O fim da crise europeia estará próximo?

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Olivander, Flickr, Creative Commons

Os últimos dados do Eurostat mostram que a economia europeia está a recuperar. Segundo o Gabinete de Estatísticas da União Europeia, a Zona Euro cresceu 0,3% no segundo trimestre de 2013, depois de cair consecutivamente desde meados de 2011. Portugal foi uma boa surpresa, com um crescimento do PIB de 1,1%, face ao primeiro trimestre, sendo o único país a crescer acima de 1%.Esta recuperação, levou a que o PIB melhora-se em relação ao ano anterior, estando com uma queda de 2%, face aos 4,1% no trimestre anterior.

No inquérito realizado na última revista Funds People, junto das entidades nacionais para identificar qual é a tendência de distribuição de ativos dos gestores de património, quando perguntado o “que fará com este tipo de fundos nos próximos três meses”, a resposta às “Ações Europa” foi de overweigth, em mais de dois terços dos casos (69,57%). Este possível aumento nas ações europeias poderá indicar que o fim da crise está próximo?

No próximo ano, o BCE aponta que a Zona Euro cresça 1%. Para Rui Broega, do Banco Big, este crescimento “deverá favorecer empresas que estejam mais expostas à ciclicidade da atividade. Num momento em que se assiste a uma retirada de fluxos de capital muito significativo do bloco emergente, acreditamos que este movimento do ponto de vista fundamental terá sido algo extremado no curto prazo, pelo que acreditamos no potencial de reversão da tendência, conferindo especial suporte a determinados títulos de perfil cíclico”, continuou o diretor da gestão de ativos da entidade.

Uma outra fonte do mercado explica que “o aumento da exposição a ações europeias reflecte acima de tudo a normalização do elevado prémio de risco que estava associado a um cenário de “breakup” da zona euro e que gradualmente foi sendo afastado. Este overweight reflecte o aumento da confiança na economia da zona euro e consequentemente o fim da crise europeia. No entanto o mercado desconta que o caminho até à normalização total das condições financeiras na Europa será longo e muito gradual, pelo que uma eventual melhoria mais rápida da economia europeia do que os analistas preveem levará a um ainda maior overweight tem ações europeias do que o registado atualmente”.

Saída das Obrigações Soberanas e da Dívida Emergente

No mesmo inquérito, a redução em Obrigações Soberanas e em Dívida Emergente, também parece ser um dado adquirido para os próximos meses. 60,87% dos entrevistados afirmam que irão fazer overweight nas Obrigações Soberanas. Já na Dívida Emergente, 47,83% dos entrevistados afirmam que vão diminuir a sua exposição.

Para Rui Broega, do Banco Big, “os mecanismos de politica monetária esgotam-se neste momento sendo que uma das suas principais consequências tem a pressão sobre as yields de curto prazo das principais economias desenvolvidas (Alemanha e EUA, principalmente), que negoceiam, neste momento, em mínimos históricos. A atractividade que o rendimento esperado destes activos é de facto nula tanto em métricas nominais como reais. Uma tendência que estimo manter-se para os próximos períodos ora porque do lado americano quer por via do Tapering como por necessidade de controlar eventuais pressões inflacionistas a ocorrer no próximo ano (verificando-se os indícios de sustentabilidade no crescimento da economia americana)”.

“Depois de praticamente uma década em que os mercados emergentes foram os “winners” cremos que esse período ficou definitivamente para trás. Os Mercados Emergentes estão a ser vítimas do seu próprio sucesso pois se por um lado beneficiaram de enorme fluxos financeiros de investimento, esses mesmos fluxos criaram forte pressão nos preços de todos os activos e nos factores de trabalho perdendo dessa forma competitividade e sofrendo pressões inflacionistas”, afirma uma fonte do mercado. “Acreditamos que os países desenvolvidos deverão ser fortes outperformers nos próximos tempos beneficiando quer das políticas super acomodatícias dos seus bancos centrais (ao invés dos Mercados Emergentes) quer das reformas que foram implementadas nos últimos tempos”, continua. 

Ações vs Dívida

“Olhando para performance do mercado Equity vs Divida, aqui também acreditamos que a tendência se inverteu definitivamente e os mercados equity (em particular os dos países desenvolvidos) deverão “outperformar” os mercados de dívida soberana pois todo o prémio pelo baixo risco que estava associado ao investimento em obrigações soberanas lentamente se tem vindo a dissipar com as melhorias das perspectivas macro e com a redução do risco associado à crise financeira”, conclui a fonte do mercado que preferiu o anonimato.