta pública das ações do Banco (“IPO”), nos termos do acordo de acionistas".
Na mesma informação enviada ao mercado, a instituição bancária referia que "irá trabalhar em coordenação com os seus acionistas na implementação do IPO nos próximos meses".
Francisco Costa Baptista, analista da Sixty Degrees, considera que o setor bancário está, cada vez mais, a mostrar a sua atratividade atual. Recorda que "após anos de restruturação, o setor bancário português melhorou substancialmente a sua situação e apresenta-se agora em linha com a média da zona euro em várias métricas chave". O rácio de crédito vencido, assinala, "passou de 18%, em 2015, para apenas 2,7% em 2023", enquanto "a rentabilidade (ROE) do setor subiu para perto de 18%, no final do 3º trimestre de 2024, o que compara com 3% em 2018". Para o analista da sociedade gestora, "esta melhoria significativa, caso se mostre resiliente, poderá manter o setor apetecível para o investimento bolsista"
Entrada do novo banco em bolsa: "excelente ideia"
Como gestores de um fundo de investimento que investe no mercado acionista português, a Sixty Degrees vê, claro, com bons olhos a entrada do banco em bolsa. "Face ao reduzido universo de empresas, a possibilidade do novobanco ser cotado na Euronext – Lisboa parece-nos uma excelente ideia. Como é evidente, a atratividade desse mesmo investimento vai depender da valorização a que a operação for feita", refere Francisco Costa Baptista.
O analista da sociedade gestora recorda que "o novobanco é quarto maior banco em Portugal, com uma quota de mercado de 10%, tanto em depósitos como em crédito e os seus créditos são maioritariamente focados no setor empresarial, constituindo cerca de 60% do total dos mesmos". Com um rácio de crédito vencido em torno dos 4% e um ROE de 19%, o analista sublinha que "as primeiras estimativas para a avaliação do banco surgem em torno dos 5 mil milhões de euros, valor que estaria em linha com o P/TBV das operações ibéricas dos bancos diretamente concorrentes". Contudo, assinala que se o banco for adquirido por outro concorrente, as condições podem mudar. "A avaliação do banco poderá ser diferente caso seja comprado por um concorrente com operações em Portugal, estimando-se aí poupanças acumuladas que poderão andar em torno dos 750 milhões de euros", conclui.