André Themudo, responsável de negócio em Portugal da BlackRock, afirmou que 2025 será um ano para adotar uma abordagem mais ativa e dinâmica, com uma carteira 50/30/20.
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O regime económico global está em plena transformação e a BlackRock, à semelhança de outras gestoras, aponta os EUA como o grande protagonista das principais oportunidades de investimento para 2025. André Themudo, responsável de negócio em Portugal da BlackRock, afirmou que a força do mercado norte-americano baseia-se em três pilares fundamentais: um sólido crescimento económico, o impacto transformador da inteligência artificial (IA) e o renovado impulso da sua política energética.
André Themudo afirma que 2025 será um ano para adotar uma abordagem mais ativa e dinâmica, reequilibrando carteiras para ativos mais diversificados, de qualidade e assumindo maior risco. “Esta transformação estrutural está a exigir que os investidores deixem para trás o tradicional modelo 60/40 e passem a ter uma estrutura mais diversificada, com 50% em ações, 30% em obrigações e 20% em investimentos alternativos”, explica. Estas últimas, acrescenta, estão a emergir como um canal fundamental para oportunidades futuras, graças ao seu potencial de diversificação e à sua crescente acessibilidade.
Além disso, a BlackRock coloca uma ênfase clara na convergência de cinco megaforças que estão a redefinir o contexto económico e financeiro global: a inteligência artificial, a transição energética, desglobalização, envelhecimento da população e mudanças nas finanças públicas. Estas forças não só aumentam o leque de possibilidades económicas, segundo a entidade, como também obrigam os investidores a repensar como posicionam as suas carteiras para enfrentar um regime marcado pela volatilidade e a incerteza.
Convicções claras para 2025: EUA, Japão e uma visão tática sobre a China
Em termos geográficos, a BlackRock reforça a sua convicção nas ações norte-americanas, aumentando a sua sobreponderação para +2, um nível que não atingia há anos. “Há muito tempo que não o víamos tão claro”, afirmou o diretor de Vendas. Este otimismo, afirma André Themudo, “é apoiado pelo crescimento robusto da economia norte-americana, o impulso da IA e a qualidade das empresas, que apresentam balanços saudáveis e lucros empresariais sólidos, projetados para crescer cerca de 15%”.
O Japão também figura como um mercado-chave. A BlackRock observa que as reformas corporativas no país asiático estão a impulsionar os lucros e as rentabilidades para os acionistas, levando o mercado a máximos não vistos em 35 anos. Entretanto, a entidade mantém um posicionamento tático na China, onde vê sinais de expansão económica, aumento do consumo e estímulos económicos que fazem deste mercado uma oportunidade a curto prazo, “embora com maior incerteza a longo prazo”, explica André Themudo.
Por outro lado, preferem manter uma certa cautela em relação à Europa, especialmente em ações, onde as perspetivas de crescimento são menos encorajadoras devido a incertezas políticas e comerciais, incluindo as eleições de 2025 na França e na Alemanha. Por sua vez, nas obrigações, a Europa emerge como um mercado mais atrativo, especialmente em dívida britânica e investment grade. Em obrigações norte-americanas, André Themudo destacou as oportunidades na parte curta da curva de yields (3-10 anos), que atualmente oferece rentabilidades superiores a 5%.
IA e transição energética: os pilares do crescimento futuro
A IA e a transição energética consolidam-se como dois dos eixos centrais das megaforças identificadas pela BlackRock. Segundo a gestora, a IA está ainda numa fase inicial, mas com um enorme potencial: estimam que esta tecnologia poderá acrescentar 1,5 pontos percentuais ao crescimento económico anual dos EUA. André Themudo destacou que esta tecnologia já está a começar a transformar setores como o da saúde e das finanças, com um impacto que se expandirá à medida que mais indústrias adotem soluções baseadas na IA.
A transição energética, por outro lado, embora enfrente desafios, é descrita como “uma das maiores oportunidades de investimento da história”, segundo afirma o profissional. “Embora exista algum cansaço em alguns setores, se for gerida de forma ordenada, pode gerar um impacto económico de 25% nas próximas décadas”, afirmou.
“Os mercados públicos e privados têm uma responsabilidade partilhada no financiamento destas transformações”, afirmou André Themudo. Neste sentido, a entidade aposta em investimentos em infraestruturas, proteção de dados, energia e tecnologias relacionadas com a IA, enfatizando que a cooperação entre setor público e privado será essencial para conseguir avanços significativos.