O sector analisa quais as consequências que os protestos no país podem ter nos investimentos.
Se as revoltas que ocorreram na primavera árabe atingiram países de pouco peso no mundo emergente, como foi o caso da Tunísia, Líbia e Egipto, os protestos e manifestações alcançaram mercados mais relevantes, como é o caso do Brasil. Segundo, a gestora Invesco, o país tem percorrido um grande caminho durante os últimos 20 anos. “O rácio de pobreza tem-se reduzido para metade, com mais de 30 milhões de pessoas incorporadas na classe média. Como em qualquer outro país jovem e dinâmico com uma população crescente, os chamados “males de crescimento” formam parte do contexto. Uma massa trabalhadora com uma melhor educação e um acesso mais fácil às redes sociais exige mais dos seus governos. O aumento da prosperidade desperta frequentemente aspirações políticas e económicas da nova classe média”
Neste sentido, para a gestora do Invesco Latin American Equities, fundo que tem 60% da sua carteira alocado ao gigante latino-americano, o Brasil segue o mesmo caminho de muitos outros países do ocidente, o que é um sinal de que este jovem país está a amadurecer. Os gestores de fundos apostam em empresas com exposição ao sector do consumo, como por exemplo o comércio de retalho e a construção de vivendas e também o sector financeiro. As oportunnidades mais interessantes, na sua opinião, são as empresas brasileiras de médio capital. Também considera que as empresas de logística e transportes apresentam valores atractivos. Na Invesco acreditam que as actuais condições dos mercados proporcionam boas oportunidades para comprar acções latino-americanas a valores atractivos.
Com uma análise muito similar, Will Landers, gestor do BGF Latin America Fund e do BSF Latin American Opportunities Fund, considera que “as avaliações dos activos no Brasil continuam a situar-se na metade inferior dos valores globais e acreditamos que é um dos mercados mais atractivos do mundo. A pergunta é se dará os seus frutos em matéria de crescimento”. Por agora, a aposta do gestor da BlackRock no país é clara. No caso do BGF Latin American Fund, Landers pensa ter uma exposição com um peso de cerca de 68% da sua carteira a este mercado, contra 58% da ponderação que tem o país no índice de referência.
Marie-Aude Laurent, gestora do Amundi Funds Multi-Asset Emerging Markets, considera que o Brasil não sofre uma dependência tão importante dos fluxos internacionais devido a uma situação de conta corrente mais favorável, se bem que o crescimento da sua economia tem sido bastante modesto este ano; o investimento em infraestruturas não se tem desenvolvido tão rápido como se esperava e a inflação continua a ser um problema.