O Brasil pelos olhos de três gestoras internacionais

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Nik-in-Paris, Flickr, Creative Commons

Se as revoltas que ocorreram na primavera árabe atingiram países de pouco peso no mundo emergente, como foi o caso da Tunísia, Líbia e Egipto, os protestos e manifestações alcançaram mercados mais relevantes, como é o caso do Brasil. Segundo, a gestora Invesco, o país tem percorrido um grande caminho durante os últimos 20 anos.O rácio de pobreza tem-se reduzido para metade, com mais de 30 milhões de pessoas incorporadas na classe média. Como em qualquer outro país jovem e dinâmico com uma população crescente, os chamados “males de crescimento” formam parte do contexto. Uma massa trabalhadora com uma melhor educação e um acesso mais fácil às redes sociais exige mais dos seus governos. O aumento da prosperidade desperta frequentemente aspirações políticas e económicas da nova classe média

Neste sentido, para a gestora do Invesco Latin American Equities, fundo que tem 60% da sua carteira alocado ao gigante latino-americano, o Brasil segue o mesmo caminho de muitos outros países do ocidente, o que é um sinal de que este jovem país está a amadurecer. Os gestores de fundos apostam em empresas com exposição ao sector do consumo, como por exemplo o comércio de retalho e a construção de vivendas e também o sector financeiro. As oportunnidades mais interessantes, na sua opinião, são as empresas brasileiras de médio capital. Também considera que as empresas de logística e transportes apresentam valores atractivos. Na Invesco acreditam que as actuais condições dos mercados proporcionam boas oportunidades para comprar acções latino-americanas a valores atractivos.

Com uma análise muito similar, Will Landers, gestor do BGF Latin America Fund e do BSF Latin American Opportunities Fund, considera que “as avaliações dos activos no Brasil continuam a situar-se na metade inferior dos valores globais e acreditamos que é um dos mercados mais atractivos do mundo. A pergunta é se dará os seus frutos em matéria de crescimento”. Por agora, a aposta do gestor da BlackRock no país é clara. No caso do BGF Latin American Fund, Landers pensa ter uma exposição com um peso de cerca de 68% da sua carteira a este mercado, contra 58% da ponderação que tem o país no índice de referência.

Marie-Aude Laurent, gestora do Amundi Funds Multi-Asset Emerging Markets, considera que o Brasil não sofre uma dependência tão importante dos fluxos internacionais devido a uma situação de conta corrente mais favorável, se bem que o crescimento da sua economia tem sido bastante modesto este ano; o investimento em infraestruturas não se tem desenvolvido tão rápido como se esperava e a inflação continua a ser um problema.