O impacto da atividade de Trump no Twitter

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem a perfeita noção do efeito que a guerra comercial que mantém contra a China está a ter em Wall Street. “Se não fosse pela guerra comercial o Dow estaria a negociar 10.000 pontos acima”, afirmou perante os jornalistas à porta da Casa Branca. Não obstante, não se arrepende de ter iniciado esta batalha já que considera que “alguém tinha de o fazer”.

Apesar de se saber que a guerra comercial está por detrás das correções que se viram em Wall Street nos últimos meses e no resto dos mercados de ações, o que realmente está a negociar no mercado são os efeitos que esta guerra comercial pode ter numa economia cujo crescimento tem estado mais ligado às políticas monetárias (e no caso dos EUA, também fiscais) que se desenvolveu desde o rebentar da crise financeira de 2008, do que fatores puramente fundamentais. “As medidas dos bancos centrais parecem ter-se tornado na última linha de defesa para prolongar o ciclo e aliviar as tensões políticas. Não obstante, não há nenhuma certeza de que isto seja suficiente entre agora e 2020”, referia recentemente Igor de Maack, gestor de fundos na DNCA, gestora afiliada da Natixis IM.

E essas tensões políticas não fizeram outra coisa senão aumentar até ao ponto de que, segundo o Bank of America Merrill Lynch, o índice de incerteza política dos EUA, o US Economic Policy Uncertainity Indez, está a níveis máximos não vistos desde julho de 2016.

As redes sociais contribuíram para boa parte desse aumento da incerteza, mais concretamente o uso que Donald Trump faz delas, com o Twitter como grande protagonista. De facto, o banco americano estudou a correlação que a atividade de Trump no Twitter tem com as quedas no mercado de ações desde que foi eleito presidente em 2016 e concluiu que a maior atividade do presidente, maior a queda do S&P500. “Desde 2016, nos dias com mais de 35 tweets (percentil 90) do presidente Trump vimos retornos negativos (-9 pontos base), enquanto que nos dias com menos de cinco tweets (percentil 10) viram retornos positivos (cinco pontos base), o que é estatisticamente significativo”, afirma o banco.

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Assim, é preciso ter em conta que grande parte desses tweets estão relacionados precisamente com a guerra comercial que mantém com a China (ver gráfico) e é de esperar que essa atividade no Twitter se mantenha pelo menos enquanto não houver solução para o conflito que apesar de ter como protagonistas os EUA e a China, impacta a economia à escala global. De facto, na Schroders reduziram as suas previsões de crescimento mundial como consequência da recente escalada de tensão na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. “Agora esperamos um crescimento do PIB de 2,6% este ano e de 2,4% no seguinte (face aos 2,8% e aos 2,6% que prevíamos anteriormente). Se as previsões se cumprirem, o crescimento mundial em 2020 será semelhante ao de 2008, precisamente antes da recessão de 2009”, indica Keith Wade, economista chefe da gestora.