O grande segredo da BlackRock: como consegue ser a gestora mais valorizada pelos selecionadores?

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Horia Varlan, Flickr, Creative Commons

BlackRock é a gestora com a melhor imagem de marca na Europa, segundo o ranking que todos os anos a Fund Buyer Focus elabora. E é pelo terceiro ano consecutivo. Não há quem consiga derrubar a entidade do ponto mais alto do pódio. Qual é o segredo do seu sucesso? A chave é que o importante não é o produto, mas sim o serviço.

“Muitas conversas que temos com os nossos clientes não giram à volta do produto, mas sim sobre temas como as alterações que estão a acontecer no modelo de negócio ou as tendências que apreciamos a nível global. Compreender as necessidades e inquietudes dos nossos clientes permite-nos saber como os podemos ajudar e permite-lhes perceber de que forma podem beneficiar da nossa plataforma para prestar um melhor serviço aos seus clientes”, revela Aitor Jauregui, responsável dos negócios da gestora de Portugal, Espanha e Andorra.

A filosofia da BlackRock tem como fundamento ouvir o cliente e estar próximo dele para perceber as suas necessidades. “Talvez essas necessidades não se centrem num produto, mas sim em como gerir os riscos ou adaptar-se às mudanças tecnológicas”, assinala Jauregui. A tecnologia, por exemplo, está a ganhar uma especial importância na indústria de gestão de ativos. “Se existiram dois fatores disruptivos nos últimos dois anos, no sector, um foi a regulação e outro a tecnologia. Na indústria de gestão de ativos, onde a escala é importante, quem melhor abrace a tecnologia e a adapte com o objetivo de oferecer soluções aos seus clientes, será um dos vencedores. Para nós, foi algo crucial”, revela o responsável da BlackRock da Península Ibérica.

Falando de exemplos concretos, há alguns anos a entidade adquiriu o Future Advisor nos Estados Unidos, um robo-advisor cujo objetivo é ajudar os intermediários financeiros a utilizarem uma solução tecnológica que lhes permita oferecer um serviço ao seu cliente final em temas relacionados com consultoria, a visão do mercado ou a construção de carteiras modelo elaboradas pelo intermediário financeiro, suportando-se nos produtos da BlakcRock ou de outras gestoras de fundos. “A chave está no facto do robo-advisor ser muito flexível no momento de se adaptar às necessidades do cliente”, afirma Jauregui. A questão é que, na Europa, a empresa anunciou um investimento minoritário na Scalable Capital, outro robo-advisor que tem a mesma vocação.

Aladdin exemplifica outros dos segredos do sucesso da BlackRock muito ligados ao desenvolvimento tecnológico, um sistema utilizado atualmente por 200 instituições a nível global, sendo uma ferramenta que ajuda a vigiar os riscos e no reporting aos seus clientes. A Alladin faz parte do ADN da empresa desde o início. Nesta plataforma existem, de momento, 19 biliões de dólares em ativos sob gestão, dos quais seis são ativos geridos pela BlackRock e o resto de clientes e incluindo concorrentes que utilizam o sistema de gestão de riscos da gestora para medir o risco das suas carteiras globais e realizar testes de stresse. Entre outras coisas, o serviço da Enterprise Aladdin – nome com que denominam a ferramenta – ajuda o investidor institucional em questões relacionadas com o cumprimento normativo, performance attribution, gestão de riscos, teste de stress ou envio de ordens ao mercado.

“Ao ouvir o cliente e ir compreendendo as dificuldades com as quais se estavam a deparar devido às novas forças regulatórias, percebemos que devíamos desenvolver uma ferramenta diferente com a capacidade para servir a banca privada, àquilo a que hoje chamamos de Aladdin Risk For Wealth Management. Foi desenvolvida há dois anos com dois objetivos. Em primeiro lugar, para que as equipas de investimentos e de gestão de banca privada disponham das ferramentas necessárias para confirmar o comportamento das carteiras dos seus clientes e perceber se existem divergências em relação às carteiras modelo. E, em segundo lugar, para dar aos assessores uma ferramenta que lhes permita acrescentar valor e mudar a narrativa com o cliente, algo muito vinculado ao impacto que a MiFID II está a ter. Através da Aladdin Risk For Wealth Management, o banqueiro privado pode mostrar ao seu cliente como a sua carteira se comporta em diferentes cenários de mercado”, explica.

No meio do que é a Enterprise Aladdin (desenhada para o investidor institucional) e a Aladdin Risk For Wealth Management (orientada para os bancas privados) está a terceira derivada, a Aladdin Risk, que permite à equipa vigiar a gestão de riscos, o compliance e a performance attribution. Estas são as três ferramentas da BlackRock; "dependendo das capacidades e da escala do negócio de cada cliente, interessa-lhe mais uma do que outra. Esse é um dos motivos que os diferencia do ponto de vista tecnológico e da gestão de risco. São os serviços que colocamos à sua disposição e que estão a ser encarados de forma muito positiva por parte dos clientes", conclui.