O crédito mal parado continua a aumentar apesar de...

Segundo dados do Banco de Portugal referentes a Outubro de 2013, o crédito mal parado ascendeu a 7,54% (4,04% nos particulares e 12,05% nas empresas). Em valor absoluto, o crédito mal parado era de 17,3 mil milhões de euros no final de Outubro de 2013, mais 10,2% que o valor um ano antes. Foi no segmento de empresas que o rácio piorou mais entre Outubro de 2012 e Outubro de 2013, tendo passado de 9,97% para 12,05%. No segmento de particulares, subiu no mesmo período de 3,73% para 4,04%.

O crédito mal parado continua a aumentar apesar de a economia ter dado alguns sinais de inversão. Esta situação é visível no número de famílias que deixam de poder assumir os seus compromissos financeiros e nas dificuldades das PME’s em se financiarem.

Contudo, nem tudo são más notícias. O volume de crédito cresceu em Outubro de 2013. O valor do novo crédito ascendeu a 5,4 mil milhões de euros (4,4 mil milhões de euros em Setembro), apesar de 3,1 mil milhões de euros terem sido concedidos a grandes empresas. O crédito a particulares aumentou em Outubro de 2013 cerca de 612 milhões de euros face ao mês anterior.

Nos depósitos angariados pelo sistema bancário, estes cresceram 0,54% entre Outubro de 2012 e Outubro de 2013 (cresceram nesse período 1,6% nos particulares e caíram 4,2% nas empresas).

A queda registada na taxa de juro média de remuneração dos depósitos entre Outubro de 2012 (2,7%) e Outubro de 2013 (1,96%), o relançamento dos certificados de aforro e o lançamento dos certificados do tesouro, foram os factores responsáveis para o fraco crescimento do valor dos depósitos de particulares durante o período.

Segundo várias casas financeiras nacionais e internacionais, é provável que o crédito mal parado continue a aumentar nos próximos meses, embora se espere que a taxa de crescimento seja menos expressiva que a registada nos últimos 2 anos.

De todas as formas, vários responsáveis nacionais já afirmaram que os bancos nacionais estão suficientemente capitalizados e que os testes de stress a realizar em 2014 pelo Banco Central Europeu (BCE), não vão trazer novidades negativas para o sector.

Já sabemos que o BCE vai ser mais exigente nos testes de stress que os realizados anteriormente pela EBA. Contudo, de acordo com a opinião geral dos analistas internacionais, não deverão haver muitas surpresas negativas, uma vez que os bancos europeus têm desalavancado activos e reforçado os capitais próprios nos últimos 2 anos.

De todas as formas, este é um dos temas que vai influenciar os mercados financeiros europeus nos primeiros meses de 2014.

Aproveito para desejar um Feliz Natal e um 2014 com saúde e sucesso à equipa da Funds People e a nós todos. 

(Autor da imagem:  StockMonkeys.com, Flickr, Creative Commons)