Numa altura em que os dados macroeconómicos da Europa parecem indiciar um pico, saiba que implicações teve agosto nas escolhas dos investidores de ETF.
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Depois de lhe termos dado a conhecer os fundos mais subscritos e as estratégias mais resgatadas do mês de agosto, hoje é a vez de lhe mostrarmos que ETF estiveram em voga no Banco Best e Banco Carregosa no oitavo mês do ano.
Em termos de enquadramento macroeconómico do que foi mês, João Queiroz, head of online banking do Banco Carregosa, adianta que agosto foi positivo. No entanto, “os dados macroeconómicos da Europa pareciam indiciar um pico, sugerindo um abrandamento do crescimento nos meses seguintes”.
Adicionalmente, a reunião de Jackson Hole não poderia deixar de ser mencionada. Relativamente a esta questão, João Queiroz revela que implicações este acontecimento teve para os investidores. “Apesar de os comentários dos participantes na reunião de agosto do BCE terem sido mais para o abrandamento dos estímulos, o posicionamento dos investidores relativamente à reunião traduziu-se num resultado benigno para as ações e outros ativos de risco, mas existiu já algum desvio que conduziu a uma rotação de empresas de qualidade e crescimento para valor e cíclicas”, atesta.
As escolhas dos investidores
Por parte do Banco Best, Rui Castro Pacheco, diretor-adjunto da entidade, destaca que “enquanto no mês anterior tivemos um Top com 10 ETF que seguem índices de ações, este mês temos apenas sete”. Escolhas que não são de todo surpreendentes, uma vez que o S&P500 e NASQAD registaram diversos máximos históricos consecutivos. Como podemos ver pela tabela abaixo, esses são ETF que seguem, nomeadamente, algumas variantes sobre o índice global MSCI World.
Nesta entidade, também as escolhas por pequenas e médias empresas foram significativas, com o iShares MSCI World Small Cap UCITS ETF, o iShares Russell 2000 Growth ETF e o SPDR® MSCI USA Small Cap Value Weighted UCITS ETF entre os 10 mais escolhidos. Como podemos verificar, estas são “duas escolhas dentro dos índices americanos de pequenas e médias empresas, mas em linhas opostas”, sublinha Rui Castro Pacheco.
Mas apesar de a tendência dos investidores continuar a ser a aposta no mercado acionista, podemos ainda encontrar três ETF diferentes no Top 10 do Banco Best: um que segue um índice de obrigações “e dois que seguem o preço de duas commodities, uma ligada aos combustíveis e outra a um metal precioso”, revela o profissional.
No caso do ETF que segue um índice de obrigações, “o escolhido foi o Xtrackers II Eurozone Government Bond UCITS ETF, que procura ter a performance da dívida dos governos da Zona Euro”, afirma o profissional. Esta é, de facto, uma escolha curiosa, uma vez que os investidores de obrigações enfrentam um ambiente altamente incerto caracterizado por duas narrativas de mercado opostas.
Já no caso das commodities, “temos a procura por seguir os preços do gás natural, com o United States Natural Gas Fund, LP, e, por outro lado, a procura por beneficiar com os preços da prata, com o iShares Silver Trust”, indica.
Do lado do Banco Carregosa, há uma escolha relativamente peculiar a destacar: o MG Travel Tech continua, à semelhança do mês anterior, a figurar um lugar no Top 10. Efetivamente, “as carteiras dedicadas ao tema reabertura da economia tiveram melhor comportamento que as fique em casa pelos positivos resultados da vacinação a sugerirem menos hospitalizações e óbitos entre os inoculados”, comenta João Queiroz.
Os ETF que seguem o índice global MSCI World também estiveram em destaque nesta entidade, enquanto, a China, por outro lado, parece ser uma região ainda de fora das preferências dos investidores. Uma escolha que se deve ao facto de a região continuar “a ser fator de incerteza, mas afetando mais o sentimento relativamente aos ADR das suas tecnológicas que se viram pressionadas com a implementação de mais regras de regulação”, justifica o profissional do Banco Carregosa.
ETF mais subscritos de agosto de 2021
Banco Best | Banco Carregosa |
Xtrackers II Eurozone Government Bond UCITS ETF 1C EUR | Direxion Daily Technology Bull |
iShares Core MSCI World UCITS ETF USD (Acc) EUR | iShares MSCI World UCITS ETF |
SPDR® S&P Oil & Gas Exploration & Production ETF | iShares MSCI World EUR Hedged |
iShares Russell 2000 Growth ETF | iShares Core MSCI Emerging Markets ETF |
iShares MSCI World Small Cap UCITS ETF USD (Acc) EUR | iShares Core S&P 500 UCITS |
SPDR® MSCI USA Small Cap Value Weighted UCITS ETF USD Acc EUR | Lyxor S&P 500 VIX Futures Enhanced Roll UCITS ETF |
iShares Edge MSCI World Value Factor UCITS ETF USD (Acc) | Xtrackers MSCI World Swap UCIT |
iShares Core MSCI EM IMI UCITS ETF USD (Acc) EUR | CRUDP Crude Oil |
United States Natural Gas Fund, LP | MG Travel Tech |
iShares Silver Trust | Lyxor Nasdaq-100 UCITS ETF |
Posicionamento mais defensivo?
Tendo em conta as escolhas deste mês, e em jeito de apresentar as suas perspetivas para os próximos tempos, João Queiroz apresenta uma visão peculiar. “Alguns investidores já se posicionaram de forma mais conservadora, tornando as suas carteiras mais defensivas para um hipotético cenário de aumento de casos da pandemia com a entrada da campanha de inverno, apesar dos dados mais estáveis, selecionando por vezes os setores como mineiro e extrativo, cuidados de saúde, utilities e tecnologia, com reduções na exposição em banca, indústria, automóveis e energia (petrolíferas)”.
Por fim, são ainda apresentados pelo profissional alguns pontos que podem vir a ter uma influência na evolução dos índices acionistas e das mercadorias. Entre essas menções está a negativa sazonalidade (que setembro historicamente representa perdas para as ações); a possível redução de compras por parte da Fed; e a proximidade do limite de endividamento dos EUA.