O interesse dos investidores por fundos mistos e pelos produtos de distribuição de rendimentos dispara, mas...

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Tim-Bustin, Flickr, Creative Commons

No final de junho, na Europa existiam 32.000 fundos à disposição do investidor. O Luxemburgo continua a dominar o mercado europeu por número de produtos domiciliados, com quase 30% do total (9.000 fundos), seguido de França (4.700). São dados da Lipper Thomson Reuters, que mostram que, apesar da indústria europeia de fundos ter registado entradas líquidas de 67.000 milhões de euros no segundo trimestre do ano, os promotores parecem estar numa fase de consolidação no que diz respeito à oferta de produto. Tanto assim é que entre março e junho, 688 veículos desapareceram do mercado (359 foram liquidados, 329 fundidos), enquanto se criaram 459 novos fundos. Portanto a oferta líquida de produto reduziu-se em 229 fundos durante o segundo trimestre do ano.

Isto mostra uma clara continuidade na tendência de concentração da oferta, já que durante os últimos cinco anos todos os trimestres o número de produtos à disposição do investidor europeu têm-se vindo a reduzir (ver gráfico 1). “Dá ideia que as gestoras de fundos estão em modo ‘stand by’ na Europa. Uma razão que explicará esta situação podem ser as ainda excecionalmente elevadas entradas líquidas registadas pela indústria no segundo trimestre do ano. Um volume maior de ativos sob gestão conduz a maiores receitas e, em consequência, a uma maior pressão em termos de rentabilidade. Neste sentido, temos visto como as entidades têm ampliado ativamente as suas gamas de produtos, com o objetivo de que a sua oferta de produtos beneficie das economias de escala, o que poderá ter aliviado a pressão sobre os lucros”, explica Detlef Glow, diretor de análise da Lipper para EMEA.

Glow sublinha o facto da indústria não ter começado a lançar de forma massiva novos produtos no mercado para beneficiar do interesse que existe atualmente por fundos mistos ou por produtos de distribuição de rendimentos, tal como se tinha visto no passado. Os dados corroboram esta afirmação. Apesar dos elevados fluxos que se dirigem a produtos multi-ativos durante a primeira metade de 2015, esta categoria assistiu, durante este período, a uma liquidação de 57 fundos mistos, 20 dos quais estavam domiciliados no Luxemburgo, onze em França e cinco na Alemanha. Dos 57 fundos mistos liquidados, 17 correspondiam à categoria de flexíveis globais. Se se tiver como referência o número de produtos mistos que se fundiram durante o primeiro semestre do ano, a soma é ainda maior, ao alcançar 89 produtos, dos quais 25 estavam domiciliados no Luxemburgo, 14 em França e 10 na Suécia. Significa isto que existe ausência de inovação? Segundo Glow, não.

“Não assistimos a falta de inovação na indústria de fundos europeia e continuamos à espera que, num futuro próximo, se comece a produzir um crescimento no número de novos fundos à disposição do investidor”, assinala. No entanto o especialista reconhece que isso dependerá das condições gerais do mercado. “O padrão de crescimento da indústria depende, em grande medida, das condições do mercado e da confiança dos investidores”, assegura. “A indústria europeia ainda tem margem para continuar a crescer, já que o volume de ativos que reúne ainda está longe da média dos EUA. Visto que ainda há espaço ao nível das fusões e aquisições entre entidades, a racionalização das gamas e as resultantes fusões e encerramentos  de fundos serão a tónica na futura consolidação do sector. Esta é a forma mais simples de aumentar potencialmente os lucros depois da compra de uma empresa”, afirma.