O desafio da indústria: os custos continuam a limitar a rentabilidade do investidor de retalho face ao institucional

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Créditos: DocuSign (Unsplash)

A Autoridade Europeia de Valores e Mercados publicou o seu terceiro relatório estatístico anual sobre o custo e a rentabilidade dos produtos de investimento retail da União Europeia. Entre as conclusões, a ESMA ressalta que os custos de investir em produtos financeiros continuam a ser altos e diminuem os resultados do investimento para os investidores finais. Concretamente, ressaltam a desigualdade que gera entre o retail e o institucional. Segundo os seus cálculos, os investidores particulares pagam em média mais 50% dos que os institucionais ao longo das principais classes de ativos.

É uma análise que o regulador europeu está a realizar já há vários anos. Assim, a rentabilidade bruta varia todos os anos, mas persistem duas conclusões no seu estudo. Uma é que os custos continuam a ser uma componente crítica ao avaliar os lucros finais de um investimento. A outra é que os investidores retail estão sujeitos a custos mais altos do que os institucionais.

Olhemos para os números para entender a realidade. Tomemos como exemplo um investimento de 10.000 euros numa carteira de fundos diversificada em ações (40%), obrigações e mistos (30% cada). A referência usada é o período de 2010 a 2019. Ao fim de 10 anos esses 10.000 euros ter-se-iam tornado em 21.000… até descontarmos as comissões. A rentabilidade líquida reduz-se então para 18.600 euros. Ou seja, o investidor particular teria pago 3.200 euros em comissões.

E o investidor institucional? Ao fim de 10 anos, o valor dos seus 10.000 euros, em bruto, seriam 22.744 euros. O valor líquido reduzir-se-ia para 20.743. Ou seja, um custo em comissões de 2.000 euros. Assim, para o mesmo período e o mesmo investimento inicial, um investidor retail pagou mais 1.000 euros em comissões do que o institucional.

E essa diferença de custos, ressaltam na ESMA, observa-se ao longo das diversas classes de ativos e horizontes de investimento. Calculam que em média os custos para o retail são 50% mais altos do que para o institucional. Se analisarmos por classes de ativos, a diferença em fundos de ações e obrigações ronda o dobro do gasto em comissões. Pelo contrário, nos mistos, os investidores de retalho pagam em média mais 30%.

Pode aceder ao relatório completo aqui.