Num pequeno-almoço organizado em parceria com a Generali Investments, os participantes partilharam as suas visões sobre o atual mercado de crédito e, em particular, sobre os segmentos investment grade e high yield.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Num pequeno-almoço organizado em parceria com a Generali Investments, onde foram abordados vários temas do atual cenário macroeconómico, Almudena Mendaza, head of Sales Iberia da Generali Investments, Diogo Verde, selecionador de fundos da DWM do Millennium bcp, Afonso Jesus, gestor de carteiras de rendimento fixo da BPI Gestão de Ativos, e Hugo Custódio, gestor de carteiras da GNB Gestão de Ativos, partilharam também as suas visões sobre o mercado de crédito e, em particular, sobre os segmentos investment grade e high yield.
Para Almudena Mendaza “o ambiente no mercado de crédito é positivo”, observando um momento para o crédito que considera “espetacular”, pelo que acredita que “talvez este não seja o momento de admitir mais risco”, uma vez que ninguém tem uma ideia muito clara sobre as ações depois do grande movimento nos EUA. Além disso, na sua opinião, com a dispersão em máximos e spreads em mínimos, o atual contexto é “a típica tempestade perfeita” para os gestores ativos e considera que os investidores têm que agir e não poderão manter a mesma alocação nos próximos meses com o pensamento de que “a resiliência do mercado – que é positiva – vai continuar para sempre”.
Na mesma linha, Hugo Custódio afirma que, neste momento, também estão positivos em crédito: “Os fundamentais são bons e, em comparação com os últimos 20 anos, o retorno total potencial do crédito é positivo. Já os spreads, neste momento, são muito baixos”. Em geral, considera que “os mercados de crédito são uma boa forma de compensar alguma volatilidade nas ações”. Segundo o gestor de carteiras, as condições de baixo crescimento e a inflação estão “mais ou menos controladas” e, para o profissional da GNB GA, estes fatores deverão ser suficientes para que o desempenho positivo se mantenha neste subsegmento do fixed income. “O crédito tem sido mais imune ao ruído de Trump e da guerra. Tem sido assim e penso que continuará a sê-lo este ano”, afirma.
Já Afonso Jesus apresenta uma perspetiva menos alinhada com Hugo Custódio, uma vez que, na sua opinião, os spreads atualmente “não estão tão caros como estavam há três meses, pelo menos na Europa”. Além disso, acrescenta o profissional da BPI GA, “as all in yields continuam a ser atrativas e nós gostamos de abordar os nossos investimentos em fixed income com base no carry”. Relativamente à dispersão do mercado que Almudena Mendaza havia já referido, afirma que esta “poderá vir a aumentar devido à volatilidade a que se tem assistido nos EUA”.
Também para Diogo Verde, o carry continua a ser a chave para navegar o mercado, considerando os três a cinco anos da curva como o segmento onde estão melhor posicionados. Por outro lado, devido à incerteza no mundo e a alguns riscos geopolíticos que ainda persistem, acredita ainda que “há alguma margem para a inclinação da curva” e, por isso, gostam, na DWM do Millennium bcp, “de estar posicionados também nessa parte”. Já olhando para o futuro, o selecionador de fundos de obrigações descreve o cenário potencialmente mais favorável para as obrigações, que passaria pela “persistência da tendência desinflacionista, surpresas positivas no crescimento, políticas acomodatícias dos bancos centrais e uma maior clareza quanto à sua trajetória”.
Investment grade e high yield
“Estamos muito positivos na Europa em termos de investment grade e high yield, em diferentes partes da curva”, conta Almudena Mendaza, acrescentando que tem observado a adoção por parte dos investidores, por exemplo, nas emissões soberanas, de uma “duração mais longa”. No entanto, levanta uma questão: será este o momento de aumentar mais a exposição ao crédito ou é suficiente? “Se olharmos para as carteiras”, explica, “a exposição ao investment grade e ao high yield em algumas partes da curva é atualmente bastante elevada na Europa”. Desta forma, acredita que o que os gestores estão neste momento a tentar identificar “é como mover o dinheiro do mercado monetário para o próximo nível de risco e retorno, uma vez que as taxas de incumprimento continuam baixas”.
No entanto, Diogo Verde revela que, apesar de observarem algumas oportunidades no mercado de high yield, e dos spreads terem aumentado um pouco, estão neutros neste segmento. “Temos alguma exposição ao high yield, principalmente na Europa, mas não esperamos aumentá-la a curto ou médio prazo”, afirma. Por outro lado, estão positivos no domínio do setor financeiro: “Acreditamos que há algumas oportunidades, apesar de o ano passado não ter sido tão positivo. Estamos mais positivos nestes segmentos do que nos segmentos mais tipicamente cíclicos”. O profissional da DWM do Millennium bcp conta ainda que estão também a aumentar a exposição a emissões de curto prazo. “Não estamos a utilizá-la para retirar dinheiro do cash, mas para não colocar dinheiro em cash”, explica.
Por sua vez, Afonso Jesus demonstra uma posição mais cautelosa, argumentando que é necessário subir em termos de qualidade em investment grade, uma vez que considera que não estão “a ser suficientemente remunerados para assumir uma qualidade inferior”. Hugo Custódio concorda: “não estamos a ser pagos para isso, mas queremos, ao mesmo tempo, carry, o que é difícil de conseguir”.
De igual modo, relativamente ao high yield, Afonso Jesus considera que devem ser mais seletivos: “Os incumprimentos são baixos e esperamos que assim continuem, mas é necessário sermos ainda mais seletivos”. Sobre o setor financeiro, o gestor concorda com a sua atratividade: “Tem sido atrativo no último ano ou dois e continuamos a acreditar que terá um bom desempenho”.
Já na GNB GA, Hugo Custódio conta que tentam estar defensivos em high yield, mas têm alguma dívida subordinada nos fundos. “Em high yield estamos subponderados, e temos principalmente algumas obrigações high yield de curto prazo”. No que diz respeito aos fundos que podem investir em dívida subordinada têm “investimos também em dívida subordinada nos fundos, mas de forma defensiva”, conta, sendo que o profissional específica que investem mais em obrigações AT1 e obrigações híbridas de principalmente de curto prazo. “Estamos perto da nossa exposição máxima em AT1, temos um fundo de dívida subordinada que pode ter, no máximo, 35% de AT1 e, neste momento, estamos perto desse valor”. No entanto, reforça, estão defensivos nas AT1 que escolhem: “Escolhemos AT1 de melhor qualidade, com high reset spreads e de baixa duração”.