O caso da GAM faz disparar as perguntas dos investidores sobre as estratégias de retorno absoluto

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vecdeal, Flickr, Creative Commons

O caso da GAM está a ter efeitos indiretos sobre a indústria de gestão de ativos no seu conjunto, especialmente sobre as gestoras com grandes volumes em fundos de retorno absoluto. A intraquilidade que se gerou entre a comunidade investidora num verão muito turbulento para a casa gestora e para a sua gama de fundos de retorno absoluto provocou um aumento significativo das perguntas dos selecionadores relativamente às gestoras que têm uma grande parte do seu negócio concentrado em estratégias de retorno absoluto. Esta é uma situação que está a acontecer na Europa.

“No mês de agosto recebemos mais perguntas de clientes sobre as estratégias de retorno absoluto do que em todo o ano de 2018”, reconhece Steve Kenny à Funds People, responsável de vendas europeu da Kames Capital. As principais incertezas que os investidores estão a fazer passar às gestoras fazem referência à capacidade do gestor do fundo em vender ativos, posicionar-se em liquidez e enfrentar reembolsos, caso seja necessário. Por agora, o investidor pergunta, mas não desconfia. Está tranquilo e não vende.

A resposta que as gestoras internacionais estão a dar aos seus clientes também é reconfortante, a qual está a ser praticamente monográfica: a gestão da liquidez é – tal como assinalam várias gestoras consultadas – algo que levam muito a sério nas estratégias de retorno absoluto. “Os investidores têm de ter a confiança suficiente de que podem investir e desinvestir nas estratégias diariamente. A chave está no facto de o fundo estar investido em ativos que se possam comprar e vender facilmente”, assegura Colin Finlayson, gestor do Kames Absolute Return Bond Fund, num vídeo publicado.

Finlayson também realça a importância de se ser consciente do tamanho que o fundo vai adquirindo, algo com que Ian Heslop concorda, gestor do Old Mutual Global Equity Absolute Return, quando assegura que, em estratégias de retorno absoluto, “é importante controlar de perto a capacidade de produto para garantir que na entidade possam continuar a fazer frente ao seu compromisso de dar liquidez”.

De momento, as gestoras internacionais que na Ibéria têm uma grande parte do seu património em fundos de retorno absoluto não viram reembolsos significativos, o que irá confirmar que o investidor está a exigir informação, mas não está a mover o seu dinheiro. De facto, os responsáveis das entidades que na na Península Ibérica têm grandes volumes neste tipo de produtos revelam que, por agora, o caso da GAM não está a ter nenhum efeito sobre os fluxos, nem positivo nem negativo. Pelo menos, por agora…

Agora, assim que a GAM reembolse o dinheiro aos seus clientes, o que já começou a fazer, ainda não se sabe que direção irão tomar os 300 milhões de euros, aproximadamente, que, segundos dados do barómetro da Funds People, estavam investidos em produtos de retorno absoluto da gestora, assim como o impacto que esta crise poderá ter sobre o património total que a gestora possui na Ibéria.