O espetacular crescimento da negociação com opções nos EUA

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Créditos: Luca Micheli (Unsplash)

Uma das grandes temáticas que temos visto nos mercados nos últimos tempos tem sido a subida dos produtos insensíveis ao nível dos preços dos ativos. O exemplo mais óbvio são os fundos passivos. Mas também tem havido um grande crescimento nos produtos bancários estruturados, desde estratégias de investimento quântico (QIS) até notas promissórias resgatáveis, que são normalmente vendidas a investidores de retalho.

Um exemplo mais controverso da atividade de insensibilidade aos preços é a negociação de opções, na qual se tem observado um forte aumento nos últimos dois anos, sobretudo nos Estados Unidos. "Embora a negociação de opções não seja em si mesma insensível aos preços, gera um fluxo insensível quando os criadores de mercado cobrem as suas posições", assinalam David Elms e Natasha Sibley, da equipa de Alternativos diversificados da Janus Henderson.

O volume de negociação de opções de EUA tem aumentado em força

Fonte: Bloomberg. De 18 de março de 2017 a 17 de março de 2022. O gráfico mostra os volumes totais de opções de compra e venda de ações e índices negociados em todas as bolsas da Autoridade de Informação de Preços de Opções (OPRA) de EUA. Aqui mostram-se as médias mensais.

Tal como explicam, se ao auge das estratégias insensíveis ao preço se acrescentar a redução da quota de mercado dos gestores de ativos, chega-se a movimentos de preços que podem gerar maior agitação (informação que confunde ou desvia) e menos sinais. "Isto pode ser positivo para os investidores alternativos, já que aumenta o conjunto de oportunidades, embora possa representar uma volatilidade adicional", afirmam.

Não há uma única razão que explique o maior uso das opções nos Estados Unidos desde o estalar da pandemia. Mas, historicamente, a atratividade das opções tem estado relacionada com a existência de volatilidade. E volatilidade tem havido. E muita. Se esta for a causa, é mais do que provável que por estes dias os investidores estendam o seu uso novamente.

Distribuição diária dos preços do S&P 500 desde 1970

Fonte: Pictet Wealth Management - CIO Office. Bloomberg. Dados a 6 de maio de 2022.

"A subida de 3% vista no S&P 500 no dia 4 de maio e a queda de 3,6% do dia seguinte ocorrem muito raramente. A recuperação desse dia foi devido ao alívio depois do presidente da Fed, Jerome Powell, ter comentado que um aumento de taxas de 0,75% não era considerada de forma ativa. Mas no dia seguinte ressurgiram temores de que a instituição monetária teria dificuldades para lutar contra uma inflação persistentemente elevada e de que os EUA poderiam entrar em recessão", recorda César Pérez, diretor global de investimentos da Pictet Wealth Management.